terça-feira, 12 de março de 2024

União de camponeses guineenses contra preço do caju fixado pelo Governo




O presidente da União dos Camponeses da Guiné-Bissau, Upa Gomes, afirmou hoje que a sua organização "está contra o preço fixado" pelo Governo para compra da castanha do caju ao produtor.

Cada quilograma da castanha de caju, principal produto agrícola e de exportação da Guiné-Bissau, não poderá ser comprado ao produtor por menos de 300 francos CFA (0,46 euros), determinou o Governo na semana passada.

Upa Mendes considerou o preço "muito baixo", afirmando que vender a castanha de caju a esse valor "não ajudará a combater a fome" que atinge neste momento "os camponeses, que são a maioria da população" guineense.

"Pedimos ao Governo para que reconsidere a sua posição e apresente um preço que possa normalizar a situação da castanha de caju. Na nossa perspetiva, o preço devia ser de 500 francos CFA [0,76 euros] para cima", declarou.

Confrontado pela Lusa com a preocupação da União dos Camponeses, fonte da direção-geral do Comércio afirmou que o preço fixado pelo Governo "é fruto de um trabalho participado", em que "todos os interessados na fileira da castanha do caju deram a sua opinião".

A mesma fonte notou que o Governo fixou o preço de 300 francos CFA por cada quilograma, "tendo em conta a realidade atual" nos mercados africano e mundial de compra e venda da castanha do caju.

Na sexta-feira, dia 15, está prevista a abertura da campanha de comercialização da castanha do caju, na vila de Bula, a 40 quilómetros de Bissau, numa cerimónia em que é esperada a presença, entre outras individualidades do país, do Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló.

O chefe de Estado guineense presidiu hoje a uma reunião entre o Governo e a Câmara do Comércio, Indústria, Agricultura e Serviços (CCIAS), em que, entre outros temas, foi abordada a próxima campanha do caju.

Fonte do Governo indicou à Lusa que a CCIAS quer que o Governo lhe conceda a gestão da báscula -- balança onde é pesada a castanha a exportar -, autorização para passar a emitir certificado de origem do produto e ainda a controlar o chamado porto seco, local onde são depositados os contentores.

O ministro do Comércio, Orlando Viegas, que não quis entrar em pormenores sobre as exigências da CCIAS, afirmou, no final da reunião, que o Governo vai "ouvir as propostas" e na próxima semana vai instituir uma comissão para analisá-las.

Conosaba/Lusa

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