segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Moro Dabó em acção na sector de Contubuel, reunião ku estruturas sectoriais.

 




Os principais liceus da capital Bissau estão, hoje, praticamente paralisados, em observância à greve de três dias convocada pela Frente Social nos setores da saúde e de educação.


Por: Nazário dos Santos
Data:21.10.2024

Bissau, atelier de lançamento do projeto de acesso e expansão da energia solar SESAP Governo da Guiné Bissau

Reconciliação da nossa Guinendade!

A iniciativa foi do antigo primeiro-ministro Dr. Martinho Dafa Cabi, uma da suas comunicações nos uns dois hotéis de capital de Bissau, pediu que sua excelência General Umaro sissoco Embalo, (Said rais) para priorizar-se o diálogo nacional entre povo Guianense, só com o diálogo que haverá a paz e o entendimento entre os guineenses.

Durante a campanha de eleição presidencial de 2019, o General Umaro Sissoco embalo, e elegido como presidente da concórdia nacional.
O momento é o do reforço da unidade da nossa Guineendade e da reconciliação nacional, esquecendo todos os males e de perdoarmo-nos, porque o povo está expectante, e o período da graça será muito curto, tendo em conta as novas corridas para secretariar a organização CPLP.
Por isso, para que os males sobretudo do passado recente, sejam esquecidos é bom permitir ao general Presidente e para andar com os seus pés e pensar com a sua própria cabeça. Para o bem da comunidade da língua oficial portuguesa, (CPLP) e eu o conheço muitíssimo bem, sei que não se vai deixar que a sua presidência na organização seja manchada com o insucesso para se desviar dos seus objetivos pá i passanta Guineensis Borgonha.
Porque todos esses anos e uma estrada direta para esse radiante embate construir mamã Guiné.
Se há um Presidente da República que não deve ter direito a erro e o USE, razão pela qual deverá ter como principais conselheiros, não estatutariamente, o Braima camara (B adi povo), Dr. Baciro Djá, Domingos Simões pereira (DSP), Dr. Fernando Dias, Eng., Nuno Gomes nabian, pelo menos até aos novos embates do desenvolvimento inevitavelmente nuns pais promissor. Tudo isso deverá ser feito em nome do heroico povo da Guiné-Bissau, para se poder pôr definitivamente termo a este ciclo de instabilidade.
Vamos todos eleger uma MORATÓRIA DE RECONCILIAÇᾹO NACIONAL de pelo menos 1 ano e voltarmos a considerar-nos como fidjus di um pape cu um mame, porque na verdade assim é que é – anos tudo i ki um son!
Viva Guinendade!
Viva Democracia!
Por: yanick Aerton

PR SISSOCO OFERECE AUTOCARROS A CLUBES


O Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, ofereceu esta segunda-feira, 21 de outubro de 2024, três autocarros aos clubes de Canchungo, Pelundo e Sporting Clube de Bafatá, ambos da primeira divisão do campeonato nacional, Guines-Liga.

A cerimónia da entrega de viaturas decorreu nas instalações do Palácio da República e na presença de diferentes responsáveis dos clubes beneficiários.

O Chefe de Estado, Umaro Sissoco Embaló, disse na sua comunicação que tinha prometido aqueles clubes que apoiá-los-ia em meios de transportes para que os jogadores possam viajar em melhores condições, razão pela qual decidiu doar os três autocarros que hoje foram entregues.
Sissoco Embaló sublinhou ainda que falta entregar outras três ofertas a mais três clubes, e que posteriormente o gesto será estendido para todos os clubes do país, incluindo a Liga de clubes. Mesmo que deixe de desempenhar a função de Presidente da República, cumprirá a sua promessa, apoiando clubes nacionais, começando por aqueles que estão no interior do país. Adiantou que a sustentabilidade das viaturas entregues só pode ser sentida quando, pelo menos, 50 por cento das estradas do país forem alcatroadas e outras feitas em terra batida, por isso está a trabalhar com o governo para resolver a questão das estradas danificadas em todo território nacional.

O presidente de Liga de Clubes da Guiné-Bissau, Dembo Sisse, disse que quando apoia o futebol, está a apoiar a educação, saúde e coesão nacional de maneira que quer agradecer ao Chefe de Estado pela sua influência junto do governo para apoiar o futebol nacional como também a associação dos bancos comerciais que ofereceram 20 milhões de francos CFA aos clubes, valor dividido de forma equitativa.

Por seu lado, o primeiro vice-presidente de Sporting Club de Bafatá, Tcherno Sado Djaló, disse que a população e adeptos de Bafatá estão satisfeitos com a oferta do Presidente da República, depois do pedido feito pelos dirigentes do clube de Bafatá, de maneira que em nenhum momento vão esquecer do gesto, porque irá contribuir bastante no transporte dos jogadores e dirigentes para irem competir, tanto na capital Bissau como outras zonas do país.

Para o primeiro vice presidente de Futebol Clube de Canchungo, Faustino Paulo Mango, a direcção daquele clube nunca esperava que este sonho iria concretizar-se na data de hoje, depois da promessa feita pelo Chefe de Estado quando fez uma pequena visita a cidade de Canchungo, de maneira que o povo de Canchungo agradece imensamente o Presidente da República pelo gesto nobre pela primeira vez na história da Guiné-Bissau.

O presidente do Futebol Cub de Pelundo, Nino Kao, agradeceu o gesto do Chefe de estado em oferecer meios de transportes aos clubes, sendo um ato nobre pela primeira vez na história do nosso país. Acrescentou que o autocarro doado não irá servir apenas para o transporte de jogadores da equipa de Pelundo, mas também alunos e doentes que precisam ser evacuadas para a capital Bissau, por isso não há palavras para qualificar o apoio de Umaro Sissoco Embaló.

Por: Aguinaldo Ampa
Conosaba/odemocratagb







Figura da semana: ABDULAI SILA DISTINGUIDO COM O PRÉMIO DA LITERATURA DA LUSOFONIA 2024



O escritor guineense Adulai Sila, foi distinguido a 12 de outubro com o Prémio literatura da Lusofonia, na gala da 8ª edição, que decorreu no Salão Preto e Prata do Casino Estoril, sob o lema: o universo da língua portuguesa e da lusofonia tem a dimensão do sonho e todos os grandes sonhos são inesgotáveis.

