terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

Apenas 5% de mulheres jornalistas da Guiné-Bissau estão na direção dos órgãos

Apenas 5% de jornalistas do sexo feminino estão em lugares de direção de órgãos de comunicação social na Guiné-Bissau, o que demonstra o "um grave desequilíbrio" no setor, segundo um estudo hoje publicado em Bissau.

O estudo, “Segurança das Mulheres Jornalistas na Guiné-Bissau”, revela que das 12 rádios privadas em funcionamento no país apenas quatro têm mulheres jornalistas em lugares de direção, nomeadamente na Rádio Nossa (da igreja evangélica), Rádio Sol Mansi (igreja católica), jornal No Pintcha e Rádio Jovem.

Os fatores ligados à cultura guineense “que privilegia o homem” são apontados como elementos determinantes por esta situação, considera-se ainda no estudo.

No estudo salienta-se também que a fraca presença de mulheres nos lugares de direção potencia situações de assédio sexual das jornalistas, muitas vezes por parte dos colegas, dirigentes ou das fontes.

Num debate que se seguiu à apresentação do estudo na Casa dos Direitos, vários jornalistas relataram casos de assédio nas redações, situação que a presidente do Sindicato dos Jornalistas e Técnicos da Comunicação Social da Guiné-Bissau, Indira Correia Baldé, disse ser “repugnante e preocupante”.

“Temos de criar um mecanismo de denúncia de assédio nos nossos órgãos. Nada justifica assédio entre colegas de trabalho”, declarou.

No estudo também se apontou para situações de “agressões verbais e ameaças à integridade física” de mulheres jornalistas d, citando os casos da própria Indira Correia Baldé, da RTP-África, e Fátima Tchuma Camará, da RDP e da Rádio Nacional.

As duas jornalistas foram vítimas de agressões verbais nas redes sociais por parte de apoiantes de partidos políticos, que “não gostam da forma como aquelas abordam assuntos da atualidade” do país.

Os resultados obtidos levam-nos a concluir que é fundamental criar condições objetivas para promover a igualdade e equidade de género nas atividades jornalísticas, refere-se no estudo.

Todas estas situações, conclui-se, contribuem para uma fraca liberdade do exercício da profissão de jornalista na Guiné-Bissau sobretudo para as mulheres.

Conosaba/Lusa



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