A pobreza na Guiné-Bissau atinge mais as mulheres do que os homens, porque têm atividades económicas que geram menos rendimentos, refere um estudo realizado por várias organizações não-governamentais e hoje apresentado em Bissau.
O estudo sobre a condição das mulheres na Guiné-Bissau, conduzido por um consórcio de várias organizações guineenses e portuguesas, inquiriu 400 mulheres com idades entre os 16 e os 80 anos, em todo o país e contou com o apoio da cooperação lusa.
As organizações autoras do estudo são a ACEP (Associação para a Cooperação Entre os Povos) de Portugal, Miguilan (Mulheres da Guiné 'No Lanta' -- Mulheres da Guiné levantai-nos), LGDH (Liga Guineense dos Direitos Humanos) e AMPRPCS (Associação das Mulheres Profissionais de Comunicação Social).
O estudo analisou o quadro legal sobre a igualdade de género, o acesso à educação, o papel da mulher nas instituições, a violência de género, a divisão de tarefas domésticas e o papel da mulher na economia na Guiné-Bissau.
Segundo o estudo, a pobreza incide maioritariamente sobre a camada feminina entre a população guineense, numa média de 69,3%.
"As mulheres continuam a ser o grupo particularmente vulnerável quer no que diz respeito ao acesso aos meios de produção, como aos bens, serviços, educação, saúde e formação", lê-se no relatório do estudo.
O documento realça ainda o facto de que, apesar de desenvolverem atividades económicas, uma pouca percentagem de mulheres guineenses possui uma conta bancária e que a grande maioria participa do sistema de 'abotas' -- quotizações comunitárias ou entre pessoas do mesmo ambiente laboral.
O estudo conclui ainda que a grande maioria de mulheres guineenses têm informações de que podem recorrer aos serviços de saúde em caso de necessidade, mas acabam por não recorrer àqueles serviços devido ao pagamento dos cuidados e à distância entre as comunidades e centros de saúde.
A taxa do analfabetismo continua a ser elevada entre a população do sexo feminino, os rapazes continuam a ser privilegiados para seguirem o percurso escolar pela grande maioria da família guineense e o casamento de raparigas de tenra idade ainda é uma prática recorrente, refere ainda o estudo.
O inquérito concluiu que a mulher detém preponderância na sociedade guineense, o que se vê no facto de 23% das famílias serem atualmente chefiadas por mulheres, número que sobe nos centros urbanos, nomeadamente em Bissau, onde ascende aos 31%.
O estudo refere ainda que apesar da existência de leis que proíbem a Mutilação Genital Feminina, que criminalizam a violência doméstica, que estabelecem uma quota mínima nas listas de partidos para candidatos a deputados ao parlamento, aquela franja da população guineense continua com menos acesso à justiça, à herança e à terra para o cultivo.
Conosaba/Lusa
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