“A obra de Abdulai Sila, amplamente reconhecida, constitui um ativo cultural incontornável e é, sem dúvida, uma obra que presta um serviço de elevada representatividade e craveira à Literatura Guineense e à Literatura Lusófona. A atribuição do PRÉMIO LUSOFONIA 2024, Área LITERATURA surge, assim, como natural e de inteira justiça”, justificou a organização na sua página no Facebook.

Também foram distinguidas 15 personalidades dos nove países que têm a língua portuguesa como língua oficial, com destaque para o primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão. Os Prémios da lusofonia, que foram lançados em 2017, reconhecem a vida e obra de cidadãos e cidadãs da lusofonia em várias áreas.

BIOGRAFIA
Abdulai Sila nasceu no dia 01 de abril de 1958, em Catió, Sul da Guiné-Bissau, onde frequentou a escola primária [1965-1970, pela Escola Missionária de Catió]. É empresário, romancista e dramaturgo. Além de ser engenheiro eletrotécnico, é também gestor de empresas. Em 1970 mudou-se para Bissau a fim de frequentar o Ciclo Preparatório de [1971-1973] e o liceu [1973-1978 pelo Liceu Kwame N´krumah (Bissau)]. De 1979 a 85 frequentou a Universidade Técnica de Dresden (Alemanha) e graduou-se em Engenharia Eletrotécnica.

De 1986 aos dias de hoje, tem participado com sucesso em vários cursos de formação nos EUA e em outros lugares sobre redes de computadores e gestão de LAN, rede de Cisco, segurança na Internet, entre outros. Além da paixão e compromisso para com o desenvolvimento das TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação), acumulou, desde sempre, o interesse pela literatura e escrita.

No domínio científico-técnico, Sila escreveu cinco obras, uma na Alemanha e resto de leque de obras em Bissau. O Engenheiro, economista, investigador social e escritor guineense, no campo literário, escreveu seis (6) obras, entre elas estão esta última “Dois Tiros e Uma Gargalhada”, Eterna Paixão, O Reencontro, A Última Tragédia, Mistida, As orações de Mansata e ‘Memórias SOMânticas’ [Março e 2016].

Em 2013 foi condecorado pelo Estado francês, que o consagrou como “Chevalier de l’Ordre des Arts et des Lettres”. Das recentes distinções recebidas constam o Prémio Prestígio (Teatro) da RTP África (2021), o Prémio Guerra Junqueiro, “100 Personalidades Negras mais influentes da Lusofonia” (Revista Bantumen, 2023), Diploma de Mérito da Federação das Associações de Deficientes da Guiné-Bissau (2023).

Por: Epifânia Mendonça
Conosaba/odemocratagb

Índice de Pobreza: GUINÉ-BISSAU LIDERA PALOP COM 64,4% DA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE POBREZA


O economista guineense avalia que o contexto político atual tem revelado grande fragilidade, marcada por instabilidade governativa constante, o que afeta negativamente a economia e a vida da população.

De acordo com um relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e da Iniciativa Oxford sobre Pobreza e Desenvolvimento Humano, 64,4% da população da Guiné-Bissau vive em condições de pobreza multidimensional, com 26% sobrevivendo com menos de 2,15 dólares por dia.

O economista José Nico Djú lamentou essa situação, afirmando que as prioridades orçamentais do país não estão voltadas para áreas essenciais como educação e saúde. “É lamentável ver a Guiné-Bissau liderar o índice de pobreza extrema entre os PALOPs", afirmou Djú, acrescentando que a fragilidade política torna essa realidade menos surpreendente.

O relatório revela que 584 milhões de pessoas, mais da metade das pessoas pobres no mundo, são crianças com menos de 18 anos. Na Guiné-Bissau, a situação é especialmente grave, com 64,4% da população vivendo em pobreza multidimensional e 26% sobrevivendo com menos de 2,15 dólares por dia.

Em sua análise, Nico Djú defende a necessidade urgente de se repensar as políticas públicas, com foco no uso eficaz do erário público, garantindo que os recursos orçamentais sejam alocados para saúde e educação. “É preciso redirecionar as políticas públicas, com foco na saúde e na educação como prioridades orçamentais”, concluiu ele.

No panorama geral, a Guiné-Bissau lidera entre os países de língua portuguesa, com 64,4% da população em situação de pobreza multidimensional e 26% abaixo da linha de 2,15 dólares por dia. Em Angola, 51,1% da população está em situação de pobreza multidimensional, com 31,1% vivendo abaixo da linha de pobreza. Já no Brasil, 3,8% da população vive em pobreza multidimensional, e 3,5% abaixo da linha de pobreza.

Em São Tomé e Príncipe, 11,7% dos habitantes estão em situação de pobreza multidimensional, enquanto 15,7% vivem abaixo da linha de pobreza. Timor-Leste apresenta 48,3% da população em pobreza multidimensional e 24,4% abaixo da linha de pobreza.

Embora Moçambique tenha apresentado melhorias significativas na redução da pobreza entre 2021 e 2022, 60,7% da população ainda vive em condições de pobreza multidimensional, e 74,5% abaixo da linha de pobreza.

Segundo Nico Djú, as autoridades guineenses precisam adotar medidas concretas para melhorar os indicadores macroeconómicos e, assim, impactar positivamente as condições de vida da população. “As autoridades da Guiné-Bissau precisam refletir profundamente sobre essa situação crítica”, destacou ele.

Apesar de mais da metade da população guineense viver na pobreza, Djú observou que a taxa de crescimento económico do país foi de 4,2%, mas que as dívidas públicas superaram 80% do PIB.

O relatório aponta ainda que quase meio bilhão de pessoas pobres vivem em países afetados por conflitos violentos, onde as taxas de pobreza são três vezes maiores do que em países sem conflitos. O ciclo de pobreza e conflito dificulta, e em muitos casos reverte, os avanços na redução da pobreza. A recomendação é que sejam intensificados os esforços para combater a pobreza nesses contextos.

Em termos globais, 27,9% das crianças vivem na pobreza, enquanto entre os adultos esse número é de 13,5%.

