Sana Haidara, jovem de 23 anos de idade que padecia de doença mental, terá sido brutalmente espancado por agentes da Guarda Nacional e não resistiu, acabando por morrer na tarde deste domingo.
A morte do jovem esta tarde a caminho do hospital, causou a revolta da população de Camiconde que invadiu o quartel, vandalizou-o.
De acordo com a explicação do presidente da associação de filhos do Setor de Cacine, Abubacar Djau, o malogrado frequentava muito o Comando da Guarda Nacional de Camiconde e fazia alguns serviços, sobretudo era mandado às compras de cigarros e outros produtos por polícias.
Camiconde é uma aldeia do setor de Cacine, região de Tombali, no sul da Guiné-Bissau.
“Um agente da Guarda Nacional chamou o jovem para ir comprar-lhe cigarros e este recusou. Tentaram forçar o jovem que recusou ir fazer o mandado. Então, os dois polícias, Conco e Tcherno, decidiram espancar o Sana, com bastões e cabo de luz, deixando-o com cicatrizes no corpo”, contou ao Democrata o responsável da associação em conversa telefónica, esclarecendo que o sucedido ocorreu na quinta-feira, 03 de agosto.
Abubacar Djau disse que os familiares da vítima ficaram indignados com o sucedido e foram reclamar ao quartel o comportamento dos dois agentes, mas estes assumiram que responsabilizar-se-iam pelo tratamento da vítima e foram comprar alguns medicamentos à vendedores ambulantes.
“A estado do jovem continuou a piorar e a família decidiu levá-lo para o hospital de Cacine, onde também não conseguiu um tratamento eficaz, apesar de o seu estado continuar a piorar a cada momento. Os médicos a decidir a sua evacuação para o hospital com mais condições. E devido a situação em que se encontrava o Sana, os agentes da Guarda Nacional ofereceram usar a viatura do quartel para evacuar o Sana para o hospital de Quebo, mas infelizmente não conseguiram chegar ao hospital e o menino acabou por falecer no caminho, concretamente na zona da aldeia de Candembel, arredores de Guiledje”, contou.
O ativista explicou que até ao momento da entrevista (19h20), o corpo de Sana Haidara não tinha sido levado para a aldeia, porque os agentes têm medo da reação da população que invadiu o quartel depois de ouvir que o Sana falecera no caminho do hospital.
“O anúncio da morte deste menino na tabanca causou uma revolta total da população. Nem os homens grandes conseguiram acalmar as pessoas. Toda a gente se dirigiu para o quartel e cada um pegou numa pedra ou qualquer objeto para atirar contra os policias, mas os agentes não enfrentaram a população e resolveram abandonar o quartel” disse, acrescentando que o Comando de Cacine é que enviou os homens para controlar a situação e estes quando chegaram começaram atirar os tiro para cima.
Em conversa telefónica a O Democrata, o chefe de tabanca de Camiconde, Carlos Lassana Dabó, esclareceu que no momento a população estava revoltada e estava a atirar pedras contra as forças de segurança provenientes de Cacine para manter a segurança.
“Esta situação está fora de controle e não acredito que estas forças conseguirão manter a segurança, por isso nós e juntamente com os familiares do malogrado decidimos que o corpo vai ser sepultado em Cacine, e nem sequer vai chegar à aldeia. Esta decisão não foi fácil, mas foi a própria família que consentiu, devido à revolta da população, porque se o corpo foi trazido para cá, ninguém sabe o que poderá acontecer”, contou.
O chefe de tabanca informou que depois do sucedido, o comandante foi conversar com ele para pedir desculpa, como também engajar-se no tratamento do jovem.
“Infelizmente, o menino não resistiu aos ferimentos e acabou por falecer, porque estava a ser evacuado para o hospital de Quebo” explicou, afirmando que a exigência da comunidade neste momento é a justiça, mas antes estão a trabalhar em colaboração com as forças policiais para tranquilizar a população e evitar situações piores.
Por: Assana Sambú
Conosaba/odemocratagb
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