Fonte: Djedje Ambrozio
domingo, 11 de maio de 2025
PAICV vai finalmente a eleições a 25 de Maio
Militantes do PAICV. Praia, 15 de Abril de 2021. AFP - SEYLLOU
Após disputas na justiça, o PAICV vai a votos no dia 25 de Maio e o congresso do principal partido da oposição cabo-verdiano deve realizar-se nos dias 27, 28 e 29 de Junho.
O próximo presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, principal partido da oposição) será escolhido a 25 de maio, em eleições directas. Nessas eleições, o partido vai também definir os 318 delegados ao congresso.
"Temos as eleições para o presidente do partido para 25 de maio. Se houver necessidade de uma segunda volta, teremos a 01 de junho", anunciou Rui Semedo, actual presidente do partido, após uma reunião do Conselho Nacional.
Já o congresso vai realizar-se no dias 27, 28 e 29 de junho.
Os candidatos a esta eleição são Francisco Carvalho, a par de Nuías Silva, presidente da Câmara de São Filipe, Francisco Pereira, deputado pelo círculo da Europa, e Jorge Spencer Lima, empresário e presidente da Câmara de Turismo de Cabo Verde.
A marcação destas novas datas surge depois de o Tribunal Constitucional ter suspendido o ato eleitoral inicialmente previsto para 30 de março, na sequência de uma impugnação interna.
Rui Semedo afirmou que a decisão da nova data foi tomada num ambiente de "cordialidade, abertura e frontalidade", salientando que o partido está "em condições de organizar com sucesso o próximo pleito eleitoral".
Por :RFI
Leão XIV na primeira alocução de domingo: "Guerra nunca mais!"
O Papa Leão XIV na varanda central da basílica de São Pedro para a primeira bênção de domingo depois da sua eleição,
Vaticano – O Papa Leão XIV interpelou os líderes mundiais a colocarem um ponto final na guerra. Na sua primeira alocução de domingo na praça de São Pedro, no Vaticano, Leão XIV lembrou os conflitos da Ucrânia e da Faixa de Gaza, lançando um veemente apelo à paz.
Era uma intervenção aguardada com expectativa. As alocuções do Papa ao domingo são tradicionalmente o momento escolhido para uma mensagem sobre a atualidade internacional e Leão XIV não desiludiu. Três dias depois da sua eleição, o Papa americano pediu o fim da guerra.
Depois de celebrar a missa de domingo, quis nas suas próprias palavras, dirigir-se aos grandes do mundo, agitando com o espectro de uma Terceira Guerra Mundial.
Face ao cenário dramático actual de uma Terceira Guerra mundial por fases, e como afirmou várias vezes o Papa Francisco, dirijo-me aos grandes deste mundo, repetindo um apelo sempre atual: nunca mais à guerra!"
Um grito de apelo saído da varanda da Basílica de São Pedro e escutado por dezenas de milhares de pessoas reunidas na principal praça do Vaticano.
O Sumo Pontífice lembrou primeiro a Ucrânia, dizendo "levar no coração a dor do bem-amado povo ucraniano" e pedindo uma paz "autêntica, justa e durável".
Seguiu-se a faixa de Gaza, com Leão XIV a apelar ao fim imediato das hostilidades entre Israel e o Hamas, e a desejar que a ajuda humanitária chegue à esgotada população civil e que todos os reféns sejam libertados.
Uma religiosa presente entre milhares de fiéis na praça de São Pedro, declarou à Agência France Press que ao ouvir estas palavras não tem dúvidas tratar-se da continuidade do Papa Francisco.
Ao longo de 12 anos de pontificado, Francisco dirigiu múltiplos embora infrutíferos apelos de paz sobre os conflitos da Ucrânia e no Médio Oriente.
Vacina contra febre amarela: PM AFIRMA QUE O GOVERNO ESTÁ COMPROMETIDO COM A SAÚDE E O BEM-ESTAR DA POPULAÇÃO
O primeiro-ministro do governo de iniciativa presidencial, Rui Duarte Barros, afirmou esta sexta-feira, 09 de maio de 2025, que o executivo que lidera está comprometido com a saúde e o bem-estar da população guineense.
Presidindo a cerimônia oficial de lançamento de campanha de contra a febre-amarela, o primeiro-ministro Rui Duarte de Barros frisou que:
“A campanha de vacinação preventiva contra a febre-amarela que hoje se inicia representa não apenas um esforço do governo, mas também a demonstração clara do compromisso para a saúde pública de cada cidadão, criança, mulher e homem da Guiné-Bissau”, reforçou Rui Duarte Barros no lançamento da campanha contra a febre-amarela para todas as pessoas dos 09 meses aos 60 anos de idade.
