quarta-feira, 20 de março de 2024

Sob auspícios do PAIGC: MULHERES CLAMAM PELO RECONHECIMENTO DE SEU MÉRITO PARA INCENTIVAR AS SUAS INTEGRAÇÕES NA TOMADA DE DECISÕES

Centenas de mulheres provenientes das diferentes estruturas do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) que participaram na conferência nacional, exortaram à direção do partido, na resolução final produzida após a conferência, a implementação de uma política de reconhecimento de mérito, como forma de incentivar a “integração equitativa” das mulheres nas esferas de tomada de decisões, tanto a nível interno como externo, bem como pediram a concessão de mais espaços e oportunidades para as mulheres, como forma de poderem alcançar o seu empoderamento.

A exortação feita pelas mulheres do partido libertador consta da resolução final produzida no encerramento da conferência nacional de mulheres realizada no âmbito da comemoração do Centenário do fundador da nacionalidade guineense, Amílcar Cabral.

A conferência realizada no dia 08 de março, no anfiteatro da pesca industrial da cidade de Cacheu, região com o mesmo nome, no norte da Guiné-Bissau, sob o lema “Nô Kontinua Luta – Vamos continuar a luta”, reuniu centenas de mulheres das diferentes estruturas da maior formação política do país, como também contou com as estruturas das mulheres de outras formações políticas.

EXPECTATIVAS DAS MULHERES EM RELAÇÃO AO EMPODERAMENTO FORAM DEFRAUDADAS – CONFERENCISTAS

A abertura da conferência foi presidida pela vice-presidente do PAIGC, Aba Sera, na presença do secretário nacional do partido, António Patrocínio e de outras individualidades.

Em representação de Domingos Simões Pereira, presidente do partido, Aba Sera, pediu às conferencistas, na sua intervenção, que observassem um minuto de silêncio em homenagem aos dirigentes do PAIGC falecidos recentemente, nomeadamente: Francisca Lucas Pereira, Buine Nafentche, José Djó (Bifa) e Fernando Borja Araújo Monteiro (Fando).

De acordo com a resolução final consultada pela redação do Jornal O Democrata, as conferencistas abordaram três temas apresentados nas vozes das mulheres quadro do partido que se destacaram nas suas áreas de formação e na governação do país.

“De Amílcar Cabral aos nossos dias, qual é o papel do PAIGC na dinâmica política interna do Partido e naGovernação do País”, é o primeiro tema apresentado às conferencistas pela deputada Cadi Seide, médica e ex-governante. A oração do tema foi moderada pela jurista Maimuna Sila.

A oradora, na sua comunicação, destacou algumas tarefas das mulheres durante a luta de libertação: trabalho doméstico, mensageiras, radistas e instrutoras, educadoras e professoras, diplomatas, soldados e intérpretes. Acrescentou, citando o líder da guerra, Amílcar Cabral, que a “luta ou revolução guineense só é coroada de êxitos com a participação da mulher nas esferas de decisões”.
Seide apresentou como pontos fortes da mulher guineense, a coragem, a determinação, a fidelidade, é incorruptível e mais participativa, tendo recomendado a necessidade urgente de o PAIGC cumprir a quota global de 36 porcento de participação feminina nos lugares de liderança, bem como os 40 por cento na lei quadro dos partidos políticos, além de contribuir para o empoderamento, mais oportunidades e solidariedade, bem como o reconhecimento de mérito.

O segundo tema que trata da “Política de Saúde da Mulher”, orada na voz de Valentina Mendes, antiga ministra da Saúde, e que no último governo dos libertadores, ocupou a função da secretária do estado dos antigos combatentes, destacou na sua intervenção a importância da mulher na saúde da família, apontando ao mesmo tempo as características das mulheres nos cuidados primários da saúde com relação as suas responsabilidades na promoção do bem-estar físico e social.

Sublinhou aos participantes o direito sexual e escolha de gestação de forma saudável e segura, tendo enaltecido, neste particular, os riscos da saúde reprodutiva na maternidade prematura e tardia na vida de uma mulher.

O terceiro e último tema apresentado por Elvira Lopes trata-se da “Mulher Guineense no Processo Nacional do Desenvolvimento”.

A especialista afirmou na sua narração, que foram defraudadas as expectativas das mulheres em relação ao empoderamento, apesar de 51 porcento da população guineense ser feminina. Realçou a contribuição das mulheres no setor informal guineense, no qual tem contribuído consideravelmente para a sobrevivência da família.

As conferencistas produziram no final uma resolução final com 11 pontos, dos quais se destacam: a implementação cabal da Lei de paridade em todas as estruturas do Partido (da base ao topo) assim como no desempenho nas funções governativas e parlamentares; a mobilização, por parte da Direção Superior do Partido, de parcerias para a concessão de Bolsas de Estudo a favor dos filhos de militantes e dirigentes do partido com baixa renda; a adopção de programas ou políticas públicas, visando proporcionar maior participação das mulheres no processo de desenvolvimento; a promoção de estratégias e iniciativas, visando a Eliminação de barreiras e preconceitos que obstaculizam a equidade e igualdade de género, o incentivo e encorajamento às mulheres a fim de concorrerem lado a lado com os homens, tendo como objetivo a conquista de lugares cimeiros no Partido e na governação.

Por: Assana Sambú
Conosaba/odemocratagb

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