quarta-feira, 13 de outubro de 2021

«Nha Fala» "Senti uma imensa tristeza após a derrota da Seleção de Futebol de todos nós "Os Djurtos ", diz o cidadão Tomás Barbosa

 

Quero aproveitar a ocasião para agradecer aos Jogadores, Equipa Técnica, Dirigentes da Federação, Secretaria de Estado dos Desportos, e ao Público, por terem dado o máximo para servir a Pátria e alimentando sonhos aos milhares de guineenses amantes do Desporto. 

Tudo se iniciou quando eu era Secretário de Estado da Juventude, Cultura e Desportos, a Federação na pessoa da Secretária Geral Senhora Virgínia e mais alguns elementos vieram ao meu gabinete com intenção de dar anuência as formalidades de inscrição para a participação da Seleção Nacional de Futebol na eliminatória para a final da Taça da Nação Africana. 

Foi algum de debate com o ex-Chefe do Governo Domingos Simões Pereira, que estava reticente da participação na competição, porque achava de que tínhamos que incentivar a competição interna e alguns anos depois podíamos estar em altura de competir, assistiram o encontro os Assessores Toni Soares da Gama e Maria Conceição Évora, embora no fim foi-nos garantido a disponibilidade 60.000.000 Fcfa, algum que veio acontecer muito tardio o que levou a Secretária Geral portadora do fundo a pagar os subsídios dos jogadores e uma parte das despesas feita pelo Empresário Português, João Faria (Amigo da Guiné-Bissau), da qual manifestamos uma reconhecida gratidão pela forma como assegurou a nossa primeira deslocação as terras da Zâmbia, porque se não fosse o seu apoio nem teríamos condições de viajar, e fundos que garantem o alojamento dos Jogadores, e as despesas de transporte aéreo de 22 jogadores e treinadores
a Zâmbia (Campeã da Africa). 

É de salientar de que o acto ocorreu no Mês de Agosto, em que todo o mundo andava de férias e registava-se a subida de custos de bilhetes. Era na verdade uma aventura para demonstrar aos guineenses de que era possível participar e acreditar de que podemos ser melhores e estar no topo do futebol africano.

Obrigado aos Jogadores que se prontificaram a representar o País e ao nosso guarda-rede "Jonas" por ter defendido o Pênalti no momento crucial e certo, quando estavam já 92min do Jogo.

Os sonhos eram grandes, de estar no Palco de Futebol Africano, demonstrar de que existe o potencial futebolístico que merece a atenção do mundo exterior, e porque não sonhar e catapulta-lo para maior Palco do Futebol Mundial. Na verdade não era uma fantasia, porque se não vejamos, a título do exemplo o campeonato europeu que antecedeu o último, onde o Portugal sagrou-se campeão. Quantos filhos de origens da Guiné-Bissau estavam no palco europeu da competição de Futebol" Evra, Danilo, Indi, Eder...etc e porque não Pogba, que as famílias emigraram muito sedo para a vizinha Guiné-Conakry, por razões da guerra colonial " E ainda, em todos os Países onde haviam estudantes guineenses, nos desafios de futebol ocupavam sempre lugares cimeiros, o que dá argumentos de interrogação como podem ter melhores equipas de estudantes e o vosso País não é conhecido no mundo de Futebol? 

Urge a necessidade de dar a resposta, é a verdade dessa resposta que deram o início no Jogo com a Zâmbia.