A campanha de vacinação foi financiada pela Unicef, Gavi, Organização Mundial de Saúde e Banco Mundial e as autoridades preveem vacinar mais de duas mil pessoas, incluindo as crianças que serão submetidas à vacinação preventiva em todo o território nacional.
No seu discurso, o chefe do executivo lembrou que a febre-amarela é uma doença grave transmitida por picada de mosquitos que pode ceifar vidas humanas.
Rui Duarte de Barros assegurou que o governo vai garantir a toda a população o acesso gratuito e seguro à vacina contra a febre-amarela no país.
“A presente campanha não é apenas uma ação de saúde, mas um ato de justiça social, garantindo que todos tenham o direito à proteção contra a doença”, indicou, para de seguida pedir o engajamento de todos para que a campanha seja um sucesso, atingindo todas as regiões, bairros e todas as tabancas.
Por sua vez, o ministro da Saúde pública, Pedro Tipote, enfatizou que a campanha nacional de prevenção contra a febre-amarela “é antes de mais uma afirmação de esperança e um testemunho de afirmação coletiva, assim como uma resposta silenciosa e firme aos perigos que ameaçam a população guineense, mesmo quando parecem distantes ou invisíveis”.
O governante alertou que vacinar-se pode parecer um gesto pequeno, mas “na verdade é um ato de grandeza”.
“Proteger a saúde é garantir que cada criança possa crescer com segurança, cada mãe possa cuidar-se sem medo e que cada trabalhador possa sonhar com o amanhã”, disse.
Embora tenha reconhecido que há alguns anos atrás não se registaram surtos confirmados de febre-amarela no país, o titular da pasta do Ministério da Saúde Pública alertou que a ausência de surtos não significa ausência de riscos e que a saúde pública não deve agir apenas diante de emergências, mas deve antecipá-las.
Presente no ato, o representante da UNICEF, Inoussa Kaboré, lembrou que a febre-amarela é uma doença altamente mortal, causada por um vírus transmitido por uma picada de mosquito que se tenha contaminado ao pousar numa pequena poça de água estagnada.
Inoussa Kaboré apontou a vacina e a prevenção como fatores fundamentais e a melhor forma de se prevenir do fenómeno, bem como evitar as picadas de mosquitos, uma vez que não existe um tratamento específico para a febre-amarela.
Segundo Inousa Kaboré, a vacinação é um meio muito eficaz comprovado para a prevenção e que a vacinação contra a febre-amarela protege para toda a vida.
Por: Carolina Djeme
conosaba - odemocratagb.
Entrega de medalhas : COMANDANTE DA MISSÃO MILITAR DA CEDEAO ENALTECE A PARTICIPAÇÃO DAS TROPAS NAS OPERAÇÕES DE APOIO À PAZ
O Comandante da Missão Militar de Apoio à Estabilização da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental na Guiné-Bissau (ESSMGB), Brigadeiro-General Edward Odinya Ojabo, afirmou que a cerimónia de entrega de medalhas é uma tradição militar destinada a reconhecer a participação das tropas em operações ou missões de apoio à paz na Guiné-Bissau, destacando em particular, a colaboração e a partilha atempada de informações das forças de segurança guineenses.
A missão militar da CEDEAO realizou, na quinta-feira, 8 de maio de 2025, uma cerimónia conjunta de entrega de medalhas para condecorar os contingentes ganês, nigeriano e senegalês, bem como os oficiais de estado-maior ao serviço da missão. A cerimónia decorreu nas instalações da Base Aérea e contou com a presença da representante da Comissão da CEDEAO no país, representantes do governo, chefias militares, corpos diplomáticos e o coordenador residente da ONU.
A cerimónia incluiu um desfile para assinalar o evento no Campo de Contingência Nigeriano, cujo objetivo foi reconhecer as contribuições e sacrifícios dos soldados da paz da ESSMGB na promoção da paz e estabilidade do povo da Guiné-Bissau.
O Comandante da Força da ESSMGB, Brigadeiro-General Edward Odinya Ojabo, declarou no seu discurso que a cerimónia de entrega de medalhas é uma tradição militar com o propósito de reconhecer a participação das tropas em operações de apoio à paz.
Na ocasião, exortou os contingentes a continuarem o bom trabalho e felicitou-os pelo sacrifício, abnegação, dedicação e lealdade à Missão de Apoio à Estabilização, ao Governo e ao povo da Guiné-Bissau.
