O Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, defendeu hoje em Kiev que África pode "fazer a ponte para o reencontro" entre Ucrânia e Rússia e afirmou que a a posição da Guiné-Bissau em relação à guerra ficou patente na ONU.
Umaro Sissoco Embaló, que visitou Moscovo e Kiev como presidente em exercício da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), disse hoje que tanto a Rússia como a Ucrânia são parceiros, mas "infelizmente estão em guerra neste momento".
"Foi por isso que antes de sair da Rússia [disse isso]. É uma questão inegociável. Não podia ter vindo apenas à Rússia sem passar por Kiev para ver o meu irmão. Eu sou um homem independente. Os meus amigos sou eu que os escolho. São meus amigos. Eu não sou alguém a quem se possa impor amizades", afirmou, numa conferência de imprensa conjunta com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
O chefe de Estado guineense disse também que pode chamar "irmão" ao Presidente ucraniano, como pode chamar o mesmo ao homólogo russo, Vladimir Putin, com quem se reuniu na terça-feira.
"Porque um dia vão encontrar-se. É por isso que nós trouxemos uma mensagem de paz para os nossos dois irmãos. Podemos fazer a ponte para o reencontro", disse, salientando que não se pode ter "outras interpretações" da posição guineense.
"A nossa posição nas Nações Unidas a Ucrânia sabe. O Presidente [Zelensky] acabou de me felicitar pela posição da Guiné-Bissau na Assembleia Geral. Isso demonstra qual é a posição da Guiné-Bissau. Estive ontem [terça-feira] com o Putin. Se o Presidente Putin pensa que a Guiné-Bissau e África podem encontrar uma solução para a paz, nós somos os primeiros a militar por isso", afirmou Umaro Sissoco Embaló.
O Presidente guineense respondia à questão de um jornalista relacionada com alguma ambiguidade na posição da Guiné-Bissau sobre a guerra.
A Guiné-Bissau votou na Assembleia Geral da ONU a favor de uma resolução que condenou as "anexações ilegais" russas de territórios ucranianos.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,7 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 245.º dia, 6.374 civis mortos e 9.776 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
Conosaba/Lusa
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