A representante do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) na GuinéBissau, Rosine Sori-Coulibaly, pediu hoje um maior envolvimento da comunidade internacional no país para evitar a "deterioração da situação política e dos direitos humanos".
Rosine Sori-Coulibaly discursava na reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a Guiné-Bissau.
"Um prognóstico do atual impasse ressalta a necessidade de um envolvimento contínuo e forte por parte da comunidade internacional para evitar uma deterioração da situação político e dos direitos humanos", afirmou Rosine Sori-Coulibaly.
Segundo a representante do secretário-geral da ONU na Guiné-Bissau, um maior envolvimento da comunidade internacional no país vai permitir igualmente "consolidar os ganhos democráticos e preservar a paz e a estabilidade tão necessárias".
As divisões políticas "representam uma séria ameaça à estabilidade e ao desenvolvimento sustentável", disse Rosine Sorri-Coulibaly, salientando que todos os atores devem ser encorajados a comprometerem-se com um diálogo construtivo e a chegarem a um consenso sobre as prioridades nacionais.
"As forças de defesa e segurança devem ser constantemente lembradas para não interferir na política", afirmou.
A representante destacou também que a implementação das principais reformas, incluindo a revisão da Constituição, promoção dos direitos humanos e Estado de direito, participação das mulheres e combate ao tráfico de droga, deve continuar a merecer a atenção da comunidade internacional, após o encerramento do Gabinete Integrado da ONU para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (Uniogbis).
A Uniogbis deverá encerrar o seu escritório na Guiné-Bissau em dezembro.
"A realização de eleições autárquicas devem também ser considerada como uma das prioridades para a consolidação da paz", sublinhou.
Na sua intervenção, a representante do secretário-geral pediu também à comunidade internacional para financiar o trabalho do Fundo de Consolidação da Paz para a Guiné-Bissau para que se continue a trabalhar na implementação de reformas cruciais para a estabilização do país.
Num relatório divulgado sexta-feira, o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu aos atores políticos guineenses para dialogarem genuinamente para que seja implementada uma governação inclusiva e realizadas reformas essenciais à estabilidade na Guiné-Bissau.
António Guterres pediu também às autoridades da Guiné-Bissau para demonstrarem "rapidamente" o seu compromisso na luta contra o tráfico de droga com a implementação do plano aprovado em 2019 pelo anterior Governo.
Depois de a Comissão Nacional de Eleições ter declarado Umaro Sissoco Embaló vencedor da segunda volta das eleições presidenciais, o candidato dado como derrotado, Domingos Simões Pereira, líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), não reconheceu os resultados eleitorais, alegando que houve fraude e apresentou recurso ao Supremo Tribunal de Justiça, que não tomou, até hoje, qualquer decisão.
Umaro Sissoco Embaló assumiu unilateralmente o cargo de Presidente da Guiné-Bissau em fevereiro e acabou por ser reconhecido como vencedor das eleições pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que tem mediado a crise política no país, e restantes parceiros internacionais.
Após ter tomado posse, o chefe de Estado demitiu o Governo liderado por Aristides Gomes, saído das eleições legislativas de 2019 ganhas pelo PAIGC, e nomeou um outro liderado por Nuno Nabian, líder da Assembleia do Povo Unido-Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), que assumiu o poder com o apoio das forças armadas do país, que ocuparam as instituições de Estado.
O programa de Governo de Nuno Nabian foi aprovado no parlamento da Guiné-Bissau com o apoio de cinco deputados do PAIGC.
Conosaba/Lusa
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