sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

LÍDER DO PAIGC QUESTIONA NEUTRALIDADE DE MACKY SALL NAS REUNIÕES DO CONSELHO SUPERIOR DE DEFESA DA GUINÉ-BISSAU


O presidente do Partido Africano da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, questionou a neutralidade do Presidente senegalês, Macky Sall nas reuniões do Conselho Superior de Defesa da Guiné-Bissau.

“Será verdade que o Presidente do Senegal participou em alguma sessão da nossa defesa nacional? A ser verdade, com que propósito e como é que isso reforça a nossa segurança?”, questionou, exigindo respostas.

“Podem estar cientes que, eu enquanto político, não deixarei de questionar e tentar descobrir cada assunto que me preocupa a mim e ao povo guineense”.

Na sua comunicação, esta quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022, na sede do partido, para falar, entre vários assuntos, da sua permanência no país imposta pelo Ministério Pública, Domingos Simões Pereira, denunciou planos internos perpetrados por elementos do partido e a tentativa de eliminá-lo fisicamente, por isso encomendam artigos mal escritos em órgãos de imprensa online, “escritos por próprios camaradas para tentarem nos envolver e com isso nos eliminar”.

O presidente do PAIGC disse ter informações sobre chegada ao país de franco-atiradores.

“Chegou-nos a informação sobre a chegada ao país de franco-atiradores. É verdade, tem a sua anuência, e com que propósito?”, questionou Simões Pereira, para de seguida admitir que pode ser arredado do poder, mas há milhares de guineenses que ainda confiam no seu julgamento e controlo.

Domingos Simões Pereira disse que tudo que está ser orquestrado [acusações contra a sua pessoa e dirigentes do partido, perseguições políticas, atrocidades, ditadura, etc,] tem cobertura dos militares guineenses, tendo sublinhado que o Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA), Biaguê Na N’Tan, está a ser conduzido para algo maior que futuramente será perigoso para o país.

Perante estes fatos, o presidente do PAIGC chamou atenção ao CEMGFA que pode estar a ser usado hoje, mas amanhã é quem terá de responder por tudo que lhe acontecer.

Domingos Simões Pereira disse não ter dúvidas que a sua vida está em risco, assim como de muitas pessoas ao seu redor, por isso fez questão de levar isso ao conhecimento da comunidade internacional, não para pedir proteção, sim, para responsabilizá-los.

“Hoje, a começar por António Guterres, pelo Presidente do Ghana, presidente em exercício da CEDEAO, de Angola, João Lourenço, presidente da CPLP, da União Europeia e de todos os outros países, todos estão informados e avisados. Se algo me acontecer, têm de responsabilizar Umaro Sissoco Embaló”, indicou.

O líder do PAIGC foi muito crítico quanto ao silêncio e o posicionamento do General Biaguê Na N’Tan em relação aos acontecimentos de 1 de fevereiro, o ataque ao Palácio do Governo, e disse que esperava dele exigência de um “inquérito rigoroso e sério” sobre o ocorrido.

“Morreu muita gente nesse incidente e precisamos todos saber sem sombra de dúvidas o que é que aconteceu. Não é a versão Sissoco nem a de Nando Vaz que faz fé, mas um inquérito sério, isento e competente”, defendeu, sublinhando que em vez disso, pessoas foram detidas e casas violadas sem mandado judicial

“Ouvimos ser ordenado a prisão de pessoas, não sabemos baseado em que indícios, casas a serem violadas sem mandado judicial e acusações políticas transformadas em sentenças para cumprimento imediato”, lamentou.

Domingos Simões Pereira acusou Umaro Sissoco Embaló de estar a usar militares para implementar ditadura na Guiné-Bissau, usando slogan “ordens superiores”, que agora voltou a substituir tudo que é a lei, a norma e os procedimentos legais, perseguindo pessoas na calada da noite, alegadamente por serem suspeitas da tentativa de golpe de estado.

“As forças de defesa e segurança não devem apoiar quem comete abusos, atrocidades e age contra a lei, mas sim a integridade territorial”, defendeu e disse que é urgente levantar o estado de calamidade, bem como desbloquear as vias de acesso à sede do PAIGC e, consequentemente, permitir que o partido realize o seu Xº congresso ordinário.

“Quero um fim em tudo isso, nas agressões e invasões sucessivas ao PAIGC”, exigiu.

Por: Filomeno Sambú
Foto: F.S
Enviado do iPhone M
Conosaba/odemocratagb.

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