O chefe da diplomacia são-tomense considerou hoje que países como Portugal e Angola não têm prestado ajuda suficiente ao ensino do português na Guiné Equatorial, país mais recente da comunidade lusófona, e, pelo contrário, "só criticam".
Oministro são-tomense dos Negócios Estrangeiros, Alberto Pereira, falava na receção de cerca de 30 quadros da Guiné Equatorial que vão aprender português e realizar estágios em várias áreas em São Tomé e ajudar na organização da XIV cimeira dos chefes de Estado e dos Governo da Comunidade dos Estados de Língua Portuguesa, que se realizará na capital são-tomense, em 27 de agosto.
"Ainda ontem eu recebi em São Tomé o ministro das Relações Exteriores de Angola [Tete António] [...] quando eu lhe disse, 'Olha, nós recebemos os irmãos da Guiné Equatorial', ele até ficou com vergonha. Ele disse mesmo assim de cara: 'Nós tínhamos prometido isso há muito tempo aos irmãos de Guiné Equatorial, mas só ficou no 'bla,bla,bla', na prática não fizemos nada. Aquilo que vocês estão a fazer é um grande sinal para país que têm maiores condições verem'", disse Alberto Pereira.
Durante a receção no Ministério dos Negócios Estrangeiros são-tomense, na presença do embaixador da Guiné Equatorial, Paulino Bololo, o chefe da diplomacia são-tomense explicou que, para a formação em Língua Portuguesa, o Governo são-tomense conta com a parceria da Embaixada do Brasil no arquipélago que ofereceu cursos gratuitos aos equato-guineenses.
"Portugal sempre diz [...] aceitamos Guiné Equatorial, mas não estão a falar português, mas o quê que eles fizeram realmente para ajudar Guiné Equatorial a falar português? Nada. É só criticar. Um programa como esse eles poderiam muito fazer", referiu o chefe da diplomacia são-tomense.
"Mas eu acredito que toda a CPLP vai ter conhecimento daquilo que estamos a fazer nesse momento em São Tomé e eu acredito que muitos depois vão começar a pensar seriamente e fazer também a mesma coisa. Portanto, essa é uma abertura, um sinal que nós queremos enviar para os nossos irmãos da nossa comunidade que não vale a pena estarmos somente a falar, falar e, na prática, não se ver nada", acrescentou Alberto Pereira.
O diploma sublinhou que São Tomé e Príncipe é "um país pobre", mas o que conta é que é "rico de coração", porque muitas vezes se "pode ter muitas condições financeiras, mas se não tiver um bom coração é mesma coisa que nada".
"Sempre foi a nossa vontade termos esse intercâmbio com os irmãos da Guiné Equatorial, mas infelizmente as circunstâncias anteriores não permitiram que nós pudéssemos materializar essa vontade que existe entre os nossos Estados e os nossos dois representantes", explicou.
O governante admitiu que o processo será uma aprendizagem para os dois países, referindo que "nem tudo vai estar a 100%", mas o Governo são-tomense vai assegurar a integração dos equato-guineenses nas várias equipas de trabalho da cimeira da CPLP, nomeadamente o protocolo, segurança, cozinha e outras.
Até à cimeira, os 30 jovens técnicos da Guiné Equatorial vão realizar estágios em várias instituições são-tomenses, nomeadamente a Presidência da República, Assembleia Nacional, gabinete do primeiro-ministro, Ministério dos Negócios Estrangeiros e na Unidade de Proteção dos Dirigentes do Estado.
Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste são os nove Estados-membros da CPLP.
Um dos compromissos da adesão da Guiné Equatorial à CPLP foi a disseminação do português, a abolição da pena de morte, concretizada no final do ano passado, e maior abertura democrática.
Conosaba/Lusa
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