quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

Autoridades do Burkina Faso enterram Sankara no local onde foi morto em 1987

Thomas Sankara, Presidente do Burkina Faso assassinado em 1987. © DR
Decorreu esta manhã o novo enterro do corpo do antigo Presidente Thomas Sankara e dos doze companheiros que foram mortos juntamente com ele a 15 de Outubro de 1987. As autoridades do país decidiram enterrar os corpos no próprio local onde foram assassinados, apesar da oposição da família do antigo Presidente que informou há dias que não iria assistir à cerimónia fúnebre.

Mais de 35 anos depois da sua morte, Thomas Sankara e os doze companheiros assassinados juntamente com ele regressaram simbolicamente ao local onde faleceram, durante o golpe que colocou o seu então braço direito, Blaise Compaoré, no poder até à sua própria queda em 2014.

Enterrados uma primeira vez num cemitério da periferia da capital, os corpos tinham sido exumados em 2015 para responder às necessidades do inquérito sobre as circunstâncias da sua morte.

No começo do mês, no dia 4 de Fevereiro, o executivo burquinabê anunciou que os corpos do antigo Presidente Sankara e dos companheiros seriam enterrados desta vez num memorial erguido em sua homenagem no local específico onde foram assassinados, isto apesar da oposição manifestada pela família do antigo chefe de Estado.

A viúva de Thomas Sankara, bem como os dois filhos, não assistiram hoje à cerimónia fúnebre, mas outros membros da família acabaram por estar presentes.

Numa comunicação oficial, logo após o anúncio governamental, a família de Thomas Sankara tinha efectivamente dito que não iria assistir ao funeral e que tinha tentado chegar a um consenso com o executivo sobre o local da inumação, mas que não obteve resposta. Mais recentemente, no passado dia 12, os familiares apelaram novamente o Presidente Traoré para que não se enterrasse o corpo de Thomas Sankara no local "onde foi trucidado".

O exército respondeu que "como militar, o seu corpo pertence às Forças Armadas" e que "enquanto Presidente falecido no exercício das suas funções, o seu corpo pertence inteiramente à Nação".

Recorde-se que no ano passado, ao fim de um processo de seis meses, o Tribunal Militar de Uagadugu condenou à revelia o antigo Presidente Blaise Compaoré a uma pena de prisão perpétua pela sua responsabilidade nas mortes de Sankara e dos seus companheiros. Actualmente, o antigo Presidente Compaoré vive no exílio na Costa de Marfim.

Conosaba/rfi.fr/pt

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