Os casos de "miomas e de infertilidades femininas têm vindo a crescer de forma preocupante na Guiné-Bissau, segundo dados não oficiais recolhidos em centros de saúde do país. Estima-se que quatro em cada dez mulheres atendidas apresentam sinais de mioma uterino, uma condição benigna, mas que pode trazer sérias complicações.
O aumento da infertilidade, sobretudo entre jovens mulheres, também tem preocupado especialistas. Sendo as principais causas apontadas, são abortos repetitivos, infeções não tratadas e incompatibilidade entre parceiros.
A tendência de crescimento destes casos está diretamente, ligada ao desconhecimento da população sobre saúde reprodutiva, e muitas mulheres não têm consciência do próprio estado de saúde, o que leva a diagnósticos tardios e de menor eficácia nos tratamentos.
Em entrevista à Rádio Sol Mansi (RSM), Malafi Quecutó Mané, médico especialista em Medicina Familiar com 12 anos de experiência em gineto-obstetrícia, afirmou que o mioma afeta sobretudo mulheres em idade fértil.
“A principal causa do mioma está relacionada com à hereditariedade. Contudo, fatores como a obesidade também podem contribuir para o seu desenvolvimento”, explicou o clínico.
O médico sublinhou que, embora não seja uma doença fatal, o mioma pode provocar hemorragias, dores intensas e, em alguns casos, infertilidade, quando não tratado de forma adequada.
O aumento dos casos desta patologia reforça, a urgência de campanhas de sensibilização e rastreios ginecológicos periódicos, para facilitar o diagnóstico precoce e o acesso a cuidados médicos adequados, alertou Malafi Quecutó Mané.
Quanto à infertilidade, o clínico-geral Francisco Aleluia Lopes destaca que os maiores fatores de risco, continuam a ser os abortos inseguros e as infeções, principalmente entre as mulheres mais jovens.
Em entrevista concedida à nossa estação emissora, numa altura em que se intensificam os relatos de infertilidade no país, o médico afirmou que estas condições comprometem o futuro reprodutivo de muitas mulheres.
“A fertilidade é naturalmente elevada na Guiné-Bissau, mas os abortos repetitivos, muitas vezes realizados em condições inseguras, têm impacto negativo significativo na saúde da mulher”, alertou o Dr. Francisco Lopes.
Ele acrescenta que, além dos abortos inseguros, infeções recorrentes, má alimentação e uso inadequado de contracetivos, também estão ligados ao agravamento de casos de mioma e infertilidade.
Já em relação à fístula obstétrica, Marliato Condé, presidente do Comité Nacional para o Abandono de Práticas Nefastas, afirmou, que com base em dados não oficiais, cerca de 90% das mulheres que sofrem desta condição, também foram vítimas de mutilação genital feminina.
Face ao agravamento das doenças ginecológicas no país, especialistas apelam a uma resposta coordenada do sistema nacional de saúde, com investimento em educação para a saúde reprodutiva, melhor acesso a serviços especializados e ações de combate a práticas tradicionais nocivas.
Por: Turé da Silva
radiosolmansi.net/

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