Aquele empate de Zambia-0 e a Guiné-Bissau 0,era mais do que um empate, porque tinha o sabor da Vitória, estamos a falar do Campeão de África, nem tínhamos tempo de rodar a Equipa, ainda mais tomando em consideração os tempos despendidos para o destino. E assim se iniciou a verdadeira campanha que resultou na nossa primeira participação no Campeonato Africano das Nações, sem se esquecer as contribuições que vieram do passado, que permitiram o elevar do nível de futebol( Sub-21 de Farinha), mas que por infelicidade nunca chegou a acontecer.
E para que tal acontecer, ou que a Gabão seja uma realidade para o Povo da Guiné-Bissau, era preciso ultrapassar a última barreira que era do jogo com o Congo Brazzaville , porque tínhamos de cumprir o calendário, se não a falta da presença da Seleção dos Djurtos no estádio, não só iria penalizar a Equipa, assim como acarretava multas e sanções pela ausência no jogo. 

De novo a Federação de Futebol, na pessoa do seu Vice-Presidente Senhor Celestino, acompanhado do Senhor Bonifácio e a Secretária Geral - Sra Virgínia na presença do meu Assessor Toni Gama, solicitaram-me para pedir o apoio do Senhor João Faria, visto que as Finanças não estava em altura de poder satisfazer as despesas de estágios, transporte aéreo, e de pagar as dívidas de subsídios em falta com os jogadores, o que também era uma ameaça para a participação e a realização do próprio jogo nas terras congolesas. 

Na realidade conseguimos ultrapassar as barreiras para a nossa participação no jogo, assim como garantir pela primeira vez a entrada da Seleção da Guiné-Bissau (Djurtos), numa fase final da CAN, o que lamentamos é o que nos leva a questionar nos dias de hoje? 

A nossa capacidade financeira de acompanhar os eventos, porque como por exemplo se não tivéssemos o apoio do Empresário Português- João Faria,os sonhos de milhares de guineenses e a até para que o seu Presidente assiste -se a abertura do CAN, algum que nunca aconteceu na história do nosso Povo...E quem não viu o regresso do Presidente José Mário Vaz a Guiné-Bissau, da qual aproveito para lhe agradecer pela sua presença e dedicação, assim como do General Umaro Sissoco Embalo, pela dedicação e o apoio prestado para prestigiar o bom nome da Guiné-Bissau. Embora a minha lamentação é de que o Empresário Português João Faria, até hoje não foi devolvido o seu dinheiro (Dele)num montante de 80.592.000 Fcfa..Faz-me recordar a reunião presidida pelo ex-Chefe do Governo General Umaro Sissoco Embalo, na presença de toda a equipa que preparavam a nossa participação na CAN-2017, falo eu da Federação Nacional, Ministério das Finanças, Ministério dos Desportos, Comissão Organizadora da CAN, onde foram tomadas as decisões e entre quais, para que as Finanças Públicas desse passo no que tange à liquidação das dívidas contraídas. 

Algum que foi prometido para ser após o regresso da Seleção Nacional da CAN, mas é difícil falar de que já foram trocados vários Ministros pertencentes vários Governos, até então nenhum passo foi feito. 

Embora alguns membros no Governo faziam parte do elenco governamental e tinham conhecimento da dívida. O que me leva a questionar para onde queremos ir? Por mais que a Federação quer, por mais que a Secretária de Estado dos Desportos quer, os Jogadores e o Povo, se não nos organizamos melhores nunca vamos atingir os objetivos, porque os obstáculos fazem parte da vida,mas temos que saber ultrapassa-los e encontrar pistas para as resoluções dos problemas . A autonomia financeira é o principal e primordial para o desenvolvimento do sector desportivo e cultural, razão pela qual era o nosso interesse em sentir a presença do Sector Privado, e para tal a aplicação da "Lei de Mecenato " seria algum que iria facilitar não só no domínio desportivo, mas sim como no sector social. Poe-se a questão, quem está preparada para a sua aplicação?
No Ministério dos Desportos, foi criado o Fundo dos Desportos, e que com os jogos tais como Bissau-Games, Totolotos e mais...Poderiam facilitar na arrecadação de receitas...o que permitiria as Finanças respirar na contribuição para os jogos, embora o mais salutar era o estado da Guiné-Bissau introduzir umas taxas, seja ela nos produtos petrolíferos ou consumíveis, mas aprovada pela Assembleia, permitindo o respiro para a sustentabilidade do Desporto Nacional e a Cultura. 