Para a representante residente do presidente da Comissão da CEDEAO, Ngozi Ukaeje, a missão militar da CEDEAO continuará a colaborar com as forças de defesa e segurança nacional, bem como com outros parceiros, na manutenção da paz no país.
A diplomata reiterou que esta colaboração é necessária no contexto da atual situação política e de segurança, bem como da necessidade de uma paz sustentável rumo às próximas eleições presidenciais e legislativas na Guiné-Bissau.
“Felicito todos os oficiais e soldados que servem na missão pela sua disciplina e profissionalismo”, afirmou, para de seguida destacar que as tropas merecem a prestigiada medalha da Operação de Paz da CEDEAO.
Por: Assana Sambú
conosaba - odemocratagb.
«NOTA DE CONDOLÊNCIAS» Foi com imensa tristeza e profunda consternação que a Federação de Futebol da Guiné-Bissau recebeu repentina e dramática notícia, na manhã deste Domingo,11 de Maio, da morte sùbita do ex Secretário- Geral da FFGB, Beto Algovas.
Federação de Futebol da Guiné-Bissau
Para a FFGB, é mais uma morte irreparável de um dirigente de futebol.
O malogrado desempenhou altas funções em diferentes clubes nacionais e FFGB.
Neste momento de dor e de angústia, a FFGB apresenta as as suas mais sentidas condolências a família enlutada, em nome do presidente "Caito Teixeira" e de todos os desportistas guineenses, endereça as suas sentidas condolências a família enlutada do malogrado Beto Algovas.
sábado, 10 de maio de 2025
Pavlidis impede a festa do Sporting frente ao Benfica e título adiado
Avançado grego decisivo no empate (1-1) das águias na receção aos leões, em jogo da 33.ª jornada.
Naquele que foi encarado como o maior jogo do século 21 em Portugal, Benfica e Sporting não foram, este sábado, além de um empate a um golo no Estádio da Luz. Com este resultado, o título nacional fica adiado para a 34.ª jornada da I Liga, que terá lugar no próximo fim de semana.
Os leões estiveram muito perto de celebraram o bicampeonato no reduto do eterno rival. Trincão (4') deu o mote para encomendar as faixas de campeão, mas Akturkoglu, após grande jogada individual de Pavlidis, impediu (ou adiou) a festa da turma verde e branca, que entrou na Luz com dois resultados a favor: a vitória e o empate.
Por seu lado, o Benfica precisava de vencer por dois golos de diferença, mas tal não aconteceu e fica 'nas mãos' do Vitória SC, que vai a Alvalade na última jornada do campeonato. As águias deslocam-se ao reduto do Sp. Braga e a vitória poderá não ser suficiente. Recorde-se que em caso de igualdade pontual, o Sporting fica com vantagem no confronto direto.
Filme do jogo
Antes da partida, nota para a enorme emoção dos adeptos do Benfica, que tentavam empurrar a sua equipa para a vitória.
Trincão silenciou a Luz
Depois do apito inicial de João Pinheiro, os leões mantiveram-se calmos e fiéis ao plano de jogo. Aos 4', Pedro Gonçalves lançou Gyokeres no corredor esquerdo. Sob o olhar atento de António Silva, o avançado sueco conduziu a bola até ao momento em que decidiu libertar o esférico para a entrada da área, encontrando Trincão, que disparou de primeira junto ao poste direito da baliza defendida por Trubin.
Lance duvidoso entre Otamendi e Pedro Gonçalves
O golo madrugador obrigou os encarnados a reagirem. Aos 5', Di María ameaçou um golaço de fora da área, mas o remate saiu ao lado, para alívio de Rui Silva. Em desvantagem no marcador, as águias iam revelando algum nervosismo e o capitão Otamendi ficou condicionado, após ter sido admoestado com o cartão amarelo em cima do quarto de hora. Pouco depois, aos 17', o defesa-central argentino arriscou muito na abordagem a um lance com Pedro Gonçalves dentro da área, mas o árbitro mandou seguir o jogo.
Aos 19', foi a vez do capitão do Sporting, Morten Hjulmand, ver o amarelo por tardar a reposição da bola.
Aos 27', Pavlidis isolou Akturkoglu nas costas da defesa leonina, mas o extremo turco não teve arte para superar o guarda-redes. Na jogada seguinte, Kokcu tirou um cruzamento largo para o segundo poste, com Di Maria a atirar por cima! Apesar do maior ascendente encarnado, os visitantes apresentaram-se sempre serenos, de olho no contragolpe. Aos 34', Geny Catamo subiu no ataque e não hesitou colocar Trubin em sentido.