Por: Ussumane Mané/radiosolmansi com Conosaba do Porto

"A Frelimo tem que perceber uma coisa: a população hoje não está com a Frelimo"

Forças de Defesa e Segurança lançaram gás lacrimogéneo para dispersar manifestantes esta segunda-feira 21 de Outubro de 2024 em Maputo © LUSA

Centenas de pessoas saíram esta manhã para as ruas em Maputo, mas também noutros pontos do país, em resposta ao apelo à greve e à manifestação lançado para esta segunda-feira pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que reclama a vitória nas eleições de 9 de Outubro e pretende igualmente protestar contra o assassínio, no fim-de-semana, do seu advogado, Elvino Dias, e do seu mandatário político, Paulo Guamba.

Ao longo destas últimas horas circularam inúmeras informações sobre situações de extrema tensão em Maputo, mas igualmente noutras partes do país, como por exemplo Pemba, com actos de vandalismo por parte de alguns manifestantes, confrontos, a utilização de gás lacrimogéneo e também tiros para o ar por parte das forças da ordem.

Uma situação que acontece numa altura em que ainda se está em período eleitoral, dado que a CNE deve apresentar até quinta-feira os resultados definitivos das eleições gerais. Segundo dados preliminares, a Frelimo no poder saiu vitoriosa deste escrutínio, mas a oposição rejeita estes resultados alegando fraudes massivas.

É este cenário que analisámos com João Feijó, investigador do Observatório do Meio Rural, que começa por abordar o duplo assassínio na sexta-feira à noite de Elvino Dias e Paulo Guamba. Acontecimentos que, segundo o estudioso, vêm na linha de outras mortes violentas ocorridas em plena luz do dia nestes últimos anos em Moçambique.

RFI: O duplo assassínio do fim-de-semana aconteceu num contexto político já tenso. Qual era o objectivo a seu ver?

João Feijó: Isto é algo aqui que infelizmente, se tornou uma realidade deste último mandato. Esta governação que acontece em Moçambique desde 2014, ficou célebre por diversos assassinatos de indivíduos que faziam a luta política de forma institucional. Logo em 2015, houve o assassinato de Gilles Cistac, que era um constitucionalista, um conhecido professor universitário catedrático da Universidade Eduardo Mondlane, que defendia a existência de espaço na Constituição de Moçambique para a descentralização, que era a reivindicação de Afonso Dhlakama (líder histórico da Renamo). Portanto, ele encontrou na Constituição um espaço que permitia o diálogo. Foi assassinado por causa dessas declarações por esquadrões da morte, por indivíduos que até hoje não estão identificados. E o assassinato foi em plena luz do dia, no centro da cidade, numa zona com câmaras. Portanto, é impossível que não se pudesse investigar. Depois, em 2019, assassinaram Anastácio Matavel, que era um indivíduo que tinha pertencido ao Comité Central da Frelimo, mas que estava agora numa organização da sociedade civil a organizar a observação eleitoral independente na província de Gaza e onde tinha já uma máquina que iria de alguma forma incomodar e perturbar o plano de fraude que existia em Gaza. E agora há este assassinato. Isto aqui foi o 'modus operandi' destes dois últimos mandatos deste Presidente. São factos e que demonstram a dificuldade deste Governo conviver com outras alternativas, outras visões e outras interpretações jurídicas. Ilustra o 'modus operandi' que era de agir de uma forma violenta para com aqueles que faziam oposição jurídica. Portanto, não era oposição nas matas, era oposição jurídica. Tudo isto aqui foi um ataque ao Estado de Direito, um ataque à democracia, um ataque aos direitos constitucionais das pessoas. 

Então, a leitura que os dados nos dão é que estes assassinatos traduzem uma visão de Estado bastante totalitária, bastante intolerante, onde a vontade de uma minoria deve prevalecer sobre uma vontade de uma maioria. Agora, o próximo Presidente vai ter o desafio de se afastar desta linha e de construir um país mais inclusivo, mais respeitador do Estado de direito e da democracia. É isto que está aqui em causa agora, dentro da Frelimo: o próximo Presidente criar a sua linha de governação que seja diferente desta. Não sei se ele vai ter espaço, se ele vai ter força porque vai enfrentar agora aquelas forças conservadoras retrógradas do anterior Presidente. Não sei se vai ter espaço para poder edificar um novo país.

RFI: À luz dos casos que acaba de enumerar, julga que haverá um dia condições para se saber o que aconteceu exactamente neste fim-de-semana?

João Feijó: Duvido imenso. A forma como estes indivíduos agiram foi semelhante à forma como agiram os indivíduos no assassinato de Gilles Cistac e de Anastácio Matavel, que foi à descarada, sem qualquer preocupação de fazer um crime perfeito, com grande aparato, usando armas militares, denunciando a corporação de onde são originários. Isto demonstra que eles fazem parte de serviços de segurança que são bastante poderosos, que controlam a força e controlam as armas. Então o próximo Presidente, até por uma questão de sobrevivência pessoal, não vai poder coordenar uma investigação independente disto, porque quem for fazer essa investigação, vai ter medo de investigar. Portanto, eu duvido que algum dia seja possível perceber quem foram os mandantes disto. Apesar das pessoas desconfiarem, nunca vai ser possível fazer uma investigação imparcial e responsabilizar estas pessoas, porque isso colocaria em risco o próprio partido. Seria um embaraço para o próprio partido reconhecer publicamente que foi o partido que fez. Isto não faz parte da forma de actuação do partido. Por outro lado, eles têm a obrigação de salvar a face uns dos outros de forma até a garantirem a sua sobrevivência interna dentro do partido e terem aliados dentro do partido. E por uma questão até de segurança dos próprios, porque seriam vítimas económicas ou mesmo mortais destes movimentos sinistros.

RFI: Relativamente ao próprio movimento de greve geral, alguns sindicatos (a OTM-CS e o sindicato patronal CTA) reagiram a esse apelo à greve emitido por Venâncio Mondlane, e disseram não ter rigorosamente nada a ver com esse apelo à greve. Como é que interpreta isso?