Se falarmos do Desporto Nacional é porque queremos falar do desenvolvimento sã ,que significa ter uma população que pratica desportos, é investir menos na saúde, e investimentos no sector desportivo dá vida a todos os outros sectores, como por exemplo, um evento desportivo galvaniza por si os sectores do Turismo(Hotéis),Transportes, Telecomunicações, Economia Criativa(Mulheres- Mães), e sem contar com a dinâmica dos Víveres...Se tomamos em consideração de que vamos realizar um evento internacional de futebol de Sub-21, termos que ter todos sectores a altura, o que exige de nós a preparação melhor e a iniciativa de construir. 

A independência em termos econômico, faz parte da estratégia que deve ser imprimida para dar confiança aqueles guineenses que nasceram no exterior, e de sangue da Pátria do Amílcar Cabral. 

Quantos talentos guineenses pairam no mundo fora e que hoje são cobiçados pelas Seleções de Gama, do Top mundial… 

Sentimo-nos orgulhosos por termos filhos e filhas de origens da Guiné-Bissau e que podem representar o País, tendo em conta o potencial, mas na base de uma política bem definida que permitiria aproveita-los para servirem a Pátria, se não vão sendo valorizados pelos outros, tais como o nosso irmão Eduard Mendy que treinou com a Seleção e por motivos que desconhecemos é agora internacional pelo Senegal, número 1 da equipa da Chelsea e já Campeão da Europa. O jogo com Marrocos,nos dá para refletir e interrogar o seguinte?

● Porque não realizamos jogos no Estádio 24 de Setembro? E já é basta ter um único Estádio..!

● Porque fomos jogar na Mauritânia?

● Porque os dois jogos da eliminatória foram jogados em Marrocos?

●De quem é a responsabilidade de assumirmos os dois jogos em Marrocos, deixando de fora o próprio Povo da Guiné-Bissau?

● Porque até agora a Seleção possui só Fisioterapeuta e Massagista, onde está a cadeia completa?

●Será que o exemplo do passado na Nigéria, com a Seleção de SUB-21 da Guiné-Bissau, liderada por Farinha, que ganhou a Nigéria(Campeã Olímpica) de Omokashi por 2-0 e foi levado de carro para um campo longínquo e com a alimentação cheia de Malaguetas(Piripiri),onde perderam por 3-0

● Porque os Atletas da Guiné-Bissau, têm sempre de mendigar, como aconteceu com o Midana, Domingas Togna, Holder e vivem sem futuro?

A título de exemplo, que futuro reservamos para as nossas atletas?

Quando temos exemplo da nossa irmã, Domingas Togna - que representou a Guiné-Bissau até ao mundial de atletismo no Japão, em 2007, mas hoje vive do trabalho doméstico e extração de pedra para sobreviver ao lado de dezenas de medalhas e troféus que conquistou

A Guiné-Bissau está nas competições, porque existe o Povo,e sem o Povo não terás a existência do estado.

Se na verdade pretendemos desenvolver o País, então cada guineense deve ter a consciência clara de que todos os sectores são importantes para o desenvolvimento, porque podem servir de catalisador e impulsionar a transformação do País. 

Nos dias de hoje, as equipas apresentam os seus Perfis de Jogos e a nossa equipa da Seleção, precisa de uma boa mobilização,  organização administrativa, logística, técnica e profissional.

Nós rezávamos todos juntos, fazíamos 'Alfatia' juntos e fazíamos oração Evangélica juntos- Porque todos nós somos filhos e descendentes do Profeta Abrão (Obrigado Guiné, pela nação que nos deu).

Bem haja e que Deus abençoe a Nação da Pátria do Amílcar Cabral e dos Combatentes da Liberdade.

Tó Barbosa

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