O Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, defendeu hoje serem inaceitáveis as "burocracias" que os cidadãos enfrentam no momento de atravessar as fronteiras entre países africanos vizinhos.
Sissoco Embaló deu o exemplo da Gâmbia e do Senegal, países vizinhos da Guiné-Bissau, onde disse ser incompreensível e inaceitável que seja exigido um "salvo-conduto" (autorização de viagem) para que os cidadãos possam atravessar as fronteiras.
"Estando os três países no espaço da CEDEAO [Comunidade Económica de Estados da África Ocidental], não faz sentido pedir autorização para entrar", nos três países, declarou Embaló.
O chefe de Estado guineense falava no encerramento da Comissão Mista Guiné-Bissau/Gâmbia, realizada em Bissau, entre quarta-feira e hoje, para avaliar futuras áreas de cooperação entre os dois países.
Na reunião, conduzida pelos chefes da diplomacia dos dois países, fonte do Governo guineense disse à Lusa que foram rubricados 10 acordos e memorandos de entendimentos, nomeadamente nas áreas da defesa, segurança, ensino superior e pesquisa científica.
Também foram alcançados entendimentos nos domínios da comunicação social, desporto, cultura e turismo, investimento privado e alfândegas.
Outras áreas apontadas pela equipa técnica carecem de consultas posteriores entre os dois Governos, adiantou a fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros guineense.
Convidado para a cerimónia de encerramento da Comissão Mista, o Presidente guineense disse sentir-se feliz pelos acordos alcançados e exortou os chefes da diplomacia dos dois países a trabalharem para "rapidamente acabar com os entraves na circulação de pessoas e bens".
Umaro Sissoco Embaló adiantou que da parte guineense "serão tomadas disposições" para acabar com exigências de autorização para atravessar as fronteiras e anunciou que vai ser construída, a partir de setembro, uma estrada que irá ligar a Guiné-Bissau ao Senegal.
A Gâmbia é um enclave dentro do Senegal.
"Se um dia quiser ir até a Gâmbia de carro, porque não?", questionou Embaló.
O chefe da diplomacia guineense, Carlos Pinto Pereira, destacou os acordos hoje rubricados com a Gâmbia, enfatizando a importância de ser garantida a mobilidade da população e dos empresários entre os dois países.
"As fronteiras devem estar abertas à hora que for necessário", defendeu Pinto Pereira, que saudou ainda a possibilidade de os cidadãos dos dois países aprenderem a língua oficial de cada um dos Estados.
O dirigente guineense afirmou que o mesmo espírito de cooperação alcançado com a Gâmbia será alargado com o Senegal e a Guiné-Conacri.
A reunião da Comissão Mista entre a Guiné-Bissau e a Gâmbia realizou-se em Bissau 16 anos após a última, que aconteceu em Banjul.
A próxima Comissão Mista será entre a Guiné-Bissau e Marrocos, em data ainda por anunciar.
Conosaba/Lusa
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