quinta-feira, 22 de agosto de 2024

Futebol: LGCF LAMENTA A FALTA DA VONTADE POLÍTICA PARA A IMPLEMENTAÇÃO DA LEI DE “MECENATO”


O presidente da Liga Guineense dos Clubes de Futebol (LGCF), Dembo Sissé, lamentou a falta da vontade política para a implementação da lei de “mecenato” para o setor desportivo, que vai permitir a isenção às empresas privadas no pagamento de taxas aduaneiras e de contribuições fiscais em determinados produtos com o objetivo de relançar as políticas desportivas que carecem de financiamentos.

“Já estamos há 50 anos como um país independente, mas até ao momento não foi implementada a lei de mecenato que permite termos um patrocinador para o nosso Campeonato Nacional, no sentido de encorajar as empresas privadas a investirem no setor que vai permitir maior competitividade no futebol da Guiné-Bissau”, afirmou Dembo Sissé, lembrando que a Federação de Futebol é o único patrocinador oficial do futebol do país, através de fundos que tem recebido da FIFA, entidade que dirige o futebol mundial.

”A falta da vontade política dos nossos governantes tem impedido a implementação da lei do mecenato, porque a lei do mecenato foi aprovada e apenas falta a sua regulamentação, mas devido à falta da vontade dos nossos sucessivos governantes não tem sido cumprido”, indicou e disse que a antiga ministra da Cultura, Juventude e Desportos, Ndira Cabral Embaló do executivo liderado por Geraldo Martins estava disposta a implementar o documento, antes de o governo ter sido demitido.

Sissé falava esta terça-feira, 20 de agosto, na sede da LGCF numa entrevista concedida à seção desportiva do Jornal O Democrata, com objetivo de fazer balanço da época desportiva 2023-2024, que recentemente terminou com a realização do jogo da final da Taça da Guiné, entre o Sport Bissau e Benfica e a União Desportiva Internacional de Bissau (UDIB).

Embora tenha lamentado a falta de apoio do governo, o presidente da LGCF lembrou os atores políticos que a implementação da lei do mecenato permitirá ao executivo ajudar o setor do desporto, da cultura e da juventude guineense, porque “o futebol é um instrumento da coesão nacional”.

Sissé, que foi o presidente de Cupelum Futebol Clube, defendeu que para além da implementação da lei do mecenato para o setor desportivo, é fundamental que o executivo invista no processo de desenvolvimento de futebol interno, apoiando os clubes de futebol, permitindo aos clubes competirem em diferentes categorias.

“O executivo deve investir no desenvolvimento de futebol local, apoiando os clubes. Os clubes estão a competir em diferentes camadas, o que acarreta muito dinheiro nas suas deslocações para realizar os jogos das provas nacionais, por isso é fundamental receberem apoio financeiro do governo”, insistiu.

Sissé, que vai completar no mês de outubro de 2024 três anos como presidente da LGCF, assegurou que, apesar da falta da implementação da lei do mecenato, o organismo que lidera está a trabalhar com a empresa de telecomunicações Orange Bissau no sentido de ser, no futuro, a patrocinadora oficial do Campeonato Nacional da primeira divisão.

“Desde o ano passado que chegamos a um acordo com a Orange, mas não assinamos o contrato de trabalho devido ao valor que a empresa pretendia atribuir à LGCF, que nós consideramos ser um valor insignificante, porque não compensa 2% do orçamento para realização do Campeonato Nacional da primeira divisão. Estamos em contato para avaliarmos o valor que foi disponibilizado pela Orange Bissau para permitir que assinemos o acordo com a empresa”, acrescentou Sissé.

Apesar de não revelar o montante que a LGCF espera receber no futuro acordo com a Orange, Sissé revelou que caso se concretize o acordo a empresa vai apoiar os clubes de futebol da primeira divisão com materiais desportivos, melhorando o prémio da prova e o apoio financeiro para permitir as deslocações dos clubes.

Dembo Sissé assegurou também que a LGCF teria sugerido a outra empresa de telecomunicações a MTN para ser a patrocinadora do Campeonato Nacional da segunda liga, mas não conseguiu chegar a um entendimento, uma vez que a empresa estava no processo da venda das suas ações.

Durante a entrevista ao Democrata, o presidente da LGCF abordou vários assuntos da atualidade de futebol, nomeadamente época desportiva 2023-2024, em que o Benfica foi campeão da primeira divisão e o FC Cumura foi campeão da segunda.

O presidente do órgão enalteceu o trabalho dos árbitros ao longo da época desportiva e disse que a LGCF está a trabalhar com a Federação de Futebol no sentido de renovar o acordo que permitiu à instituição que lidera a realizar o Campeonato Nacional da primeira e segunda divisão.

Eleito em 2021, Sissé afirmou que decidiu assumir a presidência do órgão no sentido de criar uma relação saudável com a FFGB para uma mudança do paradigma do futebol nacional nos próximos 4 anos.


Por: Alison Cabral
Foto: AC
Conosaba/odemocratagb.

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