sexta-feira, 25 de agosto de 2023

DAS NOMEAÇÕES AO RESGATE DO ARROZ!

 Estive calado, desde a constituição da ANP e do governo, a observar o desenrolar da situação política da Guiné-Bissau. A minha intenção era estar mais tempo calado e estipulei-me a mim mesmo manter esse exercício de observação em silêncio, pelo menos até 31 de Dezembro, para ver que caminhos, posicionamentos e políticas assumirão aqueles sobre quem pendem acusações de crimes de corrupção e roubo do erário público e outros de crimes de usurpação ou limitação de liberdades individuais e agressões físicas aos opositores…

No entanto, em tão pouco tempo, assistimos a dois factos, que acho que não devem passar em branco e devem ser atempadamente denunciados.
Primeiro, tem a ver com a questão da dimensão do atual governo, para não falar da falta de provas dadas da maioria dos seus membros, em qualquer área do saber e da qual foram nomeados, assim como a nomeação em catadupa de assessores e conselheiros da Presidência da República, sem qualquer lógica, apenas como medida de proteção dos amigos… Quer a Constituição do governo na dimensão e qualidade, quer as nomeações para a Presidência, apenas vieram demonstrar ao povo, que os representantes que escolheram para o aparelho do Estado, não estão minimamente preocupados e comprometidos em trabalhar para o desenvolvimento do país e consequente o bem estar do povo, mas sim em se protegerem mutuamente na “mandjuandadi” do controlo do do poder e do cofre do Estado.
A segunda questão que convém denunciar, é a questão da baixa do preço do arroz no mercado, pelo atual governo! Estranhamente, o governo não anunciou antes, nenhuma medida para promover o aumento da produção do arroz, ou o aumento da sua importação e/ou a descida dos custos de importação e armazenamento! O governo quer interferir na comercialização de um bem essencial para o país, fixando o seu preço, sem ter tomado qualquer medida de regulação do mercado, como o aumento da produção ou importação que influenciaria a relação entre a demanda e a disponibilidade da mercadoria, redução dos custos de transporte e seu armazenamento, etc. Ao que parece, o que entendi das explicações dadas, o governo quer tornar-se um intermediário entre os comerciantes e o povo, pagando parte do custo do arroz!
Que saiba, o Estado não pode ser regulador e ao mesmo tempo ter um papel ativo no mercado! Isso é promíscuo e não estimula o mercado nem a competitividade e não passa de mais uma medida demagógica que, como o tal resgate ao Banco num passado recente, poderá servir também para os membros do governo ou os partidos que apoiam o governo arrecadarem algum do erário público, que supostamente serviria para aplicar na medida da descida do preço do arroz!
Começaram mal, mas estaremos atentos ao desenrolar dos factos e sempre dispostos a denunciar…

Por: Dr. Jorge Herbert

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