João Feijó: Há duas coisas que aqui é preciso ver: primeiro, os sindicatos em Moçambique são sindicatos politicamente controlados. A OTM é uma organização que esteve sempre debaixo do guarda-chuva do partido Frelimo. Aliás, é uma organização democrática de massas criada pelo partido Frelimo na década de 70, com o objectivo de ideologizar e de controlar politicamente as massas. Nos sindicatos independentes também há mecanismos de controlo político. Muitas vezes eles utilizam instalações para as suas sedes, que são instalações do partido Frelimo e conseguem usar aquilo a preços simbólicos. 

E então são formas de controlo político. Os sindicatos nunca, em Moçambique, convocaram uma greve nacional, não obstante os enormes problemas laborais que existem no sector formal, não obstante o facto do salário mínimo em Moçambique representar menos de um terço da cesta básica, ou seja, daquilo que é necessário para um trabalhador sobreviver. Não obstante todos os problemas laborais em Moçambique, os sindicatos nunca convocaram uma greve geral e sempre que o tentaram fazer foram coagidos, foram intimidados, foram aliciados a formas do controlo político. Os sindicatos jamais irão fazer uma coisa dessas enquanto existir estes mecanismos repressivos ou aliciadores do controlo deste movimento. Por outro lado, é preciso ver o que significa a palavra 'greve' em Moçambique, que é um conceito polissémico na Europa e no mundo formal. 'Greve' significa paralisação das actividades laborais e obedece a um conjunto de regras. Mas a palavra 'greve' em Moçambique tornou-se um outro conceito que significa paralisação das actividades por parte da população. Portanto, as pessoas não se deslocam, as pessoas impedem a circulação de carros, as pessoas perturbam as actividades normais da economia, bloqueando o trânsito. Ou até pode significar manifestação. Pode significar até na mente de muitas pessoas, o saque e a pilhagem. Portanto, a palavra 'greve' é uma palavra que se aplica não tanto ao sector formal, mas ao sector informal da economia e a esmagadora maioria da população está ativa no sector informal da economia. Então, quer dizer, o sector informal da economia não tem sindicatos. As pessoas estão auto entregues nas suas actividades económicas e vivem do 'desenrasca'. Vender bolinhos na rua ou vender recargas de telefone, ou fazem serviços de táxi ou transporte e por aí fora. Então, a palavra 'greve' é uma palavra que normalmente é dirigida a esta população que vive do 'desenrasca', que vive da sobrevivência diária e que não se revê na governação, que sente que a governação não cria políticas que os protejam e que sentem que não só não há políticas que os protegem, como o Estado, quando está presente, está presente para os oprimir. Porque por serem informais, são vistos como marginais e a Polícia Municipal exige-lhes o pagamento de taxas, confisca-lhes os bens. Então são pessoas que sentem uma grande revolta contra o Estado. O Estado não os protege e quando aparece, aparece para os prejudicar. Então, a palavra 'greve' é uma palavra com uma conotação mais política, dirigida a este lúmpen urbano e não tanto uma palavra de luta sindical, que também é política, claro, mas que tem a sua conotação.

RFI: O presidente da Comissão da União Africana pediu hoje calma e "disposição pacífica" aos actores políticos do país. Como é que interpreta estas declarações? Isto é sinal de que Moçambique poderia estar sob escrutínio internacional e que, efectivamente, poderia haver posições mais fortes?

João Feijó: Este apelo vai na linha de todos os apelos feitos de vários quadrantes, dos Estados Unidos, da União Europeia, da Noruega e do Canadá que já vieram mostrar a sua preocupação e os países do continente agora também -neste caso a União Africana- vem na mesma linha mostrar a sua preocupação em relação a esta tensão política que se está a radicalizar. E é um apelo positivo. O apelo ao respeito em relação às regras do jogo democrático, um apelo a não enveredar pela violência. É uma zona de grande investimento internacional. É uma zona que é um corredor energético para o exterior e uma instabilidade no país iria colocar em causa, no fundo, a estabilidade desses investimentos. Portanto, todos os países interessados em investimentos em Moçambique estão a ver esta situação com alguma preocupação.

RFI: São esperados resultados definitivos por parte da Comissão Nacional de Eleições até 24 de Outubro, ou seja, daqui a muito poucos dias. Quais são as perspectivas, a seu ver?

João Feijó: A avaliar pelas experiências anteriores, a CNE vai fechar os olhos a todas as evidências de fraude. Vai fechar os olhos aos problemas denunciados de enchimento de urnas, de editais que não estão assinados, editais falsos produzidos irregularmente, de situações de denúncia de corrupção de membros da assembleia de voto ou de expulsão de membros da assembleia de voto. Vai fechar os olhos a editais com 'números norte-coreanos' de vitórias de 100% de um partido em mesas de voto, em que 100% dos eleitores inscritos foram votar, inclusive em zonas transfronteiriças, como se ninguém tivesse morrido, como se ninguém tivesse viajado e todos os indivíduos recenseados fossem votar, ainda por cima no mesmo partido. Vai fechar os olhos a todas estas situações e vai simplesmente validar os resultados. 

A CNE é um órgão partidarizado onde todos os partidos estão presentes, mas onde a Frelimo está sobrerrepresentada e vai vencer sempre nas resoluções. O Presidente da CNE, mesmo que não concorde, talvez para salvar a sua face, até pode votar 'neutro', mas não vai impedir que estes resultados sejam validados e que a Frelimo vença com maioria absoluta. Desconfio que não vai haver nenhuma revisão de resultados e que simplesmente vão legitimar esta vitória da Frelimo com mais de 70% dos votos. São números que não convencem as pessoas, sobretudo a população urbana, que hoje vota sobretudo na oposição. Na verdade, não acho que haja algum partido que possa reivindicar a vitória, porque o nível de fraude, o nível de ilícitos eleitorais foi tão grave, tão omnipresente e foi desde o período de recenseamento até ao período de contagem dos votos, que os resultados estão tão 'martelados', que se torna muito complicado alguém poder reivindicar que venceu as eleições, porque na verdade houve tanta adulteração da vontade eleitoral. Começa a ficar complicado dizer que o partido A ou o partido B deve ter ganho as eleições. Vai ficar esta incógnita. Ninguém vai poder demonstrá-lo com evidência estatisticamente que ganhou ou vai ter dificuldades para o fazer. 

