sábado, 15 de julho de 2023

Fernando Vaz, "Nando Vaz" porta-voz do Governo guineense nega suspensão das emissões da RTP e RDP África


O Governo guineense, pelo seu porta-voz Fernando Vaz, negou que as emissões da RTP e RDP África tenham sido suspensas, reagindo às perguntas da RFI, após as notícias que davam conta que as emissões tinham sido cortadas devido ao tratamento dado por essas antenas à actualidade política do país.
Ouvinte com rádio nas mãos. Imagem de Arquivo. © AFP - PHIL MOORE

24 horas após as primeiras notícias a abordar a suspensão das emissões da RTP e RDP África, o Governo da Guiné-Bissau reagiu à polémica.

Para Fernando Vaz, porta-voz do Governo, os problemas são técnicos e não houve nenhuma suspensão dessas antenas:

“As emissões, portanto, da RTP África e da RDP África, para que fique esclarecido, não foram cortadas na Guiné-Bissau. Elas não se encontram acessíveis às pessoas devido a problemas técnicos provocados por intensas chuvas e vento que ocorreram no país neste período das chuvas. Como sabe, a Guiné-Bissau é um Estado de direito democrático onde a liberdade de imprensa e de expressão estão garantidas constitucionalmente. 

Estão em normal funcionamento a sua própria rádio, que me telefona e que me está a entrevistar (ndr: RFI - Rádio França Internacional), bem como as outras rádios internacionais e nacionais. Portanto no caso da RTP África e da RDP África, como sabe, nós temos um acordo específico para emissões nas nossas antenas nacionais e quando acontecem avarias, notamos naturalmente que essas emissões são afectadas. Foi o que aconteceu. 

Estão em curso diligências para a reparação mais rápida possível e a retoma normal destas emissões. É o que se passa. Agora o que se diz, o Governo não funciona com o que se diz. Não fiquei surpreendido (ndr: com as notícias) porque já é normal fazer-se tempestade num copo de água na Guiné-Bissau. Política faz-se assim. 

Eu acho que será em breve (ndr: resolvido o problema), mas isto é a minha opinião, eu não sou técnico. Mas penso que estão em curso as operações, então penso que brevemente serão retomadas as emissões”, concluiu Fernando Vaz, porta-voz do Governo da Guiné-Bissau.

Informações davam conta da suspensão das emissões

As emissões da RDP e da RTP na Guiné-Bissau estão suspensas desde quinta-feira. Este encerramento aconteceu alguns dias depois de o Governo ter emitido um comunicado em que dava conta do seu descontentamento com o tratamento dado por estas antenas à actualidade política do país, e nomeadamente a cimeira da CEDEAO recentemente realizada na Guiné-Bissau.

Segundo o comunicado que o Governo da Guiné-Bissau emitiu logo após a cimeira, o canal televisivo RTP-África e a rádio RDP-África têm dado de "forma sistémica" uma cobertura mediática tendenciosa da actualidade política guineense, “permitindo ofensas, acusações desonestas ao Presidente da República da Guiné-Bissau, democraticamente eleito".

Ao "manifestar a sua mais profunda indignação, mais uma vez, de todas as injúrias, difamações e acusações, terminologias levianamente proferidas, por comentadores marginais, frustrados, escolhidos a dedo para o efeito, sem nenhuma base factual, contra o bom nome pessoal, do Chefe de Estado e contra a nação guineense", o governo denuncia a forma como foi relatada a cimeira da CEDEAO em Bissau.

"Ao invés de noticiar de forma positiva a primeira cimeira dos chefes de Estado da África Ocidental a decorrer na Guiné-Bissau, feito que acontece pela primeira vez no País, após cinquenta anos de independência, entende esta gentalha desqualificada visar o Presidente Embaló como forma de amenizar o impacto de mais uma grande vitória para a diplomacia guineense" diz o comunicado governamental em que apela ao "cumprimento das leis editoriais democráticas, livres e justas. 

Desta forma exige a reposição da verdade, sob pena de tomar medidas rectificadoras".

Dias depois deste comunicado, foram suspensas as emissões destes órgãos de comunicação portugueses que numa curta mensagem no seu site referem que se trata de "ordens superiores".

Texto por:Marco Martins
Conosaba/rfi.fr/pt



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