sábado, 20 de agosto de 2022

Xº Congresso do PAIGC: FORÇAS DE SEGURANÇA IMPEDEM SIMÕES PEREIRA DE ACEDER À SEDE DO PAIGC



As forças de segurança invadiram, no início desta sexta-feira, 19 de agosto de 2022, a sede do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e impediram o seu líder, Domingos Simões Pereira, de aceder à sede. A direção superior dos libertadores tinha convocado para esta manhã uma reunião do Comité Central para avaliar e adotar medidas para fazer face à situação vigente, bem como analisar a situação dos delegados da diáspora ao Congresso.

Simões Pereira que se fazia acompanhar dos membros da direção do partido e do secretariado nacional viu-se impedido de entrar na sede do partido. apesar de ter tentado alguma negociação ”in sitio” com os responsáveis das forças de segurança, não conseguiu passar o cordão policial montado pelas forças de segurança.

O décimo Congresso Ordinário agendado de 19 a 21 do mês em curso, iria iniciar hoje, tendo a cerimónia de abertura ter sido marcada para às 16 horas desta sexta-feira, mas um juiz do Tribunal de Relação, Aimade Sauné, ordenou os libertadores, por meio de um despacho, a suspenderem todos os atos concernentes à realização do seu Xº Congresso Ordinário.

O juiz requisitou as forças de segurança através de outro ofício enviado ao ministro do Estado, do Interior e da Ordem Pública, Botche Candé, pedindo apoio para efetivação da ordem judicial que impede a realização do décimo Congresso Ordinário do PAIGC.

Em declarações aos jornalistas junto do cordão policial montado na parte lateral da sede do partido, Domingos Simões Pereira disse que decidiu falar à imprensa na parte lateral da sede, porque a sua delegação foi impedida de aceder, pela força policial, à sede sem nenhuma ordem judicial e disposição legal que suporte a decisão tomada para impedi-los de realizar o congresso.

“Tivemos informações dessa solicitação ao Ministério do Interior para a não realização do congresso. Ato contínuo, tomamos providências de suspender a vinda dos delegados do interior, convocamos a reunião do Comité Central para organizar as estruturas e reagir à decisão do tribunal, que todo mundo sabe é uma decisão injusta e inexistente”, salientou.

O líder do PAIGC disse não compreender “o PAIGC foi protagonista da independência e da liberdade para o povo guineense é posto hoje em causa no exercício dessa mesma liberdade”.

Domingos Simões Pereira afirmou não ter dúvidas que essa luta política vem das forças contrárias à afirmação do estado de direito democrático, garantindo lutar para que os esforços dos combatentes da liberdade da pátria não sejam em vão.

O líder do PAIGC denunciou que há uma intenção de afastar o seu partido do cenário político nacional e acusa o chefe de Estado, Umaro Sissoco Embaló, de imiscuir-se no processo de realização do décimo congresso do partido. Acrescentou que a decisão tomada à volta do processo para impedir a realização do congresso do partido não tem nada de judicial, nem de jurídico, mas sim “ tudo de político”.
“Todos assistimos, os órgãos de comunicação social e as redes sociais reportaram ontem o número de vezes que o juiz entrou e saiu do tribunal, tentando cometer essa barbaridade que acabou por cometer. O próprio juiz tem consciência que não tem competência para tomar tal decisão, mas foi obrigado a tomá-la. Ele próprio afirmou a várias pessoas que recebeu diretamente a chamada de Umaro Sissoco Embaló a obrigá-lo a assinar a ordem de não realização do congresso”, afirmou.

O líder dos libertadores esclareceu que a luta que o partido está a fazer não é uma luta para o PAIGC, sim, para o povo guineense e “o povo deve compreender que estamos a lutar pela liberdade”.

Apesar de admitir existirem intenções de afastá-lo do cenário político, Domingos Simões Pereira afirma que quem pode fazê-lo “são os dirigentes e militantes do PAIGC, mesmo aqueles que pensam que não devo estar à frente do partido deveriam permitir a realização do congresso para que os delegados, no exercício pleno das suas liberdades, pudessem tomar essa decisão”.

“Mas parece-me que têm consciência que não representam o povo, nem os dirigentes e os militantes do PAIGC”, concluiu.

Por: Filomeno Sambú/ Assana Sambú
Foto: Marcelo Na Ritche
Conosaba/odemocratagb

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