sábado, 28 de janeiro de 2023

Ministra dos Negócios Estrangeiros: “ESPANHA RECONHECE QUE A GUINÉ-BISSAU É FUNDAMENTAL PARA A SUA POLÍTICA EXTERNA EM ÁFRICA”

A ministra dos Negócios Estrangeiros, da Cooperação Internacional e das Comunidades, Suzi Carla Barbosa, revelou que o governo do Reino da Espanha reconheceu que, com a assunção de Umaro Sissoco Embaló à presidência da Conferência de chefes de Estado da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), a Guiné-Bissau tornou-se num país fundamental para sua política externa e de cooperação em África.

“A Espanha manifestou a vontade de voltar a estabelecer uma cooperação bilateral ativa com o nosso país. Isso é um ganho e os guineenses têm estado a acompanhar as melhorias na cidade de Bissau, melhoramento de infraestruturas, a construção de estradas e o melhoramento de edifícios na cidade velha, resultado da recuperação da imagem do país e da credibilidade externa, que levou o país à Rússia e à Ucrânia” disse a chefe da diplomacia guineense em entrevista à Rádio Popular para falar sobre a visita do seu homólogo espanhol ao país, bem como do atraso na deslocação de supervisores para a diáspora, no quadro do recenseamento eleitoral e da diplomacia desenvolvida nos últimos tempos junto dos parceiros bilaterais e multilaterais da Guiné-Bissau.

Suzi Barbosa disse que o atraso na ida dos supervisores selecionados para conduzir o processo de recenseamento eleitoral na Diáspora “não é um problema “, apenas é uma questão administrativa.

Esclareceu que o que o governo está a fazer neste momento são pedidos de vistos nas embaixadas correspondentes para que os técnicos selecionados possam deslocar-se, porque “não se pode entrar num terreno alheio sem visto de acesso”.

Suzi Barbosa confirmou ter informações sobre “cobranças ilícitas” que estão a ser feitas na direção-geral da emigração e fronteiras para o cancelamento da antiga gama de passaportes para emissão da nova, já em uso no país.

A governante recomendou a todos os cidadãos vítimas dessa prática a denunciarem essas pessoas, tanto no país como no exterior, porque a decisão saída da reunião do Conselho de Ministros não previa o pagamento para o cancelamento de passaportes.

“A decisão de mudar a gama antiga é do governo, portanto nenhum cidadão deve ser penalizado ou vítima dessa decisão, apenas devem pagar o valor de um passaporte que é fixo e cada embaixada tem esse valor”, assinalou.

DINÂMICA DESTE MINISTÉRIO EM DOIS ANOS É INÉDITA

Questionada sobre a dinâmica da diplomacia guineense nos últimos tempos, Carla Suzi Barbosa disse acreditar que todos os guineenses estão a acompanhar a dinâmica da diplomacia do país, sobretudo depois da eleição do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló.

“A nossa diplomacia tem como um dos objetivos melhorar a condição de vida dos guineenses”, afirmou Barbosa, para quem a dinâmica deste ministério, de 2020 a esta parte, é uma coisa inédita.

Enfatizou que nunca, na história da Guiné-Bissau, o país teve visitas de chefes de Estado como teve com a Presidência de Umaro Sissoco Embaló, lembrando que, em dois anos, mais de 20 chefes de Estado já visitaram a Guiné-Bissau.

“Nenhum chefe de Estado visita um país se não tem algum interesse. A Guiné-Bissau não tem dinheiro para patrocinar essas visitas que tivemos e todos os chefes de Estado que já visitaram o nosso país fizeram-no porque ganharam alguma confiança. É uma capacidade que Umaro Sissoco Embaló tem, cria empatia e transmite confiança”, frisou e disse que essas visitas têm trazido alguns benefícios para o país.

Destacou neste particular o caso concreto da visita do Presidente da França, Emmanuel Mácron, sendo a primeira vez que um chefe de Estado da República francesa visita a Guiné-Bissau, e o primeiro resultado da sua visita é a atribuição à Guiné-Bissau de três ajudas de apoio orçamental, sendo um dos apoios de cinco milhões de euros.

“Em 2022, a França deu-nos uma ajuda de um milhão e meio de euros. Tudo isso revela sinais de confiança que este país tem nas nossas autoridades e no Presidente da República.

Suzi Carla Barbosa revelou que recentemente assinou com o ministério dos negócios estrangeiros de Portugal um protocolo de acordo de apoio orçamental num valor de cinco milhões de euros.

Segundo a diplomata guineense, esses sinais de confiança levaram o Fundo Monetário Internacional (FMI) a concluir que a Guiné-Bissau já reúne as condições para assinar um novo programa com o FMI, o que não acontecia desde 2017.

Para Suzi Barbosa, essa retoma de confiança é fruto de uma “grande diplomacia externa” que o país tem feito para recuperar a confiança dos seus parceiros internacionais.

Lembrou que há 14 anos que um ministro dos negócios estrangeiros da Espanha não vem ao país, porque o nosso país tinha sido retirado da lista dos países prioritários da cooperação espanhola, mas recentemente a Guiné-Bissau recebeu a visita do ministro dos negócios estrangeiros da Espanha.

“Com assunção de Umaro Sissoco Embaló à presidência da conferência de chefes de Estado da CEDEAO, a Espanha reconheceu que a Guiné-Bissau é um país fundamental para a sua política externa e de cooperação em África”, notou.

MINISTRA RECONHECE QUE A SITUAÇÃO DOS GUINEENSES NA DIÁSPORA É PREOCUPANTE

Suzi Barbosa disse que encara a situação dos guineenses na diáspora com muita preocupação.

“Graças à minha insistência, foram suprimidos vistos aos cidadãos guineenses no exterior. Era uma aberração”, criticou, para de seguida defender que o facto de um guineense ter uma segunda nacionalidade não lhe coloca numa situação de vulnerabilidade, quando quer vir para o seu país.

Lembrou que hoje quem tem um passaporte diplomático ou de serviço não precisa de visto, facto que descreveu como um esforço diplomático, melhorar as condições de atendimento nas embaixadas do país, sobretudo a nível consular, para que os guineenses residentes fora tenham acesso a todos os documentos e a todos os serviços nessas entidades.

“Se não existem embaixadas, vamos organizar brigadas conjuntas do ministério dos negócios estrangeiros e a emigração e fronteiras para realizar um trabalho único de emissão de documentos aos guineenses que se encontrem nos países onde não temos embaixadas”, disse, revelando que a Guiné-Bissau conseguiu recuperar a embaixada em Bruxelas que estava em ruínas, que a Câmara Municipal de Bruxelas queria expropriá-la do país.

“Graças ao esforço diplomático do Presidente da República, hoje temos um edifício de chancelaria na Etiópia e em Angola, que nunca tínhamos e pela primeira vez na história do país temos máquinas para produção de passaportes em Luanda e na Rússia”, frisou.

Questionado sobre os guineenses detidos na Venezuela, Suzi Barbosa disse não estar na posse de todas as informações, mas assegurou que as autoridades nacionais estão em contato com o governo venezuelano.

A propósito, Carla Suzi Barbosa revelou ter liderado uma delegação a este país que foi realizar uma comissão mista, na qual ficou decidido que todos os assuntos relacionados com a cooperação e os guineenses detidos seriam resolvidos.

Por: Filomeno Sambú
Cortesia da Rádio Popular
Conosaba/odemocratagb

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