O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, alertou hoje que o terrorismo pode dividir o país, defendendo a união de todos para combater os grupos rebeldes na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique.
"O terrorismo pode-nos dividir (...). Se brincarmos, nós podemos ficar sem pátria", declarou o chefe de Estado moçambicano, durante uma cerimónia de graduação na Academia de Ciências Policiais (Acipol), nos arredores da capital moçambicana, Maputo.
Segundo Filipe Nyusi, a resolução do problema no Norte passa pela união dos moçambicanos e as forças estrangeiras que apoiam Moçambique no combate aos grupos armados em Cabo Delgado devem ser acarinhadas.
"Nós temos de estar unidos. (...) O terrorismo é uma das únicas coisas em que o mundo todo se junta para combater. A região juntou-se para combater o terrorismo. Então como é que o próprio país, que vive o próprio terrorismo, não se junta para o combater", questionou Filipe Nyusi.
"Nós não temos força moral para falar mal de quem vem nos ajudar", acrescentou o Presidente moçambicano, rejeitando o argumento de que a pobreza é o fator da guerra em Cabo Delgado e também a sugestão de uma linha de diálogo com os terroristas, defendida sobretudo pelos dois partidos de oposição no parlamento em Moçambique.
"Não há pobreza em Chicualacuala [província de Gaza, no sul do país]", questionou Nyusi, alertando que "hoje [a guerra] está ali [Cabo Delgado] amanhã pode estar aqui [Maputo]".
"Eu quero homenagear todos os jovens que estão a manter este país intacto. Eu falo com alguns deles e, passado dois dias, o jovem já não existe. (...) Não pode haver pessoas que, sem responsabilidade, usam as pessoas que se sacrificam no terreno para fazer política" , acrescentou Filipe Nyusi, manifestando a intenção do executivo moçambicano em "continuar a investir nestes jovens".
A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico. Depois de uma ligeira acalmia em 2023, estes ataques multiplicaram-se nas últimas semanas, criando cerca de 100 mil deslocados só em fevereiro, além de um rasto de destruição, morte e famílias desencontradas.
Esta insurgência levou a uma resposta militar desde julho de 2021, com o apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul da região.
Desde 2017, o conflito já fez mais de milhão de deslocados, de acordo com as agências das Nações Unidas, e cerca de quatro mil mortes, indicou o Projeto de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos.
Conosaba/Lusa
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