quinta-feira, 20 de junho de 2024

Presidente considera “questão menor” demissões no Governo da Guiné-Bissau

O Presidente da República da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, considerou hoje "uma questão menor" as demissões no Governo de iniciativa presidencial de membros ligados ao partido do antigo primeiro-ministro Nuno Nabiam.

O chefe de Estado falava no final de um Conselho de Ministro extraordinário ao qual presidiu e que, segundo disse, não teve na agenda os pedidos de saída do executivo do ministro da Juventude, Cultura e Desporto, Augusto Gomes, do ministro da Energia, Hideberto Infanda, e do secretário de Estado da Juventude, Garcia Biifa.

Os três demissionários pertencem ao partido da Assembleia do Povo Unido -- Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB) e a decisão surge depois de o partido de Nuno Nabiam ter retirado o apoio ao Presidente e ordenado aos militantes que integram o Governo presidencial que saíssem.

O Presidente da República disse que a reunião extraordinária do Conselho de Ministros destinou-se a avaliar a campanha de caju e inteirar o chefe de Estado sobre a visita da delegação do Fundo Monetário Internacional (FMI) para avaliação do programa de resgate financeiro em curso.

As demissões no Governo são para Sissoco Embaló "uma questão menor para discutir num Conselho de Ministros".

"Pediram a demissão, o primeiro-ministro aceitou, quando chegar ao Palácio eu vou assinar o decreto", afirmou.

O Presidente remeteu para o primeiro-ministro, Rui Duarte de Barros, questões relacionadas com as substituições, sem mais comentários sobre as demissões.

Sissoco Embaló disse, no entanto, estar "cansado" do que classificou como "muita infantilidade política" que tem verificado de há um tempo para cá.

Respondendo a vários questões levantadas pelo APU-PDGB e a outras posições políticas que têm sido tomadas nos últimos tempos, Sissoco Embaló começou por dizer que elegeu o combate à corrupção e aqueles que o atacam nada podem apontar-lhe.

"Eu queria que houvesse alguém que tenha coragem de dizer qual é o problema com o Presidente da República, mas ninguém vai dizer isso", afirmou.

O Presidente diz que aqueles que o apoiaram estão agora a atacá-lo e que os apoios que teve não foram gratuitos.

"Eu paguei a quem me apoiou, ninguém me apoiou gratuitamente", referiu, concretizando que há partidos que financiou do próprio bolso com "300, 400 milhões" de francos cfa (cerca de meio milhão de euros).

"Porque é que não dizem isso? Ontem estava tudo bem, hoje o meu bolso está vazio, já não sou ninguém", continuou, acrescentando que não aceita ser chantageado e que o dinheiro que o Presidente angaria "é para construir estradas, escolas, não é para dar a ninguém".

Àqueles que o acusam de ter "sequestrado" o Supremo Tribunal de Justiça, a mais alta instância jurídica guineense, Sissoco Embaló respondeu que só dá posse ao presidente do tribunal.

Disse ainda que o mesmo se aplica ao Procurador-Geral da República, o único nomeado pelo Presidente, enquanto os restantes procuradores têm cargos de carreira.

"Qualquer um depois de comer e ficar com a barriga cheia faz comunicados infantis", disse, acrescentando que quando dissolveu o parlamento, em dezembro de 2023, "pensaram que ia abrir os cordões à bolsa".

"Nunca, O tesouro da Guiné-Bissau é tesouro público, tem regras e forma", enfatizou.

As críticas e contestação surgem, na perspetiva do Presidente, "só pelo gosto de fazer mal ao Umaro".

O chefe de Estado guineense reiterou que dissolveu o parlamento antes do período estipulado pela Constituição, porque "o legislador não prevê tudo", concretamente "tentativa de golpe de Estado e subversão da ordem constitucional".

Aos que defendem que as eleições presidenciais devem decorrer este ano, Sissoco Embaló respondeu que o mandato é de cinco anos e que só terminará no final de 2025 e não em fevereiro (mês em que tomou posse, em 2020, após as eleições de novembro de 2019).

"Quem tem pressa pode esperar, quem não concordar que recorra ao Supremo Tribunal", disse.

O Presidente da República reiterou que não é ditador, nem violento, mas defende que "tem que haver ordem" e que as pessoas e o país precisam de estabilidade.

"Vejam a infraestruturas que estamos a fazer. Hoje no concerto das Nações nenhum outro país faz pouco da Guiné-Bissau", argumentou.

Sissoco Embaló disse ainda que "nunca mais ninguém será morto, nem irão a casa das pessoas para depois as matar".

Conosaba/Lusa

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