E assim gastou-se muito dinheiro em eleições para no final não haver um resultado que espelhe a vontade da população. Vai ficar a desconfiança de que estes escrutínios são ineficientes e inúteis e que é só um simples processo de gastar dinheiro, vai se tornar depois complicado no futuro Moçambique pedir financiamento para estes escrutínios. Eu penso que vai haver mais pressão no futuro para a revisão das regras eleitorais. Espero que o próximo Presidente tenha a capacidade de alterar essas regras, mas eu acho que ele não vai fazer. Até pode demonstrar alguma vontade política, mas nesse sentido de fazer reformas, mas mantendo sempre o controlo das regras do jogo. Porque o partido Frelimo sabe que a única hipótese de sobrevivência económica é através do acesso ao Estado, através do qual depois conseguem ter acesso aos recursos do Estado, aos concursos, às licenças de exploração de recursos naturais, aos empregos, às comissões destes negócios internacionais que têm sempre estas rendas que são distribuídas pela nomenclatura nacional. Então, por isso é que as lutas pelo acesso ao Estado são tão acesas, são tão incendiárias e por isso é que eu desconfio que o partido faça esta despartidarização das organizações eleitorais. Já vi esta promessa com Nyusi, mas depois não se concretizou, porque sabem perfeitamente que são estas regras do jogo manipuladas que garantem a sobrevivência do partido num contexto em que eles têm noção que estão a ser cada vez mais impopulares. Têm noção disso porque estão sempre rodeados de segurança. Porque se não tivessem medo da população, não estavam sempre tão rodeados de segurança.

RFI: Julga que o sentimento de revolta que existe entre os apoiantes de Venâncio Mondlane possa de facto alastrar para outras categorias da sociedade e que isto possa eventualmente resvalar para algo mais grave?

João Feijó: Atenção que a maior parte dos sectores da sociedade hoje em dia apoia a oposição. Há 20 anos atrás, os funcionários públicos eram os grandes apoiantes do partido Frelimo. Maputo, que era uma cidade onde se empregavam muitos funcionários públicos no aparelho central do Estado, votava claramente no partido Frelimo. Hoje é o contrário. Percebe-se claramente que em Maputo e Matola, a maioria da população vota na oposição, apesar de os resultados oficiais das eleições não transmitirem isso. O que a gente vê é que muitos funcionários públicos, hoje, votam na oposição. Eu conheço muitos funcionários públicos extremamente descontentes com a introdução da tabela salarial única, coisa que gerou muita frustração entre os funcionários públicos. Isto é evidente nos professores, no pessoal da saúde, no pessoal da Justiça, nas Forças de Defesa e Segurança. Durante estas eleições, houve muitas imagens que circularam de elementos das Forças de Defesa e Segurança a votarem ou até mesmo a apoiarem Venâncio Mondlane, onde na urna de voto tiravam foto ao seu distintivo junto ao X que marcavam em Venâncio Mondlane ou no 'Podemos'. Portanto, isto mostra que muitos sectores da sociedade hoje apoiam Venâncio Mondlane. Não é só aquela juventude urbana com muitos problemas de integração socioeconómica. É também a população empregada no sector formal da economia do Estado, mas também do sector privado, que vê este desgaste todo que teve a Frelimo e toda a trapalhada que a Frelimo fez nos últimos dez anos, desde o escândalo das 'dívidas ocultas' até passando pelo TSU, passando pela forma como foi gerido a guerra em Cabo Delgado, etc. Então, o Estado está muito fragilizado, o governo está muito fragilizado e perdeu o apoio de muitos sectores da população. Agora estes sectores não estão organizados, a oposição não está organizada. A Frelimo está organizada. Quando tomou o poder, em 1974, a Frelimo tinha grupos. Era um partido leninista que tinha uma estratégia. Tinha indivíduos que estavam infiltrados em Portugal a seguir ao 25 de Abril, que identificaram sectores da sociedade portuguesa que apoiavam os movimentos de libertação. 

O Aquino de Bragança teve essa missão e identificou no MFA, aliados que poderiam apoiar durante as negociações que depois aconteceram em Lusaka. Em Maputo tinha células já bastante organizadas nas escolas, nos bairros, nos locais de trabalho, onde orientavam as populações politicamente e usavam as pessoas politicamente e conseguiam, depois, sem telemóveis, sem redes sociais, transmitir o seu manifesto, as suas orientações, a sua estratégia política. Mas hoje a oposição não está ainda organizada desta forma. A Frelimo tem este lema de que a vitória prepara-se, a vitória organiza-se. 

Este princípio leninista e este princípio aplica-se inclusivamente à desorganização da oposição. Portanto, a oposição também não se organiza porque a Frelimo não deixa que a oposição se organize. Portanto, a primeira tarefa da Frelimo é desorganizar o seu adversário, bloquear verbas para campanha partidária, eliminar e criar obstáculos àqueles candidatos que possam ser mais desafiadores e incómodos ao partido. Proibindo estas marchas, estas organizações de manifestações, inclusivamente de marchas pacíficas. Então fica muito complicado para a oposição transformar este descontentamento estrutural num projecto organizado e alternativo de governação. Portanto, é um movimento de indivíduos que dão o peito às balas, que dão o peito ao gás lacrimogéneo, que queimam os pneus na rua, que provocam o medo, que paralisa, mas que não provocam mudança estrutural. Não é uma alternativa ainda, mas não é uma alternativa, porque a Frelimo não permite que seja uma alternativa. E o problema disto é que isto está a dar razão àquele princípio que a Renamo tinha de que a única hipótese de transformação política em Moçambique era através da via militar, através da existência de uma guerrilha nas matas. Aquela ideia de que, como dizia Samora, o poder não se conquista, arranca-se. Ou seja, ao impedir a forma de participação democrática, ao assassinarem juristas, mandatários de partidos da oposição, a informação que estão a dar à população é que a única hipótese de participar politicamente é através da guerrilha agora urbana, porque houve já o DDR. Moçambique não pode ser construído desta forma. E esta músculo, esta musculatura toda, só vai contribuir para a instabilidade política, económica e social. E a Frelimo tem que perceber uma coisa: a população hoje não está com a Frelimo.

