A greve geral de três dias decretada pela Frente Social na Guiné-Bissau está a afetar mais o setor da Saúde do que a da Educação, disse hoje à Lusa o presidente do sindicato dos professores.
De acordo com Alfredo Biaguê, vários professores ligados ao Sindeprof (Sindicato Democrático dos Professores) não aderiram à greve "por medo de represálias" do Governo.
"Nas outras greves decretadas, os nossos associados foram cortados no salário, por isso muitos estão com medo dessa medida", observou o dirigente.
O Sindeprof e a Frenaprof (Frente Nacional dos Professores e Educadores) são os sindicatos de docentes filiados na Frente Social, em representação do setor da Educação enquanto o Sinetsa (Sindicato Nacional dos Enfermeiros, Técnicos de Saúde e Afins) e a Sinquasa (Sindicato de Quadros da Saúde) representam o setor da Saúde.
A Lusa constatou, em Bissau, que praticamente todas as escolas públicas se encontram em funcionamento hoje, uma situação confirmada pelo presidente do Sindeprof.
Alfredo Biaguê observou que "alguns professores aderiram à greve", mas admitiu que "muitos estão a dar aulas".
"É o medo que está a funcionar", declarou Biaguê.
A paralisação laboral é mais notória no setor da Saúde, nomeadamente no Simão Mendes, principal hospital da Guiné-Bissau, onde os técnicos prestam apenas os serviços mínimos.
No caderno reivindicativo da Frente Social constam, entre outros pontos, o pagamento de dez meses de salário em atraso aos professores e técnicos de saúde, a efetivação de novos quadros contratados pelo Governo para os dois setores, a adoção de um novo currículo escolar, bem como a melhoria de condições laborais.
Alfredo Biaguê notou que além destes pontos, o setor da Educação reivindica a reposição de subsídio aprovado pelo parlamento, mas eliminado pelo Governo, referente à carga horária dos professores.
O sindicalista afirmou que o Governo decidiu "de forma unilateral" substituir a carga horária por "subsídio de giz".
"Uma coisa não tem nada a ver com outra", sublinhou Alfredo Biaguê.
Conosaba/Lusa
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