terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

Putin acusa Ocidente de querer acabar com a Rússia "de uma vez por todas"

Vladimir Putin discursa em Moscovo. 21 de Fevereiro de 2023. © via REUTERS / SPUTNIK

Moscovo – A três dias de se completar um ano de guerra na Ucrânia, o Presidente russo proferiu, na manhã desta terça-feira, um discurso dirigido à nação, perante as duas câmaras do Parlamento russo. A alocução acontece um ano depois de ter reconhecido a independência das regiões de Lugansk e Donetsk, no leste da Ucrânia. Para Vladimir Putin, o Ocidente pretende acabar com a Rússia de uma vez por todas.

"As elites ocidentais não escondem que o seu objectivo é impor, como dizem 'uma derrota estratégica à Rússia'. O que é que isto significa? Que significa para nós? Isto quer dizer: acabar connosco de uma vez por todas. Ou seja eles têm a intenção em transformar um conflito local num confronto global. É assim que o entendemos e reagiremos em consequência disso porque, neste caso, estamos a falar da existência do nosso país", começou por dizer o chefe de Estado russo.

Depois, Vladimir Putin garantiu ser impossível derrotar a Rússia no campo de batalha: "Os países ocidentais bem sabem que é impossível derrotar a Rússia no campo de batalha. Por conseguinte levam a cabo uma guerra da informação, uma ofensiva da informação cada vez mais agressiva contra nós."

Durante a sua alocução, que durou uma hora e 45 minutos, o Presidente russo prometeu dar continuidade à sua ofensiva na Ucrânia e não mostrou qualquer sinal de uma desescalada da tensão.

"Passo a passo, com cuidado e consistência, vamos resolver os obstáculos que enfrentamos", referiu o chefe de Estado russo.

Vladimir Putin garantiu ainda que tentou resolver o conflito de forma pacífica, mas que as ações da Rússia acabaram por não ser bem sucedidas.
Rússia suspende participação no acordo New Start

O Presidente russo anunciou ainda durante o discurso, que Moscovo iria suspender a sua participação no acordo New Start, um pacto sobre o desarmamento nuclear, assinado a 8 de Abril de 2010, em Praga, por Barack Obama e Dmitri Medvedev.

Este é o último acordo, em vigor, em matéria de desarmamento nuclear firmado entre a Rússia e os Estados Unidos da América.

A Rússia garantiu estar pronta para retomar os testes de armas nucleares, caso os Estados Unidos também o decidirem fazer. Caso este objetivo vá para a frente, será quebrado um perigoso 'pacto de paz' que vigora desde a Guerra Fria. Esta atitude aumentará, ainda mais, a escalada de tensão entre Moscovo e Washington.
O Presidente russo Vladimir Putin durante o seu discurso à nação em Moscovo, a 21 de Fevereiro de 2023. AP - Dmitry Astakhov
Jens Stoltenberg, secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte, já reagiu às declarações de Putin e lamentou esta decisão, referindo que a Rússia é o país agressor.

"Ninguém está a atacar a Rússia. A Rússia é o agressor. A Ucrânia é vítima de agressão e estamos a apoiar o direito da Ucrânia à autodefesa, um direito que está consagrado na Carta das Nações Unidas. Foi o Presidente Putin que iniciou esta guerra imperial de contestação. É Putin que continua a escalar a guerra", disse, numa conferência de imprensa, rm Bruxelas.

Stoltenberg evidenciou ainda que Moscovo não está a dar quaisquer sinais de estar a "preparar-se para a paz" e disse que o mundo se tornará num local mais perigoso devido à ameaça nuclear.

"Mais armas nucleares e menos controlo de armas torna o mundo mais perigoso", salientou Stoltenberg.

Putin confirma eleições em 2024

Vladimir Putin confirmou, esta terça-feira, que as próximas eleições (regionais e presidenciais) terão lugar em 2024, de acordo com a legislação e regulamentos em vigor, não excluindo uma possível recandidatura ao cargo de Presidente da República, nesse mesmo ano.

O Presidente russo anunciou ainda a criação de um fundo estatal para ajudar as famílias das pessoas que morreram duranta a guerra e prometeu uma ajuda por parte do Estado às empresas privadas.

Conosaba/rfi.fr/pt

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