segunda-feira, 15 de março de 2021

RTP ÁFRICA – UM INSTRUMENTO DE NEOCOLONIZAÇÃO CULTURAL AFRICANA?

A interrogação constante do título deste texto, é uma das que gostava de ver Mamadou Ba e Joacine Katar Moreira a fazerem, em vez de defenderem a destruição dos símbolos que representam a História de Portugal. 

Na minha ótica, precisamos conhecer a história de um povo e não destruí-la, para se corrigir o presente e o futuro. Em vez de investir na destruição dos símbolos coloniais, exigir ter “pivôts” negros nas cadeias televisivas portuguesas, porque não olhar atentamente e questionar o princípio da existência de uma Rádio Televisão PORTUGUESA PARA A ÁFRICA! 

Que saiba, esta cadeia televisiva estatal, portanto patrocinada pelos contribuintes portugueses, tem uma vertente cuja programação é dirigida a emigrantes portugueses pelo mundo fora, denominada “RTP internacional”, com possibilidade de ser rececionado em vários países do mundo, inclusive da África lusófona. Pergunto, porque razão então, a existência de um outro canal específico para os africanos lusófonos? Será a necessidade de uma certa manipulação de consciências no sentido de uma neocolonização cultural desses povos?

Já há algum tempo que recuso assistir qualquer programa desse canal televisivo, como forma de protesto e não colaborar com essa tentativa de neocolonização cultural… No entanto, nas redes sociais, vou cruzando com publicações de programas dessa vertente neocolonial da RTP, de assuntos em voga na Guiné-Bissau. Ontem foi o caso! A passar o dedo polegar nas publicações do Facebook, cruzei com a publicação de um programa de nome “Causa e Efeito”... Esse programa, que de forma quase descarada sempre “remou” a favor da corrente política do político guineense patrocinado por um lobbie luso, desta vez, no dia 12/3, perdeu a vergonha e tentou mais uma outra sessão de pura aldrabice aos guineenses menos atentos, sobre a violação da liberdade de expressão na Guiné-Bissau, assente em três casos, tendo o Presidente da Guiné-Bissau como alvo.

Desde já, esclareço que nunca fui apoiante do atual Presidente da República da Guiné-Bissau e repudio os atos de violência como forma de fazer justiça na Guiné-Bissau, mas não aceito ser enganado nem deixar os meus irmãos guineenses serem intrujados por interesses de um pequeno grupo de portugueses, guineenses e cidadãos de outros países lusófonos, saudosistas do neocolonialismo africano…

Quando vejo o infeliz apresentador do programa a começar o programa com um rol de aldrabices, adivinhei tudo o que vinha a seguir! A maior aldrabice no início do programa, foi a referência de António Aly Silva como "Blogger com posições críticas aos detentores dos vários poderes na Guiné-Bissau e que ACOMPANHOU DE PERTO o candidato presidencial e líder do PAIGC."

Quer o infeliz apresentador, como os seus convidados no painel, esqueceram-se de esclarecer aos ouvintes de que Aly Silva, embora detentor de carteira profissional de jornalista, não tem exercido jornalismo nos últimos anos, como tem exercido apenas o bloguismo e a política ativa, posicionando-se descarada e despudoradamente em defesa dos interesses de um líder partidário e, segundo mail’s do próprio líder do PAIGC tornados públicos e não desmentidos, António Aly Silva é por este pago para desinformar os guineenses… Portanto, Aly Silva é um mais um blogger e ativista político do que propriamente jornalista!

 Ainda “esqueceram-se” de informar aos ouvintes que Aly Silva foi vítima da violência que o mesmo vem promovendo já há algum tempo, contra outros políticos e os seus familiares, como é o caso de ter incentivado a agressão da antiga primeira-dama, no contexto da sua participação num evento no Reino Unido… Se o apresentador e os convidados desse painel fossem sérios, esses seriam os pressupostos básicos com que começariam a trabalhar no programa, denunciando-os e colocando-se a margem deles, para dessa forma informarem os ouvintes com isenção, antes de partir no jogo da denúncia da agressão de um jornalista que há muito que não tem exercido jornalismo, mas cujas atividades são políticas e sustentadas por políticos...

