sábado, 30 de agosto de 2025

Hospital de Bula ultrapassa capacidade de atendimento e pede intervenção do Governo

 

O Centro de Saúde de Bula está a funcionar acima da sua capacidade, sem meios humanos e materiais suficientes para responder à crescente procura da população, estimada em mais de 30 mil habitantes. A denúncia foi feita pelo diretor da unidade, Celestino Biaguê, que pede a intervenção urgente do Governo para a ampliação do centro e sua elevação à categoria A.

Atualmente classificado como tipo C, o centro apenas realiza atendimentos ambulatórios. Ainda assim, a equipa médica esforça-se para atender casos mais complexos, mesmo que ultrapassem as suas competências formais.

> “A nossa ambição é de atender todos os pacientes. Mesmo quando o doente exige cuidados mais especializados, tentamos dar resposta dentro das nossas possibilidades, antes de o transferirmos para centros de referência”, afirmou Celestino Biaguê em entrevista ao jornal Nô Pintcha.

Segundo o responsável, muitas doenças que poderiam ser tratadas localmente, como o paludismo, a diarreia ou a gripe, são transferidas para hospitais em Bissau ou Canchungo devido à falta de condições técnicas e logísticas. Contudo, nem sempre os pacientes aceitam ser transferidos, optando, por vezes, por tratamentos tradicionais.

> “Com apenas uma sala de observação e quatro camas, atender toda uma população de mais de 30 mil habitantes é um desafio diário. Há momentos em que somos obrigados a tratar doentes em corredores ou mesmo no chão”, lamentou o diretor.

A insuficiência de recursos humanos é outra das grandes preocupações. O centro conta apenas com dois médicos, duas parteiras, um farmacêutico, dois analistas e nove enfermeiros. Para colmatar a falta de parteiras, alguns enfermeiros foram adaptados para auxiliar nos partos.

Em termos de infraestrutura, a maternidade é uma exceção, tendo beneficiado recentemente de um bloco financiado pela Igreja Católica. No entanto, a carência de materiais essenciais — como pinças, tesouras e porta-agulhas — continua a dificultar o trabalho da equipa.

Apesar das dificuldades, Celestino Biaguê destaca alguns progressos, como a reposição regular de medicamentos essenciais e a reparação da ambulância do centro, que esteve inoperacional durante vários meses.

Doenças mais frequentes e desafios sanitários
As doenças mais prevalentes no setor de Bula são o paludismo, a diarreia, a gripe e a tifoide, especialmente durante a época das chuvas. A situação agrava-se devido a hábitos inadequados da população, como o consumo de água imprópria e o não uso de mosquiteiros.

Além disso, o centro tem registado um aumento nos casos de hipertensão e diabetes, associados ao sedentarismo e maus hábitos alimentares. Biaguê sublinha a importância do trabalho de sensibilização feito em parceria com os Agentes de Saúde Comunitária (ASC), que tem contribuído para a melhoria do comportamento sanitário da população.

Outro problema grave é o aumento dos casos de tuberculose. Segundo o diretor, muitos doentes não seguem corretamente o tratamento, o que representa um risco para a saúde pública.

“A maioria dos infetados continua a movimentar-se entre comunidades, recusando cumprir as orientações médicas. Isso dificulta o controlo da doença e pode levar à sua propagação”, alertou.

Celestino Biaguê apelou ainda à população para que procure os serviços de saúde e siga rigorosamente as recomendações médicas. Reforçou também a necessidade de apoio governamental para melhorar a capacidade de resposta do centro e garantir um serviço de saúde digno para todos.

Radio TV Bantaba

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