quinta-feira, 19 de novembro de 2020

O ator e realizador luso-guineense Welket Bungué vence prémio de melhor ator no Festival de Cinema de Estocolmo

O ator e realizador luso-guineense Welket Bungué foi distinguido no Fest
ival Internacional de Cinema de Estocolmo pela prestação no filme 'Berlin Alexanderplatz', foi hoje anunciado.

De acordo com o festival, que termina no domingo, Welket Bungué venceu o prémio de melhor ator em 'Berlin Alexanderplatz', do realizador alemão Burhan Qurbani, e que, por sua vez, foi eleito o melhor filme da competição oficial.

Em 'Berlin Alexanderplatz', que teve estreia mundial em fevereiro no festival de Berlim, Welket Bungué interpreta Francis, um refugiado que chega à Europa depois de um violento naufrágio.

O filme é inspirado num romance escrito em 1929 por Alfred Döblin, e foi um trabalho 'muito desafiante' para Welket Bungué, que não falava alemão, como contou em fevereiro em entrevista à agência Lusa.

"Ao deparar-me com essa aparente limitação tive de incorporá-la, sendo o refugiado que entra neste território e que não se consegue expressar linguisticamente, e isso é um entrave real. Nunca fui refugiado, mas sou filho de migrantes, que foram para Portugal, portanto passámos por esse processo de assimilação linguística e este personagem também", revelou.

Para o ator, que esteve nomeado para o prémio de representação em Berlim, este filme "debate-se muito com as estruturas que imperam no continente europeu e que filtram a entrada de pessoas, mesmo quando estão a fugir de situações de guerra. É também retratada a promiscuidade associada ao asilo e que, embora seja do conhecimento global, é uma temática que ainda não está esgotada".

Welket Bungué nasceu na Guiné-Bissau em 1988, cresceu em Portugal, onde se licenciou em teatro, estudou também no Brasil e recentemente mudou-se para Berlim.

Trabalha em representação há mais de uma década, participou em séries televisivas, como 'Equador', 'Morangos com açúcar' e 'Os filhos do rock', e entrou em filmes como 'Joaquim', do brasileiro Marcelo Gomes, as produções portuguesas 'Cartas da guerra', e Ivo Ferreira, e 'Quarta divisão', de Joaquim Leitão.

É ainda autor e realizador de várias curtas-metragens, entre as quais 'Eu não sou Pilatus', 'Metalheart', premiado este ano no festival internacional de videoarte Fuso, 'Corre que pode, dança quem aguenta', 'Arriaga!' e 'Ex Exploiter Expropriator'.

Assinou ainda o projeto 'Mudança"' estreado no Teatro do Bairro Alto e desenvolvido com a socióloga e deputada Joacine Katar Moreira.

Conosaba com a Lusa

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