Por: yanick Aerton
Estamos a fazer tudo, menos debater as questões essenciais que nos
interpelam, nas vésperas deste virar de página, na história política da Guiné-Bissau.
São os insultos, são as calúnias, são as difamações, são os actos teatrais
absurdos, etc., em vez de ouvirmos mensagens que nos permitam avaliar os vários
candidatos nestas eleições presidenciais.
Falar de coisas que nunca existiram no nosso pais, nem na Guine
pré-colonial, na Guine-Portuguesa e nem tão pouco na moderna Guiné-Bissau.
Aquilo que vem sendo veiculado nas redes sociais ou nos órgãos de
comunicação social sobre o tribalismo ou questões de índole religiosa, não
passa de mera diversão. Não existe e jamais existirá.
O que se passa no terreno é absolutamente normal. Desde a introdução do
multipartidarismo, o eleitor Guineense nunca votou com base nos conteúdos
programáticos das candidaturas.
Quando foi fundado o PRS, quem foram os que mais se juntaram a esse
partido? Evidentemente aqueles Guineenses que mais se identificavam com o seu
líder e, coincidentemente, membros da etnia a que pertencia o Koumba. Um
fenómeno natural.
A mesma coisa se pode dizer em relação a uma formação politica criada por
um Fula, um Creolo, um Mandinga, um Manjaco, um Muçulmano ou um Cristão. Isso
não significa que esse acto seja tribalismo.
Alguma vez alguém questionou os 30.000 votos da região de Biombo atribuídos
fraudulentamente ao Presidente Nino, nas eleições em que teve como principal
adversário o Presidente Bacai? É isso também tribalismo?
É uma grande inverdade tentar enganar as pessoas que alguns políticos estão
a promover o tribalismo ou intoxicar a sociedade com questões de pertença
religiosa, porque o povo não é burro e sabe “separar o jóio do trigo”.
Para atacar o adversário, muitos estão a bombardear a sociedade com frases
como: salera cana bai Palácio
. As mesmas pessoas que diziam no passado: Palácio transforma na
Nghaendadi. Na presidência do Jomav, falaram de Djambacusndadi e no vez do
Embalo, fulanis.
Sem nenhum complexo, mas se fosse um Creolo oriundo do perímetro alcatroado
de Bissau zinho, aí, tudo seria considerado “mar de rosas”.
O mais chocante é ver um lunático só sabem incentivar Discursos étnicos nas
redes sociais que dão vozes ao imbecil ” tchamidoris
nas barracas do Portugal ” anda promover insultos raciais ou xenofobia, os
fulas são pessoas do bem como a outras etnias que se encontram na Guiné-Bissau.
Se um muçulmano acede a presidência da república, ele vai levar a
“chaleira” para o Palácio, mas quando o Cristão é eleito presidente da república,
ele não leva nenhum sinal que o identifica com a sua religião? Quando isso
acontece, isso é, a ocupação do Palácio Rosa por um Cristão, isso significa que
o Palácio está entregue em boas mãos.
Essas tentativas de se refugiarem nesses discursos vazios não passa de uma
estratégia de “intoxicar as opiniões dos menos atentos ” os votos dos menos
esclarecidos, quando na realidade esses “caras” como dizem os Brasileiros, são
os mais tribalistas, uns complexados e, em privado, fazem-se de vítimas do
sistema por serem da uma determinada confissão religiosa.
É bom procurarmos ser mais realistas. A medida que os membros de uma
comunidade ganham consciência e compreensão dos grandes desafios que têm a sua
frente, as escolhas passam a ser mais selectivas e, no contexto sobretudo
Africano.
Assim, em igualdade de circunstâncias, optam por escolher aquele candidato
com quem mais se identificam e capaz de defender os seus interesses. É
precisamente o que estamos a verificar nestas eleições presidenciais, em que
cada comunidade preferiu dar o seu voto aquele candidato com quem mais se
identifica e julga capaz de defender os seus interesses.
É só na Guiné-Bissau que uma meia dúzia de gatos-pingados, uma minoria
assimilada e creolizada, conseguiram manipular a maioria durante todos esses
anos. Não é normal uma minoria passar todo esse tempo a manipular a maioria,
como se os seus membros ou a sua elite fossem carneiros, os seus membros se
deixaram “encarneirar”.
Daí a premente necessidade de se criarem universidades públicas, pelo menos
uma em cada província, para permitir que os filhos dessas localidades possam
estudar localmente e formar-se.
A partir daí, nada será como dantes, porque ninguém poderá enganar os
progenitores desses filhos, como se tem verificado nesses anos todos.
Falemos de outra coisa que não seja de tribalismo ou de “religionismo”,
porque é um falso debate. Pura e simplesmente, as pessoas ganharam a
consciência de que o exercício de altos cargos a frente dos grandes partidos
políticos, do Estado, etc., não é reservado apenas a uma certa gentalha.
Nenhum político poderá dividir os Guineenses, por mais que tente com
discursos enganadores.
Nós, Guineenses somos unidos e indivisíveis!
Viva unidade nacional!
Viva unidade multicultural e multi-étnico!
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