terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

«Amull-Dará!» Senegal corta rede de Internet móvel em dia de marcha silenciosa contra adiamento de eleições

As autoridades do Senegal suspenderam hoje os serviços de Internet móvel no país, dia em que está marcado uma marcha silenciosa contra o adiamento das eleições presidenciais, inicialmente marcadas para 25 de fevereiro, mas adiadas para 15 de dezembro.
"O serviço de dados da Internet móvel vai ser suspenso terça-feira, 13 de fevereiro de 2024, em determinadas faixas horárias", afirmou o ministro das Comunicações, Telecomunicações e Economia Digital, Moussa Bocar Thiam, em comunicado.

Na sequência da decisão governamental, "os operadores de telecomunicações estão obrigados a cumprir com a notificação", acrescentou o ministro.

O governante disse ter tomado esta decisão "devido à disseminação nas redes sociais de várias mensagens de ódio e subversivas que já levaram a manifestações violentas com mortes e danos materiais relevantes".

Na sexta-feira, muitos senegaleses tentaram responder a um outro apelo difundido nas redes sociais, com as forças de segurança a reprimirem o protesto, no qual resultaram três mortos.

Para hoje, às 15:00 locais (mesma hora em Lisboa), está marcada nova manifestação em Dacar, tal como foi anunciado por Abdou Khafor Kandji, porta-voz dos movimentos cívicos que compõem o coletivo Aar Sunu Election ("Protejamos a nossa eleição", na língua wolof).

Já antes as ligações por Internet móvel tinham estado bloqueadas por dois dias, por decisão das autoridades, tendo sido restabelecidas a 07 de fevereiro, numa altura em que o país atravessa um momento de tensão e graves crise política pela decisão do Presidente senegalês, Macky Sal, em adiar as eleições presidenciais, prolongando o seu mandato.

Esta decisão do Presidente foi conhecida em 03 de fevereiro e, horas depois de o parlamento ter começado a debater a lei que sustenta o adiamento das eleições, as autoridades ordenaram o primeiro corte da ligação à Internet móvel.

O adiamento foi justificado com a abertura de uma investigação sobre o processo de validação dos candidatos presidenciais e entre os quais foram excluídas figuras proeminentes como o líder da oposição, Ousmane Sonko, e Karim Wade, filho do ex-Presidente Abdoulaye Wade.

Os deputados apoiantes de Sall e os que apoiam Karim Wade ratificaram o adiamento das eleições para 15 de dezembro e a manutenção do Presidente no seu cargo até à tomada de posse do seu sucessor, 'a priori' no início de 2025.

Conosaba/Lusa

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