O coletivo benfiquista respondeu através de cruzamentos, mas os defesas-centrais da turma verde e branca estiveram imperiais, contando com a ajuda do médio-defensivo Morten Hjulmand para afastar o perigo contrário.
Di María ficou no banco de suplentes
No regresso dos balneários, Bruno Lage surpreendeu com a entrada de Andreas Schjelderup para o lugar de Di María. Com a urgência de procurar o resultado, os locais entraram enérgicos, mas eram os escassos de real perigo, exemplarmente resolvidos pelos leões.
Pavlidis 'resgatou' águias para o jogo
Sem nada o fazer prever, o Benfica chegou ao empate. Aos 63', Pavlidis passou por três adversários dentro da área e serviu para o encosto de Akturkoglu, que lançou a festa nas bancadas do Estádio da Luz. O golo fez com que os técnicos mexessem nas peças do xadrez. Aos 71', Belotti juntou-se a Pavlidis no ataque encarnado, ao passo que Pedro Gonçalves cedeu o lugar ao jovem leão Geovany Quenda.
A substituição nos anfitriões teve logo impacto. Aos 76', Belotti ganhou na velocidade a Gonçalo Inácio e deixou a bola para o coração da área, com Pavlids a disparar ao poste. Enorme oportunidade desperdiçada pelo avançado grego.
Na reta final do encontro, as intenções eram claras. Sporting tentou aguentar o resultado, enquanto o Benfica revelou precipitação na procura da vitória. As ocasiões de golo não apareceram e o empate persistiu. O técnico Rui Borges saiu satisfeito com o resultado, enquanto Bruno Lage poderá ter dito adeus ao título nacional e quem sabe algo mais...
O Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, chegou a Osaka, no Japão, para representar a Guiné-Bissau nas celebrações do seu Dia Nacional na Expo 2025.
Presidência da República da Guiné-Bissau
Num evento marcado pela diversidade cultural e pelo compromisso global com o futuro, o Chefe de Estado dirigiu calorosas saudações ao povo japonês e a todas as nações presentes, reafirmando o papel activo da Guiné-Bissau na construção de um mundo mais sustentável, inclusivo e pacífico.
DIPLOMATAS: OS ROSTOS “AMARGOS” DO NOSSO ESTADO
A literatura científica no domínio das Relações Internacionais está repleta de exemplos em como a diplomacia é usada em tempos de guerra, em conflitos de vária ordem e em períodos de paz.
Entre vários casos elucidativos, não posso deixar de mencionar a difícil ligação que Portugal (como Estado) teve com várias representações da UNITA durante a guerra angolana, particularmente na sua primeira fase (1976-1988). Os angolanos do MPLA (i.e., o Estado em vigor) olhavam com extrema repulsão a “idoneidade” portuguesa em permitir o desenvolvimento da acção político-diplomática por parte da UNITA, tanto em Portugal, como no resto da Europa.
Até hoje, Portugal, pela sua dimensão geoestratégica e/ou presença de uma significativa população diaspórica (de angolanos, guineenses, cabo-verdianos, são-tomenses e moçambicanos) continua a ser um espaço estratégico importante nas lutas políticas internas entre vários actores nas suas antigas colónias, particularmente no continente africano.
Tentar influenciar o “pensamento” de Lisboa (por extensão, o da Europa) é o que tem justificado as frequentes acções de protestos contra figuras políticas, governamentais e diplomáticas africanas nas suas passagens ou estadas pela capital portuguesa. O que aconteceu ontem no aeroporto de Lisboa com o Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário junto do Reino da Bélgica, Dr. Hélder Lopes Vaz, é um exemplo da continuação dessa guerra de repulsão e/ou legitimação política.
Num contexto mais generalizado, apesar do ambiente de polarização política e social, em parte, fruto de retrocessos democráticos que se têm registado em vários países, raramente diplomatas são vítimas da violência política. Isto porque muitos cidadãos do mundo estão minimamente cientes sobre os compromissos assumidos no quadro da Convenção de Viena (1961) e da imunidade diplomática e doutras protecções especiais que ela confere às personalidades que exercem funções diplomáticas, independentemente das diferenças constitucionais que possam existir entre os respectivos países. Aliás, no seu Artigo 26, o tratado acima citado garante que “o Estado receptor assegurará a todos os membros [diplomatas de um outro Estado] a necessária liberdade de circulação e de deslocação no seu território”.
Daí que o caso de Dr. Hélder Vaz mereça uma análise mais ponderada e fria, mesmo que discordemos com o nível do tratamento que os guineenses sofrem das mãos do regime em vigor na Guiné-Bissau. Em consequência disso, aos meus conterrâneos guineenses, convido à uma reflexão mais alargada sobre o importante papel que o corpo diplomático do nosso país desempenha por este mundo e, nalguns casos, em situações de muita vulnerabilidade financeira, social e humana.
