domingo, 27 de fevereiro de 2022

AUTORIDADES CONFIRMAM FALTA DE VACINAS ESSENCIAIS PARA AS CRIANÇAS E GRÁVIDAS

[ENTREVISTA_fev.2022] O diretor do Serviço de Imunização e de Vigilância Epidemiológica/ Programa Alargado de Vacinação (PAV), Humberto Imbunde Intchala, confirmou a falta de vacinas essenciais para as crianças menores de 12 meses e para futuras mães.

Humberto Imbunde Intchala disse que o país está com falta das seguintes vacinas essenciais: antitetânica (Td/TT), antisarampo (VAS), contra a Tuberculose (BCG) e contra a Poliomielite há quase um ano, porque “o governo está com dificuldades para conseguir comprá-las”.
Em entrevista concedida ao semanário O Democrata, o médico explicou que o calendário vacinal da Guiné-Bissau conta apenas com nove vacinas, nomeadamente: as vacinas contra a pneumonia (PCV), a Poliomielite Injetável (VPI), a Tuberculose (BCG), Anti Sarampo (VAS), Toxóide Tetânica (Td/TT), Rotavírus contra diarreia, Pólio oral (VPO), Antiamarílica (VAA) e Pentavalente (PENTA).

Na mesma entrevista, informou que as seguintes quatro vacinas são requisitadas com fundos do governo guineense, mas que estão em ruptura há quase um ano. Trata-se da vacina contra a Infecção Tetânica (Td/TT), Anti sarampo (VAS), Poliomielite (VPO) e contra a Tuberculose (BCG).

Apesar das dificuldades, Humberto Imbunde Intchala assegurou que o governo está a diligenciar junto do Banco Mundial, a compra dessas vacinas através da UNICEF, entidade que faz as encomendas. As restantes cinco são compradas com apoio dos parceiros, nomeadamente: Gavi, Organização Mundial de Saúde (OMS), Unicef, Solina, Plan Internacional e Banco Mundial.

De acordo com os dados avançados ao nosso semanário, nos últimos anos o governo tem investido anualmente mais de trezentos milhões de francos CFA na compra de vacinas.

Esse investimento, segundo Humberto Imbunde Intchala, varia de acordo com a previsão do número de crianças a nascer durante um ano, fornecido pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), porque “a quantidade anual das doses varia de acordo com estes números”.

Alertou que, com a falta dessas vacinas o país poderá enfrentar surtos de várias doenças contra as quais essas vacinas inoculam as crianças. Com exemplo citou o sarampo, fazendo lembrar que, antes das campanhas de vacinação, o sarampo era a doença que mais causava mortes em crianças.

Explicou que devido a falta dessas vacinas, foram registados alguns casos suspeitos de várias doenças. No caso da poliomielite, registaram-se 4 casos confirmados, três em Bissau e um na região de Biombo.

Humberto Imbunde Intchala informou que, de acordo com a investigação, a causa é derivada da própria vacina , razão pela qual será utilizada um novo tipo de vacina contra a polio na próxima campanha de vacinação na Guiné-Bissau.

“Foram registados 8 casos suspeitos de sarampo em crianças (Bissau e Safim), mas que ainda não tiveram confirmação laboratorial”, afirmou.

Questionado sobre se há testagem das vacinas antes do seu uso, explicou que no país não se fazem análises à qualidade das vacinas, mas que esses aspectos são da incumbência da UNICEF e que apenas seguem instruções dos rótulos.

O epidemiologista realçou a importância da vacina BCG e disse se uma criança não tomar essa vacina, corre grande risco de contrair a tuberculose com facilidade. Também a importância da toxóide tetânica nas futuras mães, o que se não for tomada, o bebé poderá contrair, com facilidade, a doença.

Atualmente, o projeto Saúde de Bandim é que cobre, em parte, a falta de vacinas essenciais com que o país se depara, mas apenas em centros onde atua. Explicou que a sua instituição vai fazer a reposição das vacinas que o projeto está a doar a alguns centros hospitalares.

Os dados estatísticos indicam que o PAV conta com 34 funcionários, entre médicos e enfermeiros epidemiologistas de campo. Tem apenas 5 viaturas para distribuição de vacinas e transporte do pessoal.

Humberto frisou que, com a pandemia da Covid-19, foram introduzidas três novas vacinas, todas contra Covid-19, nomeadamente: AstraZeneca, Sinopharm e johnson & johnson, tendo lembrado que a sua direção apenas apresenta planos logísticos mas não está envolvida na sua compra.

Em termos de balanço, considerou positiva a campanha nacional de vacinação contra a Covid-19, tendo mais adesão da parte da população em comparação em relação à anterior campanha.

Enfatizou que na Guiné-Bissau a vacina tem tido um impacto “positivo notável”, visto que antes da vacina havia mais mortes em comparação com os registos depois da aplicação da vacina, apesar do surgimento de novas variantes e mais registo de casos positivos. Informou que mesmo com a vacina, pode-se contrair o vírus, mas a sua reação será menos agressiva em relação às pessoas não vacinadas.

Relativamente aos antídotos, disse que estão a trabalhar para incluí-lo no calendário vacinal, contudo, disse que a sua inclusão poderá levar tempo.

Por: Epifânia Mendonça
Foto: E.M
Conosaba/odemocratagb

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