O general Brice Oligui Nguema é o novo Presidente da transição no Gabão. Próximo do antigo Presidente Omar Bongo Ondimba e até ao golpe de Estado da madrugada de terça-feira chefe carismático e respeitado da Guarda Republicana, Nguema ainda não deu a conhecer nenhum plano para o regresso da normalidade democrática ao país.
Na tarde de quarta-feira, por consenso, Brice Oligui Nguema, foi eleito Presidente da transição no Gabão apos ter afirmado que o Presidente deposto, Ali Bongo, estava "oficialmente reformado". Assim, Nguema que estará por detrás do golpe que levou ao fim da dinastia de 55 anos da família Bongo Ondimba, assume as rédeas do país tendo já restabelecido a ligação internet, assim como a redifusão da RFI e dos canais de televisão France 24 e TV5 Monde, suspensos pelo anterior regime.
Mas quem é este general? Oligui Nguema tem 48 anos e é de etnia Fang por parte do pai. Cresceu principalmente com a mãe, na província Haut-Ogooué, junto à fronteira com o Congo e conhecida como um dos redutos dominados pelo clã Bongo Ondimba. Alguns meios de comunicação alegam mesmo que Nguema será primo de Ali Bongo, não havendo certeza quanto ao grau de parentesco.
O líder dos golpistas ingressou no Exército, sob a protecção do general André Oyini, e formou-se em Marrocos. Entre 2005 e 2009 foi chefe de campo de Omar Bongo Ondimba, seguindo o antigo Presidente, que ficou no poder durante 41 anos, até ao seu leito de morte em Barcelona.
Apesar de apreciado pela sua discrição e eficiência, o então novo Presidente, Ali Bongo, afastou-o das luzes da ribalta, remetendo-o para cargos diplomáticos em Marrocos e no Senegal. Após 10 anos do que muitos disseram à AFP ter-se tratado de uma "travessia do deserto", Brice Oligui Nguema assumiu em 2018 a chefia dos serviços de inteligência do Gabão e seis meses depois passou a liderar a Guarda Repúblicana, a unidade mais poderosa das Forças Armadas do Gabão.
Neste cargo, o general pressionou o Presidente a melhorar as condições de vida dos seus soldados, investindo em melhores estruturas, mais condições para as famílias dos militares e renovação dos alojamentos de função. Assim, pouco a pouco, Brice Oligui Nguema foi recolhendo a confiança dos seus homens e a simpatia dos descontentes com a situação no país.
Em entrevista ao "Le Monde" na quarta-feira, o general, que é conhecido por se manter no anonimato, disse que no Gabão reinava há muito "um grande descontentamento" ampliado pela "doença do chefe de Estado", que em 2018 sofreu um AVC.
"Toda a gente falava, mas ninguém era responsável. Ele não tinha direito a um terceiro mandato. Constituição foi posta de parte, a própria eleição não decorreu da melhor forma. Então o exército decidiu virar a página, tomar nas mãos as suas responsabilidades", disse Brice Oligui Nguema.
Por enquanto, o general e Presidente ainda não deu quaisquer indícios sobre o restablecimento das instituições democráticas no país, aguardando-se um plano célere para a restituição da ordem constitucional no país.
Por: RFI/Conosaba
Sem comentários:
Enviar um comentário