Por: Liliana Henriques
Conosaba/rfi.fr/pt/

Rasto de destruição em várias artérias centrais de Maputo após horas de confrontos


Um rasto de destruição marca várias artérias centrais de Maputo ao início da noite, após várias horas de confrontos entre manifestantes e polícia, e tiros constantes para o ar e de gás lacrimogéneo, em diferentes pontos da capital moçambicana.© Fornecido

Pelas 18:00 locais (menos uma hora em Lisboa), já depois de cair a noite, eram visíveis fogueiras e pneus a arder, ainda, em vários ruas onde, durante o dia, se registaram confrontos, com arremesso de pedras e outros objetos por parte de manifestantes e carga policial.

Pedras de todas as dimensões ainda marcam todo o percurso central da avenida Joaquim Chissano, local onde na sexta-feira ocorreu o duplo homicídio de dois apoiantes de Venâncio Mondlane, incluindo o seu advogado, Elvino Dias, e para onde o candidato presidencial tinha convocado a saída de uma manifestação para esta manhã, que nunca chegou a acontecer devido à forte intervenção da polícia.

Equipamento publicitário urbano destruído pelas chamas, pneus ardidos e em chamas, paus e contentores do lixo atravessados nas ruas podiam ser vistos na mesma zona e nos bairros envolventes, perante a presença de dezenas de viaturas da polícia, incluindo blindados da Unidade de Intervenção Rápida.

Contudo, nas últimas horas não voltaram a ser ouvidos novos disparos da polícia, apesar de presença de várias dezenas de agentes, de várias forças, fortemente armados, nas ruas mais críticas.

Na zona do Xiquelene, junto à Praça dos Combatentes, outro ponto da cidade marcado por fortes confrontos ao longo do dia, podia ser visto um forte contingente policial, incluído blindados da Unidade de Intervenção Rápida, com uma das vias cortada ao trânsito enquanto pneus eram consumidos pelas chamas.

No entanto, também aqui não se registava a intervenção da polícia há algumas horas, enquanto as dezenas de vendedores que fazem negócio na rua voltavam a colocar as bancas, tentando vender o que não conseguiram ao longo do dia.

Durante os confrontos várias pessoas ficaram feridas, nomeadamente atingidas pelos disparos de gás lacrimogéneo feitos pela polícia, incluindo pelo menos três jornalistas, tendo o Hospital Central de Maputo convocado para as 09:00 de terça-feira uma conferência de imprensa de balanço.

Os confrontos entre a polícia e os manifestantes começaram cerca das 07:30, com a força policial a dispersar os grupos que se começavam a juntar para participarem nas marchas pacíficas.

Mondlane acusou as forças policiais de dispararem "balas verdadeiras" contra manifestantes durante as marchas e afirmou que os moçambicanos juntaram-se para "salvar o país".

O candidato presidencial convocou as marchas no sábado, como forma de repúdio pelo homicídio de Elvino Dias, seu advogado, e Paulo Guambe, mandatário do partido Povo Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), que o apoia.

Mondlane classificou os líderes da polícia moçambicana como verdadeiros terroristas e prometeu continuar os protestos em mais três fases até à divulgação dos resultados das eleições pelo Conselho Constitucional.

A resposta policial hoje às manifestações foi condenada pela comunidade internacional e houve vários apelos à contenção de ambas as partes, nomeadamente de Portugal, da União Europeia e da União Africana.

Conosaba/Lusa

domingo, 20 de outubro de 2024

«Banculém de Luto!» Faleceu ontem, em Bissau, o nosso irmão, Professor/Mister Aladje Indjai "Tchon"

É com muito pesar que informamos sobre a morte do nosso irmão "Aladje Tchon" grande amigo de Jovens de Banculém! A sua morte nos pegou de surpresa e o levou de nós repentinamente.

Paz a sua alma!

Lamentamos profundamente, este desfecho e oramos ao Allah swbana watalla/Deus, para que lhe dê um bom canto no seu Reino!

Pate Cabral Djob

Fulbé/Fuladu

 


Aos meus Pais, todo o meu agradecimento por mais um aniversário — 20/10. Vocês fizeram de mim a pessoa que hoje sou, e eu só tenho motivos para agradecer.

 

Pate Cabral Djob, "N´San Sik Dod"

Venâncio Mondlane convoca marchas de repúdio contra duplo homicídio de apoiantes

O candidato presidencial Venâncio Mondlane convocou este sábado marchas pacíficas em Moçambique para segunda-feira repudiando o homicídio de dois apoiantes, dizendo, citando a bíblia, que o "sangue" das vítimas "tem de ser vingado", responsabilizando as Forças de Defesa e Segurança (FDS).© Luisa Nhantumbo - Lusa

"Tal e qual a palavra de Deus dizia que o sangue de Abel tinha de ser vingado, este sangue tem que ser vingado, e está nas vossas costas [FDS]. Fiquem a saber que vocês têm nas vossas costas o sangue destes jovens, mas o sangue destes jovens é o início de uma etapa que só Deus sabe como é que ela vai terminar", afirmou, durante uma vigília com dezenas de pessoas no local do homicídio dos dois apoiantes, em Maputo.

"Na segunda-feira vai ser a primeira etapa, pacífica, em que nós vamos paralisar toda a atividade pública e privada. Vamos para a rua com os nossos cartazes, vamos manifestar o nosso repúdio", anunciou ainda Mondlane, garantindo que a greve, no setor público e privado, que tinha pedido para segunda-feira, em contestação aos resultados preliminares das eleições de 09 de outubro, é para manter, passando agora para a rua.

"Não se isentem. Foram as vossas forças (...) voltaram a cometer um grande crime", acusou Venâncio Mondlane, garantindo ter provas da acusação às FDS, que inclui a polícia.

Em Maputo, a marcha está convocada para sair às 10:00 locais (menos uma hora em Lisboa), com saída do local onde os dois apoiantes foram assassinados na sexta-feira, no centro da capital.

"Se quiserem usar violência [polícia], podem usá-la, mas fiquem saber que depois da vossa violência há de vir algo extraordinariamente mais forte do que vocês todos e vão-se arrepender disso, do mesmo jeito que na década de 60, Eduardo Mondlane, Samora Machel, Joaquim Chissano e tantos outros pegaram armas porque havia gente que estava jorrar sangue de jovens inocentes aqui nesta mesma cidade, hoje vocês estão a substituir os opressores de ontem", acusou.

