quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

Funcionários dos Correios da Guiné-Bissau denunciam 100 meses de salários em atraso

Os funcionários dos Correios da Guiné-Bissau têm mais de 100 meses de salários em atraso, denunciou hoje o presidente do sindicato do setor, Tefna Tamba, acusando o ministro da tutela de "má-fé".
Em conferência de imprensa, Tamba acusou o ministro dos Transportes e Comunicações, Aristides Ocante da Silva, de "falta de vontade" para pagar 12 dos 100 meses de salários em atraso.

"Este ministro, desde que lá está, não nos pagou 12 meses de salários", afirmou o presidente do sindicato dos Correios, empresa pública guineense, que na prática deixou de funcionar desde o início dos anos 2000.

Tefna Tamba acusou ainda o ministro da tutela de não pretender resolver o "problema da letargia da empresa" ao não dar resposta a uma proposta de um banco comercial de Bissau que pretende reativar os Correios.

De acordo com o sindicalista, o banco apenas pede uma "Carta do Conforto" (um documento de compromisso do Governo) para poder disponibilizar dinheiro para reabilitar os Correios.

"O dinheiro está disponível, mas o ministro diz que tem um outro projeto para viabilizar os Correios, mas que ninguém vê", observou.

O sindicalista defendeu que o património dos Correios, imóveis em Bissau e no interior do país, dá para cobrir o financiamento a ser feito pelo banco e, por isso, disse que não há qualquer risco naquela operação que considera a "salvação da empresa".

Tefna Tamba frisou que "vários funcionários já morreram" e "alguns não conseguem comparecer no serviço" por falta de condições de sobrevivência devido à falta de salário, observou.

O presidente do sindicato considera uma "vergonha total" ver no aeroporto internacional Osvaldo Vieira situações em que as pessoas enviam encomendas, cartas e documentos por passageiros, defendendo que aquela situação coloca em causa a própria segurança do Estado.

"Quem é que sabe o que essas encomendas representam", questionou Tamba.

Se nos próximos dias não houver uma resposta sobre o pagamento de salários e em relação ao andamento da proposta do banco, os funcionários dos Correios prometem realizar uma vigília junto ao gabinete do primeiro-ministro, Nuno Nabiam.

"Vamos lá todos, nós que ainda estamos vivos e conseguimos aguentar e os familiares dos nossos colegas já falecidos", avisou Tefna Tamba.

Uma fonte do Ministério dos Transportes e Comunicações disse à Lusa que "o problema dos Correios está no centro de atenções de todo o Governo".

Conosaba/Lusa

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