Como gostava de ver o Secretário Geral do Sindicato de Jornalistas e o Presidente da Liga Geral do Direitos Humanos da Guiné-Bissau a demarcarem-se das atividades e posições públicas do cidadão e jornalista António Aly Silva, como o facto por todos conhecidos de, durante a presidência de JOMAV, aparecer publicamente a insultar um Presidente da República e a frente de manifestações de caráter puramente político a gritar “JOMAV RUA”.

Se a posição do Secretário Geral do SINJOTEC surpreendeu-me, do Presidente da Liga Geral dos Direitos Humanos em nada me surpreendeu, uma vez que as suas posições tendenciosas já vêm sendo conhecidas, porquanto a LGDH continua a dormir um sono profundo sobre o cadáver de Demba Baldé, assassinado pelo poder defendido pelos protagonistas desse vergonhoso programa. 

Estranhamente, nem a LGDH, nem a RTP África viu no assassinato de um manifestante pacífico de nome Demba Baldé, uma ameaça à liberdade de manifestação e ao pluralismo na Guiné-Bissau! Estranhamente, nem a LGDH nem a RTP África fez um programa para responsabilizar o então Primeiro-Ministro de nome Aristides Gomes e o partido que o nomeou de nome PAIGC, como ameaças à liberdade de manifestação e o pluralismo na Guiné-Bissau!

Durante o programa, foi mais que evidente o esforço do apresentador em fazer os seus convidados responsabilizarem, sem qualquer prova, o Presidente da República da Guiné-Bissau sobre esses casos de violência pública… Na sequência, vi um esforço patético, por parte desses protagonistas, para a responsabilização do Presidente da República pela invasão e destruição de uma estação da Rádio, sem demonstrar qualquer prova desse envolvimento! Mais vergonhoso e degradante, foi ver o responsável máximo do Sindicato dos Jornalistas e da Liga Geral dos Direitos Humanos da Guiné-Bissau a assumirem existirem Rádios a operar na Guiné-Bissau SEM LICENÇA e a insurgirem contra o facto do Presidente da República ter afirmado que mandaria encerrar as estações da Rádio que não adquirirem essa licença num prazo de trinta dias! Se é lícito insurgirem contra essa pretensão do Presidente da República, por não fazer parte das suas funções previstas na Constituição da República, escandaliza-me ver os constituintes desse painel, jornalistas e um jurista, a corroborarem a ilicitude da existência de Rádios a funcionarem a margem da lei na Guiné-Bissau, alguns com insultos e ofensas diretas aos representantes dos órgãos do Estado!

Ainda assisti a outra patética tentativa de colagem do despedimento de um jornalista por não ter obedecido as orientações da sua linha editorial, ao não entrevistar o Presidente da República num jogo de futebol amigável, com a tentativa de condicionamento da liberdade de expressão! 

Gostaria de perguntar ao jornalista João Rosário, apresentador desse triste programa, se acha que não cumprindo as orientações da sua linha editorial no que concerne a política da Guiné-Bissau, não sofria as devidas consequências por parte da Administração da RTP?!

Termino com aquilo que é apenas um pormenor, mas que não deixa de ser curioso, que é a imagem da ponte 25 de Abril projetada por trás do Secretário Geral do Sindicato dos Jornalistas da Guiné-Bissau, que se encontrava em Bolama, uma ilha da Guiné-Bissau que não conheço, mas que dizem ser muito bonita e que decerto tem imagens mais bonitas para representar o local onde se encontrava esse representante dos jornalistas guineenses…

Por favor, parem de tentar aldrabar os guineenses, que já têm quadros suficientemente esclarecidos, para desmontar esse vosso maquiavelismo neocolonial e a exacerbação do complexo de colonizado de alguns africanos.

Jorge Herbert

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