segunda-feira, 7 de agosto de 2023

Setor de Cacine: MORTE DE JOVEM ESPANCADO POR AGENTES DA GUARDA NACIONAL CAUSA REVOLTA DA POPULAÇÃO

Sana Haidara, jovem de 23 anos de idade que padecia de doença mental, terá sido brutalmente espancado por agentes da Guarda Nacional e não resistiu, acabando por morrer na tarde deste domingo.

A morte do jovem esta tarde a caminho do hospital, causou a revolta da população de Camiconde que invadiu o quartel, vandalizou-o.

De acordo com a explicação do presidente da associação de filhos do Setor de Cacine, Abubacar Djau, o malogrado frequentava muito o Comando da Guarda Nacional de Camiconde e fazia alguns serviços, sobretudo era mandado às compras de cigarros e outros produtos por polícias.

Camiconde é uma aldeia do setor de Cacine, região de Tombali, no sul da Guiné-Bissau.

“Um agente da Guarda Nacional chamou o jovem para ir comprar-lhe cigarros e este recusou. Tentaram forçar o jovem que recusou ir fazer o mandado. Então, os dois polícias, Conco e Tcherno, decidiram espancar o Sana, com bastões e cabo de luz, deixando-o com cicatrizes no corpo”, contou ao Democrata o responsável da associação em conversa telefónica, esclarecendo que o sucedido ocorreu na quinta-feira, 03 de agosto.

Abubacar Djau disse que os familiares da vítima ficaram indignados com o sucedido e foram reclamar ao quartel o comportamento dos dois agentes, mas estes assumiram que responsabilizar-se-iam pelo tratamento da vítima e foram comprar alguns medicamentos à vendedores ambulantes.

“A estado do jovem continuou a piorar e a família decidiu levá-lo para o hospital de Cacine, onde também não conseguiu um tratamento eficaz, apesar de o seu estado continuar a piorar a cada momento. Os médicos a decidir a sua evacuação para o hospital com mais condições. E devido a situação em que se encontrava o Sana, os agentes da Guarda Nacional ofereceram usar a viatura do quartel para evacuar o Sana para o hospital de Quebo, mas infelizmente não conseguiram chegar ao hospital e o menino acabou por falecer no caminho, concretamente na zona da aldeia de Candembel, arredores de Guiledje”, contou.

O ativista explicou que até ao momento da entrevista (19h20), o corpo de Sana Haidara não tinha sido levado para a aldeia, porque os agentes têm medo da reação da população que invadiu o quartel depois de ouvir que o Sana falecera no caminho do hospital.

“O anúncio da morte deste menino na tabanca causou uma revolta total da população. Nem os homens grandes conseguiram acalmar as pessoas. Toda a gente se dirigiu para o quartel e cada um pegou numa pedra ou qualquer objeto para atirar contra os policias, mas os agentes não enfrentaram a população e resolveram abandonar o quartel” disse, acrescentando que o Comando de Cacine é que enviou os homens para controlar a situação e estes quando chegaram começaram atirar os tiro para cima.

Em conversa telefónica a O Democrata, o chefe de tabanca de Camiconde, Carlos Lassana Dabó, esclareceu que no momento a população estava revoltada e estava a atirar pedras contra as forças de segurança provenientes de Cacine para manter a segurança.
“Esta situação está fora de controle e não acredito que estas forças conseguirão manter a segurança, por isso nós e juntamente com os familiares do malogrado decidimos que o corpo vai ser sepultado em Cacine, e nem sequer vai chegar à aldeia. Esta decisão não foi fácil, mas foi a própria família que consentiu, devido à revolta da população, porque se o corpo foi trazido para cá, ninguém sabe o que poderá acontecer”, contou.

O chefe de tabanca informou que depois do sucedido, o comandante foi conversar com ele para pedir desculpa, como também engajar-se no tratamento do jovem.

“Infelizmente, o menino não resistiu aos ferimentos e acabou por falecer, porque estava a ser evacuado para o hospital de Quebo” explicou, afirmando que a exigência da comunidade neste momento é a justiça, mas antes estão a trabalhar em colaboração com as forças policiais para tranquilizar a população e evitar situações piores.

Por: Assana Sambú
Conosaba/odemocratagb

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