quarta-feira, 25 de maio de 2022

GOVERNO DE INCLUSÃO.

Fui dos primeiros a aplaudir a dissolução do parlamento, não por cinismo, mas porque o desempenho dos deputados estava aquém do esperado, mas estou a ver que serei também dos primeiros a ficar completamente desiludido, uma vez que, à luz daquilo que se desenha, essa montanha ”VAI PARIR RATO”.

O porquê da dissolução do parlamento se vamos assistir a formação de uma autêntica “salada russa”, uma geringonça tal e qual aquela que acabou de ser afastada, como consequência do derrube do parlamento?

Porque é que o jovem General Presidente, que até estes dias está a imitar o imortal Thomas Sankara, ao “tocar a guitarra e a cantar” com o artista cota Fernando Fafé, não assume as suas responsabilidades, escolhendo dentre os melhores quadros deste país para nomear neste governo de iniciativa presidencial?
Porque deve o Primeiro-ministro, cujo partido não ganhou as eleições passadas, que só dispõe de um assento no parlamento e que nem devia estar onde está hoje, e muito menos reconduzido, tem de ser no centro das decisões, ao ponto de, na perspectiva de inclusão, ser encarregue de escrever aos partidos políticos convidando-os a integrar o governo?

Não é que eu esteja contra o PM Nuno, até é uma pessoa que admiro bastante pela coragem e determinação, mas digo sinceramente que o nosso jovem General Presidente nao esta a fazer uma boa leitura dos sinais dos tempos, porque se tudo foi feito através de engenharias atípicas, o que é normal em política, para empurrar para a oposição o partido que ganhou as eleições legislativas de Março de 2019, o PAIGC, ao menos que nomeie um membro do MADEM-15, já agora neste governo de iniciativa presidencial, para chefiar o Governo, ou na pior das hipóteses passar essa responsabilidade ao PRS que contribuiu para que a geringonça se construísse.

Com essa ideia de inclusão que envolve todos os partidos políticos, será que vamos ter um governo do tamanho daqueles do tempo do Mobutu Sese Seko Kuku Ngbendu Wa Za Banga? Com que orçamento para fazer face às despesas de um governo pletórico, num país que está de joelhos, devido à corrupção e ao “laisser-aller”, um país onde a justiça é impotente perante tanta desconstrução, tanta desgraça, tanto crime económico!

Quem é que não sabe que os partidos, aliás, as suas lideranças nessas circunstâncias, quando escolhem ou indicam os seus membros para integrarem o governo, o fazem na base de critérios pouco objetivos, privilegiando as negociatas "na manda bu nome, ma bu na bata dan tanto” (e neste particular há um partido especializado nesse jogo)?

Isso de dizer que o governo tem como único objectivo a organização das eleições legislativas não passa de uma diversão, pois os governos são formados para governar e a organização das eleições, apesar de importante, é apenas uma das tarefas de qualquer governo num regime democrático. 

Será que o governo estaria em funções durante todo esse tempo e a 3 meses de eleições normais, a consumir e não produzir, sob o pretexto de que só deve concentrar-se nos preparativos das eleições, desprezando as outras tarefas?

Na tempestade, ca no tenta tapa mon cu céu pabia djintis panha nan pe. Eleito oh, autoproclamado oh, imposto oh, etc, keki bardadi i di cuma Deus pui dja Nhu General Presidente Umaro diante des povo pa i dirigi si destino.

Por isso, o que os Guineenses gostariam de ver, é de o General Presidente se libertar de certos compromissos e colocar-se acima de interesses político-partidários, nomeando um governo composto de quadros dispostos a mudar a cara deste país, num tempo record. É possível e o General Presidente sabe disso muito bem. Essa seria a melhor receita que o General Presidente poderia encontrar para os males de que padece este país, e se não o fizer que não se engane porque deixará uma memória triste aos seus compatriotas quando já não estiver no exercício.

General, qual é o medo, qual é a hesitação, qual é a mais-valia que esses eternos ministros podem trazer, sobretudo nesta fase em que o maior combate que o PR está a travar é contra a corrupção, o crime organizado, a letargia, o clientelismo, etc. O que é que vai fazer com ministros que, alguns com fraca preparação académica, só recorrem ao tribalismo na nomeação da sua entourage, ministros que só nomeiam quadros dos respetivos partidos, muitas vezes sem nenhuma preparação, afastando os outros, que em muitos casos são mais bem preparados?
Esperava-se que este governo viesse revolucionar tudo, incluindo aumentar o horário do trabalho para que o Guineense se habitue ao arregaçar das mangas para trabalhar, se necessário, 24/24 horas, pois o país precisa disso.

General Presidente, estive e estarei sempre do seu lado, mas com todo o respeito e consideração, se não nos aparecer com um governo com outras caras, ainda que inclua figuras como o SS, devido a sua experiência, vamos tirar o nosso apoio, porque somos jovens e o nosso maior desejo é de ver este país avançar, nao com esses eternos ministros, mas os quadros da sua geração.
VIVA GUINENDADE!
por: Yanick Aerton

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