Eu sei que este meu artigo não vai ser do agrado de muitos sectores, mas a minha preocupação ano é de agradar este ou aquele ator político, mas sim exprimir aquilo que no meu interior sinto, e que reflete a realidade que vimos vivendo ao longo dos tempos, desde as independências nos anos de 1960 até aos nossos dias, nos países ditos da África Negra, isto é; aqueles que estão situados ao Sul do deserto da Sahara.
Eu condeno o uso da força para o acesso ao poder, isto é, os golpes de estado, para afastar os poderes instalados constitucionalmente. Por isso é que condeno a tentativa de golpe de estado em curso no Níger, contra o Presidente Mohamed Bazoum, eleito democraticamente, neste momento em que escrevo estas linhas.
E com a mesma veemência que também condeno a má governação que se caracteriza pela corrupção, o abuso do poder e o total desprezo à defesa dos sacrossantos dos interesses do povo, o dono do poder, por meio do seu cartão de eleitor.
Os golpes de estado que sugiram no passado e as tentativas de golpe de estado abortadas, tiveram sempre a sua origem na má governação, porquanto os homens africanos que elegemos não defendem os interesses do povo, e muitos, uma vez no poder, passam a comportar-se como déspotas, julgando-se no direito usar e abusar, em vez de contribuir para a promoção do desenvolvimento e do bem-estar das populações.
Quem não deve não teme, e esta máxima aplica-se aos chefes de estado que chegaram ao poder de forma democrática e transparente, votados pela maioria dos eleitores para os servir, e não servir-se para o benefício dos seus familiares e próximos, como acontece na maior parte dos nossos países, na absoluta impunidade devido a existência apenas formal de um poder judicial ao serviço do boss, daquele que se proclama sempre ser o Chefe, o manda-chuvas, o Guide, como gostava de ser tratado o malogrado Mohammar Khaddafi.
A constituição das chamadas forças de intervenção não são a solução para impedir o acesso ao poder por via da força. A resposta a este flagelo, isto é, dos golpes de estado chama-se boa governação. Isso é que devia constituir a maior preocupação dos nossos chefes de estado, muitos dos quais se agarram ao poder e quando o deixam, saem como os mais ricos dos seus países, quando muitos são oriundos de famílias sem posse. O que significa que a única coisa com que o nosso povo se viu libre é o chicote, pois os comportamentos de muitos dos nossos chefes de estado são comparáveis aos proprietários de escravos no passado, que deles faziam impiedosamente o uso que lhes apetecessem.
O golpe de estado em curso no Níger espero que não vai consolidar-se porque não se julfitica, considerando a forma como Presidente Bazoum está a dirigir aquele pais irmão, na linha de continuidade do que vinho fazendo o presidente cessante, Mohammadu Issoufou.
Que os nossos chefes não tenham ilusões de que se não governarem bem, uma vez que o povo que é sempre a grande vítima não tem como defender-se, os seus filhos, os membros das forças de defesa e segurança viram ao seu socorro, derrubando aquele que lhes mantem na miséria absoluta.
Que não tenham ilusões de que nenhuma força de dissuasão pode impedir alguma ação, sendo imperativo abandonar a lógica da má governação e o abuso do poder, e resolver os problemas graves com se depara o povo. Aliás, essas forças estrangeiras nunca vem com mandatos de intervir, e viu-se com o contingente da MISSANG.
A maior força de proteção é o povo, daí a razão porque deve sentir o seu presidente próximo dele, para respirar aquele ar de conforto de que bem necessita para existir condignamente.
Os golpes de estado não são a solução, mas quando intervem não é porque sejam influenciados pelos políticos, como é tendência acusa-los de forma gratuita, mas sim, fartos de verem as populações de que são oriundos, tratadas como lixo e abandonadas à sua sorte.
Abaixo os golpes de estado!
Abaixo a má governação!
Abaixo a corrupção!
Abaixo o abuso do poder!
Abaixo a manipulação da justiça!
Viva a democracia!
Por: yanick Aerton
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