Pessoalmente, num passado recente, conheci situações onde os nossos diplomatas eram obrigados a pedirem auxílios doutros países congéneres e demais organizações para a manutenção das suas missões, assim como satisfazer outras responsabilidades e imposições contratuais e salariais nos seus respectivos países de acreditação. Uma vez, um diplomata confidenciou-me: “parecendo incrédulo, por vezes, pedimos esmolas aos amigos para conseguirmos pagar as despesas da nossa missão”.
Mesmo assim, muitas dessas pessoas de elevado grau de patriotismo continuaram a assumir um compromisso difícil com o nosso país, apesar das suas sujeições ao esquecimento nos confins dos corredores diplomáticos, num país alheio, longe de Bissau.
Se analisarmos os vínculos técnicos e profissionais desses indivíduos no quadro da definição de carreira diplomática, chegaremos à conclusão que as nossas missões diplomáticas (Embaixadas, Consulados, outras organizações regionais e internacionais) não são necessariamente os “rostos de regime” em exercício. Antes pelo contrário, são os amargos rostos do nosso Estado Soberano e Independente, a República da Guiné-Bissau – com todos os privilégios, defeitos e dificuldades.
Mesmo transparecendo serem os “rostos de regime,” muitos guineenses não compreendem o facto de muitos diplomatas jogarem, com extrema discrição, um papel fundamental na consciencialização e sensibilização de pessoas e instituições estrangeiras sobre as formas de lidar gradualmente com determinadas situações na Guiné-Bissau. Muitas vezes, as tais discrições acabam, na calada da noite, por proporcionar mudanças (políticas, económicas ou sociais) mais favoráveis, apesar de condicionalismos iniciais – graças ao chamado “soft power” que muitos diplomatas exercem em maior segredo possível.
Assim, independentemente da posição política de cada um de nós face à situação actual na Guiné-Bissau, não podemos assumir que o inteiro corpo diplomático guineense está completamente silencioso e imune ao eventual sofrimento do seu povo. A minha pouca experiência político-diplomática e a minha convivência social levam-me a acreditar que essa classe em questão merece também o nosso benefício de dúvidas, mesmo que limiarmente nos pareça que nenhuma palha esteja a mover à nossa volta – interna e externamente.
Na abertura deste texto, citei o caso da Angola e as divergências que existiram entre o MPLA e o Estado Português sobre a permissão conferida à UNITA no auge da guerra civil angolana. Todavia, são poucos os países que contribuíram para o fim da guerra civil em Angola como o próprio Portugal, apesar de todas as desconfianças históricas.
A própria Guiné-Bissau está coroada de exemplos que ilustram o papel histórico da diplomacia interna e externa num contexto difícil da nossa luta para a independência nacional. Aqui lembro-vos a importância da Conferência de Roma (1970) nos tempos do Papa Paul VI, a 27ª Assembleia Geral da ONU e o próprio acto do reconhecimento de jure da República da Guiné-Bissau em Argélia, como Estado Soberano, pelo Estado Português (1974). Tudo isso contra a vontade do Ocidente e da NATO. O último acontecimento fora testemunhado, entre outros, por Luís Oliveira Sanca, na sua qualidade do Embaixador, aliás, um dos seus co-signatários.
Tal como ontem, os nossos diplomatas estão sempre na linha de frente, na procura de uma maior legitimidade para o Estado da Guiné-Bissau, em termos das relações internacionais, da política externa, da manutenção de linhas de comunicação em prol de interesses nacionais (económicos, segurança, circulação de pessoas e de bens) e até na facilitação de provas documentais para os emigrantes. Tudo isto, independentemente das características do regime em vigor no país ou da figura periódica no leme do poder político.
Assim, gostaria de terminar com um apelo aos guineenses para terem uma avaliação mais ampla, global, serena e menos emocional quanto ao papel da nossa diplomacia e dos nossos diplomatas. Permitamos a continuação de livre desenvolvimento de actividades político-diplomáticas e assim como o permanente estabelecimento de contactos entre estados. Até porque o poder político muda, mas o conhecimento e a experiência institucional ficam.
Permitamos também o livre exercício da expressão e vontade de cada um, dentro de limites que várias leis nos conferem, salvaguardando sempre a dignidade, a integridade física e a vida humana.
P.S.: Hoje também é o meu aniversário. Aceito comentários e prendas.
Com amizade e estima.
--Umaro Djau
Deputado da Nação
10 de Maio de 2025
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