domingo, 28 de novembro de 2021

Solenidade própria!

 

Eu não acredito que os guineenses não possam entender-se porque sempre se entenderam no passado, e é por isso que conseguiram convergir os esforços para enfrentar as forças coloniais para reconquistar a dignidade confiscada durante os mais de 500 anos da presença colonial, presença essa que não impediu que a resistência anticolonialista continuasse ate ao dia 24 de Setembro de 1973, data em que culminou, com a proclamação da independência nacional, nas Colinas de Boe

e, através  da voz do mítico chefe militar, Kabi Na Fantchamna (João Bernardo Vieira). A partir do estrangeiro, onde neste momento me encontro, tenho seguido os debates das sessões plenárias da ANP mas estou muito preocupado. 

Preocupado, não porque os representantes do povo não estejam a cumprir com os seus deveres, mas sim, com os pronunciamentos que não contribuem para a promoção de um ambiente susceptível de criar as condições para a discussão das grandes questões da actualidade com que a governação se vê confrontada, com vista a procura de consensos para a sua resolução.

Existem muitas questões que tiram o sono aos guineenses, tais como as intermináveis greves nos sectores da saúde e da educação, as péssimas condições das estradas, o custo de vida, o desemprego, a incapacidade de controlo da nossa ZEE (Zona Económica Exclusiva, as reformas que se impõem para tornar o aparelho do estado mais eficaz, “le train de vie” dos governants, que precisa ser revisto, tendo em conta a debilidade da nossa economia, o calvário das nossas bravas mulheres que atravessam as fronteiras a procura de meios para sustentar a família, sendo sujeitas a todos os abusos dos elementos fardados colocados nos postos fronteiriços, situação que devia ser ultrapassada há muito, caso houvesse vontade. 

São essas, entre outras questões, que devem ser debatidas e as soluções encontradas para que o sonho dos pais fundadores se veja finalmente realizado.

Intervir na plenária não deve ser caracterizada por insultos, calunias, difamações e ajuste de contas. Não é preciso ser técnico de Direito para saber que o MP é o detentor da acção penal, e a ele é que devem ser feitas as denúncias, mas com provas evidentes para facilitar o trabalho aos magistrados. Por isso, acho dispensável estar-se a transformar as sessões plenárias em instâncias de julgamentos, por práticas que o interveniente possa considerar de criminais.

Tenho a plena consciência de que não estou a dar nenhuma lição de moral, porque se calhar, à vista de muitos, não sou uma referência positiva. Mas que me seja ao menos reconhecido o direito de exprimir aquilo que me vem da alma. 

Peço aos meus irmãos, camaradas, deputados de todas as bancadas e os não inscritos, para abandonarem a linguagem da violência e enveredar por vias que mais contribuem para consolidar a paz e a frágil estabilidade institucional, porque este povo tem saudades daquele época em que os debates, ainda que quentes, havia respeito mutuo,

e, para as questões que se levantavam, eram sempre encontradas as devidas soluções.

É das saudades dessa época que temos, não por saudosismo, mas porque naquela época, independentemente das diferenças de ponto de vista, quando alguém se dirigia ao próximo, tinha em mente de que esse seu colega era pai de família, com esposa, filhos e um bom nome a defender. 

Apesar de reconhecer o importante papel do um parlamento num Estado de Direito democrático, sou da opinião de que quem de direito deve esforçar-se no sentido de repor as coisas no devido lugar, isto é, a disciplina, o respeito ao próximo, a solenidade própria de um parlamento, o são convívio, e sobretudo, o respeito escrupuloso pelos eleitores.

Os debates no parlamento não devem resumir-se em falar mal ou tentar denigrir a imagem, insultar, anto- ganizar, àqueles que por destino estão hoje a frente das formações politicas ou que desempenharam outrora altas funções no estado, designadamente o USE, PR, o DSP, pdt do PAIGC, o BÁ, pdt do MADEM G15, o JMV, o Cadogo JR, o Papu e outras figuras do pais. 

Não é isso que os guineenses querem. Os guineenses querem, sim, é ver os deputados fiscalizarem a acção governativa de forma a garantir a boa governação. Em relação a  esse papel especifico, os deputados deviam falar de uma só voz, porque a ANP não  deve ser uma simples caixa de ressonância, como acontece nos países francófonos onde  o PR e “some kind of “ Louis XIV, l’Etat c’est moí, mas um “contre pouvoir” que no  quadro dos “checks and balances”, contrubui para que as mais elementares regras da  separação e independência dos poderes sejam respeitadas.

Dai porque não compreendi a razão da rejeição do requerimento do debate de urgência, independentemente de quem o apresentou, porque era uma soberana oportunidade de fazer um etat des lieux para que os governantes pudessem rever a sua cópia e corrigir o tiro.

Dai também porque não entendi por que se esta a insistir na continuidade da ISC, um órgão obsoleta que devia ser extinto há muito tempo e os seus meios alocados a PJ. O Porque da proliferação de órgãos de controlo e de combate a corrupção, se temos a IG das Finanças, o TC, a PJ, a GIABA, a Comissão especializada parlamentar da área? Ou será aquela de job for boys? 

Na altura da sua criação justificava-se, mas depois da avaliação dos resultados, sinceramente, não devemos apoiar a sua continuação, mas sim estar a favor da sua extinção pura e simplesmente. Isso não e “parti pris”, é apenas a opinião de um simples cidadão atento a evolução dos acontecimentos do pais que lhe viu nascer.

E a obrigação de todos os Guineenses, estando ou não no poder, contribuir para termos instituições fortes e não dirigentes mais fortes do que as próprias instituições, porque acabam por tornar-se superditadores, “dupunindu tudu djinti, marandu tudu djintu panu”.

Repensemos a nossa forma de intervir nas plenárias e não só.

Ora cu nona papia no lembra cuma rabo di padja cumprido dimas. Anos tudu i ermons, ca politica dananu mama, na és vida tao curtu. Pa ca no bin burgunha cumpanher amanha!

Sin iara alguin pá i purdan. 

Esta pequena contribuição não tem outro objectivo que o de lembranta nghutur di cuma no dibi di continua mama, pá no dianta, suma cu Nhá garandi Comandante  Manel ta fala ba (Pa si alma continua na canto di gloria, djunto di si cumpanheris  combatentes!).

ENOUGH IS ENOUGH!

FIDJU DI BABOK.

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