segunda-feira, 31 de julho de 2023

Senegal: Ousmane Sonko indiciado pelo crime de "apelo à insurreição"

Ousmane Sonko, opositor senegalês. © AFP - MUHAMADOU BITTAYE

No Senegal, Ousmane Sonko, principal opositor do Presidente Macky Sall, foi indiciado pela justiça pela prática de oito crimes cometidos desde 2021, entre eles "apelo à insurreição" e "atentado contra a autoridade do Estado" e foi formalmente detido. A notícia foi avançada por um dos advogados, em entrevista à agência de notícias France Presse.

Sonko foi detido na passada sexta-feira, num episódio que envolveu o alegado "roubo de um telemóvel" a um elemento das forças de segurança.

O opositor de Macky Sall divulgou a sua versão dos factos, numa publicação feita nas redes sociais. Sonko diz que retirou o referido telemóvel porque os agentes o começaram a gravar. Segundo defende, pediu "à pessoa para desbloquear [o telemóvel] e apagar as imagens que captou", algo que lhe foi recusado.

Para além disso, o opositor também anunciou, no domingo, que daria início a uma greve de fome, apelando à população para se "manter de pé" e "resistir".
Autoridades cortam internet porque temem novos protestos

As autoridades decidiram cortar, na manhã desta segunda-feira, a internet móvel devido a apelos feitos nas redes sociais para que os cidadãos se manifestem contra a detenção de Ousmane Sonko. A notícia foi avançada pelo Ministério das Telecomunicações e Economia Digital, num comunicado.

Na referida comunicação, o governo fala em "difusão de mensagens odiosas e subversivas", no contexto de "uma ameaça à ordem pública".


Devido à difusão de mensagens odiosas e subversivas nas redes sociais, no contexto de uma ameaça à ordem pública, o acesso à internet de dados móveis foi temporariamente suspenso, em determinados horários a partir de segunda-feira, 31 de julho", pode ler-se no comunicado.

Apesar destas informações, não foram dados mais pormenores sobre quando é que o acesso à internet, a partir dos telemóveis, será restabelecida.

A Amnistia Internacional já reagiu à decisão tomada pelas estruturas de poder senegalesas, através de uma publicação feita na rede social X, e condenou esta atitude. A organização fala num "atentado à liberdade de informação" e pediu que a internet seja restabelecida.

De salientar que, nos últimos dias, as autoridades já temiam que a população pudesse voltar a sair às ruas em massa para se manifestar de forma violenta.

Em Junho deste ano, a condenação de Sonko a dois anos de prisão pelo crime de corrupação juvenil, mergulhou o país no maior clima de convulsão social de sempre. Perto de de duas dezenas de pessoas perderam a vida durante os confrontos, segundo as autoridades.

Texto por:RFI com Conosaba do Porto

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