O ministro do Comércio da Guiné-Bissau, Abas Djaló, acusou hoje os comerciantes do país de "pura má vontade" para diminuírem os preços de produtos de primeira necessidade, apesar das isenções fiscais e aduaneiras concedidas pelo Governo.
Num encontro com os comerciantes em Gabu, a 200 quilómetros a leste de Bissau, o governante explicou que o Governo decidiu baixar de sete para cinco a base tributária de produtos como o arroz, farinha e óleo, mas os preços aumentaram.
Segundo o ministro, o Governo acordou com um importador trazer cerca de 50 mil toneladas de arroz, que estava isento de taxas aduaneiras para baixar o preço no mercado, mas o importador vendia o arroz ao comerciante como se tivesse pagado as taxas.
O governante disse que "o esquema", em vez de ajudar a baixar os preços do arroz, provocou a situação inversa, porque, disse, o importador fez concorrência desleal e ainda lesou o Estado.
Abas Djaló afirmou que os incentivos fiscais e aduaneiros que o Governo tem dado aos comerciantes não estão a ajudar a baixar as taxas.
"Os comerciantes não querem que os preços baixem. Há pura má vontade da parte dos comerciantes" na Guiné-Bissau, notou o ministro, que já propôs ao Governo a mudança de estratégia.
"Escrevi uma carta ao primeiro-ministro a pedir que o Governo reponha a base tributária dos produtos de primeira necessidade e que informe os importadores que podem vender ao preço que quiserem, mas têm de pagar todos os impostos e taxas", defendeu Abas Djaló.
O ministro do Comércio afirmou que a Guiné-Bissau, por ser um país pobre, "está a sentir ainda mais" os reflexos da situação mundial, com a guerra na Ucrânia e a crise energética, mas também as consequências da instabilidade governativa dos últimos anos.
O governante considerou, contudo, que isso não pode ser motivo para que os comerciantes não olhem para a situação geral da população, sobretudo, disse, com as medidas que têm sido propostas pelo Governo.
O preço dos produtos de primeira necessidade na Guiné-Bissau tem aumentado quase todas as semanas.
Um saco de arroz, base alimentar dos guineenses, de 50 quilogramas passou dos 16 mil francos cfa (cerca de 24 euros) para 23 mil francos cfa (cerca de 35 euros).
O ordenado mínimo na Guiné-Bissau é de 50.000 francos cfa (cerca de 75 euros), mas ainda há pessoas que recebem menos do que aquele valor.
Conosaba/Lusa
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