sexta-feira, 21 de julho de 2023

O último dos grandes crooners, Tony Bennet, morreu aos 96 anos

O Crooner americano Tony Bennett em Washington, no dia 30 de Outubro de 2010. AP - Carolyn Kaster


Tony Bennett, o último dos grandes crooners americanos, apreciado pela sua presença calorosa e a sua constância ao longo de mais de sete décadas de carreira artística, morreu nesta sexta-feira, aos 96 anos, em Nova Iorque a sua cidade natal, depois de anos a luta contra a doença de Alzheimer, informou Silvia Weiner, a sua agente.

Símbolo da era dourada das grandes vozes do pós-guerra, ele nunca mudou de registo ao longo de 70 anos de carreira em que conheceu períodos altos e também travessias no deserto, antes de regressar às luzes da ribalta a partir dos anos 90 e sobretudo 2000, quando fez duetos marcantes com Amy Winehouse e Lady Gaga.

Nascido a 3 de Agosto de 1926 em Astoria, no bairro de Queens, o mais cosmopolita de Nova Iorque, Anthony Benedetto, de seu verdadeiro nome, deve parte da sua longevidade à sua técnica vocal aprendida com o canto lírico.

Fatos sempre impecáveis e elegância natural, Tony Bennett personificou a música do pós-guerra, sem nunca ficar fora de moda.

Contrariamente ao que sucedeu com Frank Sinatra que criou ou recriou inúmeros títulos míticos e com quem foi frequentemente comparado, os seus grandes clássicos vieram sobretudo no início da sua carreira, nos anos 50, incluindo "Because of You", "Rags to Riches" ou "Cold, Cold Heart".

Com uma presença cénica solar, poucos efeitos numa voz que ia ao essencial, com uma forte influência de vários géneros musicais, em particular o Jazz, Tony Bennett suscitou a admiração de muitos artistas, nomeadamente o próprio Sinatra que dizia dele que ele era "o melhor cantor do show business".

Depois de um período difícil nos anos 70 e 80, devido à toxicodependência e uma overdose em 1979, Tony Bennet, retoma o caminho da fama em 1994 quando grava para o canal de música MTV um"Unplugged", à semelhança do que chegaram a fazer naquela altura artistas mais recentes, como Eric Clapton ou os Nirvana.

A confirmação do seu regresso em força virá alguns anos mais tarde, a partir de 2006, quando lançou o álbum "Duets: An American Classic", uma série de duetos com grandes nomes da música popular, de Stevie Wonder a Bono Vox, que o acompanharam em covers.

Aquando da publicação em 2011 do"Duets II", disco que contem duetos com uma das suas maiores fãs, Amy Winehouse, pouco tempo antes da jovem cantora falecer, ele alcança recordes de vendas nos Estados Unidos.

Anos mais tarde, além de uma colaboração em 2018 com a cantora jazz Diana Krall, em 2014 e ainda em 2021, ele lança mais dois discos, exclusivamente de duetos com outra das suas grandes admiradoras, a cantora pop Lady Gaga, numa incursão elegante e sensível num registo mais jazzy.

Pela voz dos dois artistas, em 2014, o clássico "Cheek to Cheek" chegou a ser número um nos Estados Unidos.Com o álbum de 2021, "Love for sale" que será o seu último, ele acede ao Guinness Book dos recordes por ter sido o artista mais velho a lançar um disco com músicas novas, com mais de 90 anos.

Quando a doença de Alzheimer o impediu de continuar a cantar, ele decidiu aposentar-se na primavera de 2022, ao fim de um percurso artístico durante o qual foi galardoado com nada menos do que 20 Grammy Awards.

Texto por:RFI
Conosaba/rfi.fr/pt

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