Mais de duzentos quadros estão reunidos para debater sobre a situação da deterioração da saúde, da educação, das infra-estruturas, da segurança e da fraca total do Estado no setor de São Domingos, região de Cacheu, no norte da Guiné-Bissau.
A primeira conferência dos quadros do setor de São Domingos decorre nos dias 10 e 11 de dezembro e foi organizada pela Associação “Onenoral” dos Filhos e Amigos da Secção de Suzana (AOFASS) sob lema “Setor de São Domingos face aos desafios do desenvolvimento”, e juntou 250 quadros de diferentes secções que compõem aquele setor.
A abertura da conferência contou com a presença de autoridades setoriais e deputados eleitos naquela zona.
Durante dois dias os participantes vão abordar com os especialistas vários temas, de entre os quais: desafios de integração regional VS livre circulação de pessoas e bens; ameaças da erosão costeira na costa marítima do setor; impacto de branqueamento de capital e financiamento de terrorismo nas organizações da sociedade civil e o papel das organizações da sociedade civil no processo do desenvolvimento comunitário e promoção de paz.
Na sua intervenção na abertura da conferência, o Presidente da AOFASS, Tiago Seide, disse que nos últimos anos o setor tem sido confrontado com o aumento de criminalidade, roubo de gado, conflito pela posse da terra, falta de assistência médica e medicamentosa nos hospitais e centros de Saúde, tendo como consequência mortes de crianças e mulheres grávidas.
“Não é segredo para ninguém que não há segurança para os cidadãos e os seus bens no setor de São Domingos, basta olharmos para o número de efetivos das forças de defesa e segurança colocados nesta zona, de Campada a Varela. Esta insensibilidade do governo para com uma zona vulnerável como a nossa, por estarmos na linha fronteiriça, tem permitido o recurso à justiça privada em diferentes Secções que compõem o setor de São Domingos. As pessoas atacam-se mutuamente, usando armas de fogo, sem que o Estado mova nenhuma palha. Aliada a esta situação, está a ausência de um Tribunal no setor. Aliás, havia um tribunal setorial em São Domingos”, criticou.
Neste particular, Seide assegurou que é urgente a criação de mecanismos de patrulhamento permanente das forças de defesa, com vista a proteção da população e os seus bens, bem como a adoção de um plano específico de combate ao roubo de gado.
Exortou ao governo a criar condições materiais e humanas para o funcionamento eficaz do bloco operatório do hospital de São Domingos, e criar um centro de formação técnico-profissional para evitar o êxodo rural que atualmente se verifica.
Apelou à reativação da Associação dos Filhos e Amigos do Setor de São Domingos, através da realização de uma assembleia geral para legitimar os seus órgãos sociais.
O líder da AOFASS recordou que os sucessivos conflitos de posse da terra entre as tabancas da Elia, Arame, Kassu e Djobel têm ceifado vidas inocentes.
Lamentou que o governo continue impotente em resolver o conflito que já dura há décadas, tendo lembrado que a sua organização tem trabalhado em projetos que visam aproximar as partes em conflitos.
Por: Assana Sambú
Foto: Cortesia AOFASS
Conosaba/odemocratagb
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