"Então não esperem que o vosso final seja diferente dos opressores de ontem, da mesma maneira que vocês libertaram os opressores de ontem nós, hoje, podemos nos libertar dos opressores de hoje e temos capacidade de o fazer. Estamos em superioridade numérica", avisou, numa declaração emocionada à comunicação social.

A polícia moçambicana confirmou hoje que a viatura em que seguiam Elvino Dias, advogado do candidato presidencial Venâncio Mondlane, e Paulo Guambe, mandatário do Podemos, partido que o apoia, mortos a tiro, foi "emboscada" e um terceiro ocupante ferido.

O crime aconteceu cerca das 23:20 locais (menos uma hora em Lisboa) de sexta-feira, na avenida Joaquim Chissano, centro da capital, e segundo a polícia um outro ocupante, uma mulher que seguia nos bancos traseiros da viatura, foi igualmente atingida a tiro, tendo sido transportada ao Hospital Central de Maputo.

O advogado Elvino Dias, conhecido defensor de casos de direitos humanos em Moçambique, era assessor jurídico de Venâncio Mondlane e da Coligação Aliança Democrática (CAD), formação política que apoiou inicialmente aquele candidato a Presidente da República de Moçambique, até a sua inscrição para as eleições gerais de 09 de outubro ter sido rejeitada pela Comissão Nacional de Eleições (CNE).

Venâncio Mondlane viria depois a ser apoiado na sua candidatura pelo partido Povo Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), cujo mandatário nacional das listas às legislativas e provinciais, Paulo Guambe, também seguia na viatura alvo do crime.

As eleições gerais de 09 de outubro incluíram as sétimas presidenciais - às quais já não concorreu o atual chefe de Estado, Filipe Nyusi, que atingiu o limite de dois mandatos - em simultâneo com as sétimas legislativas e quartas para assembleias e governadores provinciais.

A CNE tem 15 dias, após o fecho das urnas, para anunciar os resultados oficiais das eleições, data que se cumpre em 24 de outubro, cabendo depois ao Conselho Constitucional a proclamação dos resultados, depois de concluída a análise, também, de eventuais recursos, mas sem um prazo definido para esse efeito.

As comissões distritais e provinciais de eleições já concluíram o apuramento da votação das eleições gerais de 09 de outubro, que segundo os anúncios públicos dão vantagem à Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder) e ao candidato presidencial que o partido apoia, Daniel Chapo, com mais de 60% dos votos, embora o candidato presidencial Venâncio Mondlane conteste esses resultados, alegando com os dados das atas e editais originais da votação, que recolhe em todo o país.

Venâncio Mondlane garantiu na quinta-feira, na Beira, centro de Moçambique, que após o anúncio dos resultados das eleições gerais vai recorrer ao Conselho Constitucional, com as atas e editais originais da votação.

O Governo português, a União Europeia e as representações diplomáticas em Maputo dos Estados Unidos da América, Canadá, Noruega, Suíça e do Reino Unido condenaram estes assassínios, por entre apelos a uma investigação cabal e rápida.

Conosaba/Lusa

sábado, 19 de outubro de 2024

FACULDADE DE SICHUAN DA CHINA ENVIA UMA EQUIPA MÉDICA DE ESPECIALISTAS PARA CANCHUNGO



A equipa médica chinesa que se encontra no país anunciou que o Hospital Afiliado da Faculdade de Medicina do Norte de Sichuan, China, organizou, a 12 de outubro deste ano, uma equipa médica de especialistas para realizar a assistência médica e apoio direto no Hospital Regional de Canchungo, na Guiné-Bissau, marcando a entrada da fase de operação contínua e aplicação de técnicas médicas do projeto.

A vinda da equipa médica chinesa ao país tem como objetivo compreender plenamente os resultados da construção preliminar, planear com os departamentos locais de gestão hospitalar e o hospital a criação de um mecanismo de gestão sustentável, assegurando que o projeto “crie raízes” e desempenhe uma função de “geração de autossuficiência” na área médica, melhorando continuamente a situação da saúde local.

“Esta ação não só aprofunda as relações amigáveis sino-africanas, como também é uma iniciativa significativa na construção de uma Comunidade Global de Saúde, através da cooperação médica entre a China e a Guiné-Bissau”, pode ler-se na nota da equipa médica, que sublinha que essa iniciativa acontece dois anos depois da construção da base dentro do “Mecanismo de Cooperação Hospitalar Contrapartida entre a China-África.

Os médicos chineses admitiram que no quadro do Mecanismo de Cooperação Hospitalar Contraparte entre a China-África, o projeto do Hospital Regional de Canchungo está a avançar firmemente.

O projeto visa melhorar, de forma abrangente, a capacidade de prestação de serviços médicos do Hospital Regional de Canchungo, por meio de apoio técnico, doação de equipamentos, formação de pessoal e melhoria das infraestruturas.

Desde o início da sua implementação em 2021, o projeto já concluiu diversas ações essenciais, incluindo a submissão e implementação “bem-sucedida” do Projeto de Construção da Especialidade de Obstetrícia e Ginecologia, a construção de um bloco operatório modernizado, a renovação da sala de reuniões e o estabelecimento de uma plataforma de telemedicina. Além disso, o hospital chinês recebeu seis profissionais de saúde do Hospital Regional de Canchungo no ano passado, custeando o treinamento e estágios profissionais na China, promovendo a troca bidirecional de tecnologia e talentos. A implementação do projeto não só melhorou significativamente as condições médicas do Hospital Regional de Canchungo, como também formou uma nova geração de profissionais médicos altamente qualificados para a Guiné-Bissau.

