Um dos vice-presidentes do Partido Luz da Guiné-Bissau, Badilé Domingos Sami, criticou a incapacidade do Estado e do governo em dar respostas à situação de violência social e étnico-religiosa na Guiné-Bissau e pediu que medidas para travar essas ondas de violências sejam tomadas o mais urgente possível para garantir segurança aos cidadãos.
Badilé Domingos Sami falava esta sexta-feira, 01 de março de 2024, em reação aos acontecimentos do dia 21 de fevereiro relativo aos oito idosos acusados de feitiçaria, na sua maioria mulheres, em Coladje, setor de São Domingos, região de Cacheu, norte da Guiné-Bissau, após terem sido submetidos a uma prática tradicional (ingerir uma poção tradicional) por um vidente e à situação que envolve uma Igreja Evangélica e um lugar de culto tradicional (baloba) em Bissau.
O Partido Luz manifestou a sua solidariedade à comunidade de Coladje e aos familiares das vítimas, por terem sido vítimas de uma situação que “viola gravemente os direitos humanos” e “ameaça a paz social”, lembrando que a falta de presença das autoridades em todo o território tem levado várias comunidades a situações como aquela que aconteceu no norte do país, na localidade de Coladje, setor de São Domingos.
“São Domingos e Coladje não são ilhas fora da Guiné-Bissau. É importante começarmos a olhar para a Guiné-Bissau em toda a sua dimensão, não apenas em Bissau. Desta vez a vítima é Coladje, mas no passado o mesmo ato aconteceu em Suzana e morreram 4 pessoas, mas as autoridades não assumiram nenhuma postura robusta, nem medidas para estancar essa hemorragia que se reproduziu e fez cem porcento de vítimas na secção de Suzana”, referiu, indicando que é uma situação preocupante que deve merecer uma resposta eficaz do governo.
Afirmou que se tivesse havido uma responsabilização judicial forte dos implicados no primeiro caso, essa hemorragia não se reproduziria, porque “as informações que temos indicam que foram as mesmas pessoas de Suzana que voltaram a praticar o mesmo ato em Coladjecom o mesmo modus operandi”.
“Temos as mesmas leis e o mesmo estado. Não pede existir um grupo de pessoas que age à margem das regras que nos movem todos ou pensa que está acima do Estado ou é imune à responsabilização criminal, tomando medidas que lhe convém para solucionar um determinado problema “, criticou.
Badilé Domingos Sami disse que a intervenção do Estado neste caso não foi o suficiente, sem prejuízo aos esforços da Polícia Judiciária, do Ministério do Interior e outras entidades que intervêm nessa matéria, mas defendeu que é preciso adotar medidas substanciais que levem à descoberta deste grupo e a abertura de um processo efetivo de acompanhamento.
O partido Luz da Guiné-Bissau propõe, neste particular, a criação de uma comissão mista de seguimento de todos esses acontecimentos não ao nível do setor de São Domingos, como em outros casos que aconteceram em diferentes pontos do país, por representarem uma ameaça à sociedade.
“O Ministério Público, a Polícia Judiciária e o Ministério do Interior devem trabalhar em sinergias para identificar essas pessoas que continuam livres e a passearem nas suas comunidades como se nada tivessem feito”, defendeu.
Em relação às divergências étnicas e religiosas que se registam no país, Badilé Domingos Sami lamentou que as pessoas religiosas tenham escolhido a violência e agressões, não o diálogo e sublinhou que num estado de direito democrático cada cidadão é livre de fazer a sua escolha.
“Três Balobas foram vandalizadas e a Igreja Evangélica também foi vandalizada. Isso não ajuda em nada e as pessoas têm de ter consciência disso e que a nossa Constituição deixou claro os limites sobre essa questão “, aconselhou
Por sua vez, Vença Yalá, representante do parto luz no Brasil, defendeu que é necessário sensibilizar a camada juvenil sobre as práticas nefastas, sobretudo a polarização política e religiosa.
Por: Filomeno Sambú
Conosaba/odemocratagb
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