O analista político guineense, Rui Jorge Semedo, afirmou hoje que a instabilidade interna nas formações políticas, sobretudo no Madem-G15, que assumiu o protagonismo de apoiar a assunção de Umaro Sissoco Embaló à Presidência da República, terá reflexos a nível governativo.
“ Os partidos são principais suportes ou gasolina da democracia juntamente com a sociedade civil, mas quando temos esta instabilidade a nível dos partidos, obviamente também que teremos a instabilidade a nível governativo. O Madem-G15, sempre foi de fachada como o grupo maioritário no quadro da nova dinâmica política que surgiu desde 2020, portanto, estamos a aprofundar cada vez mais a instabilidade porque é visível que os partidos não têm autonomia e estão a ser forçados a fazer mudanças fora dos seus regulamentos e estatuto, mas com um suporte extremamente importante, porque a justiça ou seja, os tribunais todos estão alinhados e orientados para legitimar comportamentos ilegais, ante estatutários dos partidos e inconstitucional, portanto, este é o maior perigo que o país corre e que pode pôr em cheque os valores que todos querem quando estamos num processo eleitoral, que é de transparência, justiça e a sua própria credibilidade”, diz argumentando que “ iniciamos um processo que vai culminar com as eleições marcadas, mas num clima de irregularidade e incontestáveis para quem que realmente quer perceber qual é a dinâmica que o país está a atravessar”.
Rui Jorge Semedo, esta segunda-feira, em análise ao último desenvolvimento político no seio do Madem-G15, o segundo maior partido político do país, que neste fim-de-semana, realizou duas reuniões magnas divergentes – um congresso extraordinário e um Conselho Nacional de militantes do Madem-G15.
No entender do politólogo, que igualmente é comentador permanente dos assuntos políticos na Rádio Sol Mansi, a eleição da veterana da guerra da libertação nacional Satú Camará Pinto ao cargo da nova Coordenadora Nacional do Madem-G15, não é uma surpresa.
“Não é surpresa eleger Adja Sato Camará [Pinto] como coordenador deste grupo ilegal do Madem-G15, porque recentemente, foi projetado num outro assalto como presidente da Assembleia Nacional Popular (ANP), então foi promovida inconstitucionalmente e ilegalmente como presidente de ANP e ao mesmo tempo foi dada, a nível do partido, algum reforço para coordenar este projeto ilegal que este grupo de dissidentes está a construir”, afirmou.
Em relação a retirada da confiança política ao presidente da República, Umaro Sissoco Embaló por parte da direção do Movimento para Alternância Democrática (MADEM G-15, liderado por Braima Camará, acusando-o de traição e de apoiar uma fação de dissidentes dentro do partido, Rui Jorge Semedo, afirma que é o mínimo que esta direção podia fazer, desde que não exista a confiança entre as partes.
“Eu penso que era o mínimo que a ala legítima do Madem-G15 devia fazer. Na política, a relação existente é suportado num ambiente de confiança e de transparência e esta ala [liderada por Braima Camará] percebe que o presidente da República nunca foi fiel a filosofia e estratégia do partido e quando é assim, não vale a pena continuar estabelecer uma relação política quer com o grupo ou indivídual. Tendo em conta aquilo que é a relevância da figura do presidente da República, mas depois, se vermos neste curto espaço de tempo qual é a transparência existente na relação entre o presidente e o Madem-G15, basicamente não terá nenhum elemento real e factível para dizer sim senhor há uma relação saudável”, afirma o politólogo.
“O tempo todo [o presidente Embaló] tem procurado como os próprios políticos denunciaram, interferir na vida política ou partidária não só no Madem-G15, mas o PRS denunciou, o APU-PDGB e o próprio PAIGC também denunciaram, portanto quando não é um partido que denunciou mas todos nós que estamos atento com as dinâmicas que atualmente estão a acontecer nos partidos e que no passado não aconteceu, então é bom questionar, quem é o responsável pela toda esta situação? Portanto, quando não há confiança no relacionamento quer do ponto de vista institucional como do ponto de vista pessoal, é importante colocar um ponto ou um fim. Então, acho que Madem, foi suficientemente maduro, porque não estão a beneficiar e até não é preciso beneficiar, mas um distanciamento, que o presidente da República fique apenas na sua baliza e deixe que os partidos façam os seus jogos, o partido vai ganhar e o próprio presidente vai ganhar também”.
A decisão de retirar a confiança política ao Umaro Sissoco Embaló, foi tomada por unanimidade pelo Conselho Nacional, reflete o descontentamento com as ações reiteradas do Presidente contra o partido, incluindo tentativas de influenciar membros a abandonarem suas posições.
No último sábado, a ala descontente com a liderança de Braima Camará a testa do partido, elegeu, Satú Camará Pinto como a nova Coordenadora do MADEM-G15, num congresso não reconhecido pela liderança de Braima Camará.
A crise interna, marcada por divisões profundas e acusações de manipulação política, ameaça fragmentar o partido e pode produzir implicações significativas para a estabilidade política no país.
Por: Braima Sigá/radiosolmansi com Conosaba do Porto
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