Nesta missão, os quatro especialistas enviados pelo Hospital Afiliado da Faculdade de Medicina do Norte de Sichuan são profissionais experientes nas áreas de obstetrícia e ginecologia, cirurgia geral e gestão hospitalar. Eles realizarão uma série de atividades no Hospital Regional de Canchungo, incluindo orientação cirúrgica, treinamento técnico, consultas remotas, manutenção de sistemas e orientação sobre o uso de equipamentos médicos. Além disso, a equipe de especialistas terá diálogos profundos com médicos locais e os departamentos de gestão hospitalar, discutindo a criação de um mecanismo de apoio sustentável que permita a “autossuficiência” no setor da saúde.
Após a chegada à Guiné-Bissau, a equipa de especialistas, juntamente com a equipa médica chinesa que já se encontra no país, fez uma visita ao Ministério da Saúde Pública. Durante o encontro, os especialistas chineses apresentaram o histórico de desenvolvimento do Hospital Afiliado da Faculdade de Medicina do Norte de Sichuan, as suas capacidades de prestação de serviços médicos e os frutíferos resultados da cooperação médica com a Guiné-Bissau. A equipe também relatou ao ministro da Saúde Pública, Pedro Tipote, o processo de candidatura e implementação do Projeto de Cooperação Hospitalar Contraparte entre a China-África, incluindo os progressos alcançados até ao momento e os planos futuros de cooperação. Além disso, forneceram detalhes sobre a agenda desta visita e o estado atual dos trabalhos em andamento.

Por sua vez, o ministro da Saúde Pública, Pedro Tipote, e a Secretária do Estado da Gestão Hospitalar, Maimuna Baldé, acolheram “calorosamente” a equipa e elogiaram a contribuição dos especialistas chineses para a melhoria das condições de saúde na Guiné-Bissau.

O Ministro destacou que o ministério fornecerá total apoio para garantir o sucesso das atividades dos médicos chineses e que está disposto a colaborar com o Hospital Afiliado da Faculdade de Medicina do Norte de Sichuan na formulação de políticas que assegurem a implementação eficaz do projeto.

Por: redação
Conosaba/odemocratagb

Verdadeiro Militante do PRS legítimo de Líder Fernando Dias Durante a primeira reunião de concertação política setorial de Ganadu Círculo eleitoral 14.Entre partidos que constituem coligação (CABAS GARANDI) nomeadamente APU PDGB P.R.S. FREPASNA M.G.D MADEM-G15.

 




(A.P.I)ALIANÇA PATRIÓTICA INCLUSIVA.
Depoimento de Seco Djassi Coordenador de Juventude do Madem-G15, na sector de Ganadú região de Bafatá.Durante a primeira reunião de concertação política setorial de Ganadu Círculo eleitoral 14.
Entre partidos que constituem coligação (CABAS GARANDI) nomeadamente APU PDGB P.R.S. FREPASNA M.G.D MADEM-G15.

V. Mondlane fala sobre o assassinato de seu advogado e do mandatário do Podemos.

 


O evento refere-se ao assassinato do advogado de Venâncio Mondlane, uma figura política moçambicana, e do mandatário do partido político Podemos, no qual ele estava envolvido. 

O crime gerou grande repercussão, dado o contexto de violência política em Moçambique. Tanto Mondlane quanto o Podemos se opõem ao partido no poder, e o assassinato é visto como parte de um ambiente de intimidação política. 

O caso destacou as tensões e a vulnerabilidade de figuras da oposição no cenário político moçambicano.

Kansala News

8 de Novembro de 2024 - UCCLA vai acolher lançamento do livro “Poemas e Contos da Mensagem” de Tomás Medeiros

 

UCCLA vai acolher lançamento do livro “Poemas e Contos da Mensagem” de Tomás Medeiros

Terá lugar no dia 8 de novembro, às 18 horas, o lançamento do livro “Poemas e Contos da Mensagem” da autoria de Tomás Medeiros. Trata-se dos poemas e contos publicados entre o final dos anos 1950 e início de 1960 na revista “Mensagem” de Lisboa, na segunda série da revista “Cultura” de Luanda, e na antologia “Poetas de S. Tomé e Príncipe” da Casa dos Estudantes do Império.


O livro conta com a chancela da Editorial Caminho.


O lançamento do livro terá transmissão, em direto, através da página do Facebook da UCCLA através do link https://www.facebook.com/UniaodasCidadesCapitaisLinguaPortuguesa 


Sinopse:


«Sob o título Poemas e Contos da Mensagem reúnem-se os poemas e contos publicados entre o final dos anos 1950 e o início dos anos 1960 por Tomás Medeiros na revista Mensagem de Lisboa, na segunda série da revista Cultura de Luanda, e na antologia Poetas de S. Tomé e Príncipe da Casa dos Estudantes do Império. Os contos foram publicados sob o pseudónimo de Alves Preto. Este volume inclui também quatro poemas inéditos. O breve ciclo literário que surgiu no seio da revista Mensagem durante a sua segunda série, entre 1957 e 1964, constitui um dos momentos decisivos da produção poética africana em língua portuguesa.»

João Manuel Neves


Biografia do autor:


António Alves Tomás Medeiros nasceu na ilha de São Tomé, São Tomé e Príncipe, em 1931. Instalou-se em Lisboa, em 1946, onde frequentou o ensino secundário e cursou Medicina, tendo estabelecido, desde cedo, fortes relações de amizade com Amílcar Cabral e Mário de Andrade. Foi muito ativo na Casa dos Estudantes do Império, onde assumiu cargos ao nível diretivo desde 1957. Participou nas atividades do Centro de Estudos Africanos, entre 1951 e 1953, na fundação do Movimento Anti-Colonial, em 1957-1958, e na formação de algumas das principais organizações independentistas relacionadas com as colónias portuguesas. Em 1961, integrou o grupo de cerca de 100 estudantes das colónias que fugiriam de Lisboa para Paris. Refugiou-se depois na União Soviética onde concluiu os estudos de Medicina. Foi responsável pelos serviços de saúde das bases do MPLA na frente de Cabinda entre 1964 e 1965. Foi secretário-geral do Comité de Libertação de São Tomé e Príncipe entre 1965 e 1966. Viveu em Argel entre 1966 e 1975. Volta a instalar-se em Lisboa, em 1977, onde vem a falecer em 2019.


Com os melhores cumprimentos,


Anabela Carvalho

Assessora de Comunicação | anabela.carvalho@uccla.pt

Avenida da Índia n.º 110, 1300-300 Lisboa, Portugal | Tel. +351 218 172 950 | 

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