O primeiro-ministro guineense e líder da Assembleia do Povo Unido -- Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), Nuno Gomes Nabiam, admitiu hoje a possibilidade de fazer uma coligação com o Partido de Renovação Social (PRS) para as próximas legislativas.
“O PRS e a APU têm uma base comum e são partidos que seguem a ideologia de Kumba Ialá. Para que não haja disparidade de votos, é necessário que trabalhemos no sentido de irmos juntos para as eleições legislativas”, afirmou Nuno Gomes Nabiam.
O primeiro-ministro falava aos jornalistas após a cerimónia de abertura do 2.º congresso do partido, dedicado ao fortalecimento da coesão interna daquela formação política, à eleição do novo presidente do partido e que vai também começar a definir estratégias para as legislativas, marcadas para 18 de dezembro.
Na cerimónia de abertura, o líder do PRS, Fernando Dias, já tinha defendido a possibilidade de uma coligação com a APU-PDGB, que dividem uma grande base eleitoral, que era a que apoiava o fundador do PRS, o antigo Presidente guineense Kumba Ialá, que morreu em 2014.
“O PRS está consciente disso, a APU também está consciente dessa situação. Portanto, vamos aqui fazer um trabalho político, uma concertação política para ver como vamos fazer com que a APU ande juntamente com o PRS nas eleições de dezembro”, disse.
Questionado sobre se é possível uma coligação pré-eleitoral, o primeiro-ministro admitiu ser “possível”, mas o assunto só vai ser analisado depois da realização do congresso, que termina domingo.
Nuno Gomes Nabiam deixou também a possibilidade de trabalhar em conjunto com o Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15) e com o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).
“Vamos avaliar aquilo que é a política dessas formações e, a partir daí, vamos tirar ilações daquilo que temos de fazer”, afirmou.
Após as eleições legislativas de 2019, as primeiras em que o partido participou, a APU-PDGB fez um acordo de coligação com o PAIGC, com a União para a Mudança e com o Partido da Nova Democracia, que acabou por abandonar para se juntar a uma nova coligação com o Madem-G15 e o PRS.
A decisão da direção do partido não foi, contudo, respeitada pela maioria dos cinco deputados eleitos, que permaneceram fiéis à coligação com o PAIGC.
Em abril, o conselho nacional do partido decidiu suspender cinco dos vice-presidente e quatro dos cinco deputados que elegeu nas últimas legislativas.
Hoje, no seu discurso, Nuno Gomes Nabiam acusou o PAIGC de traição e que por essa razão deixou cair a coligação, que mantinha o partido, liderado por Domingos Simões Pereira, no Governo.
Questionado sobre admitir fazer uma coligação com o PAIGC, que tinha acabado de acusar de traição, Nuno Gomes Nabiam afirmou que para si em política é “fundamental respeitar o compromisso”.
“Tivemos problemas com o PAIGC porque não respeitaram o que assinamos. Mas estamos abertos, o presidente do PAIGC é um amigo e um irmão de longa data. Quem sabe se amanhã podemos voltar a trabalhar com o PAIGC?”, questionou Nuno Gomes Nabiam.
O líder da APU-PDGB afirmou também que as eleições de dezembro “vão ser das mais renhidas da história da Guiné-Bissau e que todos os partidos vão trabalhar de forma séria para conseguir a vitória”.
“A APU não escapa a esse critério, temos de trabalhar para uma maioria nas próximas eleições”, disse.
Os 1.351 delegados da APU-PDGB reunidos, em Gardete, nos arredores de Bissau, vão escolher o próximo presidente do partido entre três candidatos, nomeadamente Nuno Gomes Nabiam, Agostinho Sanha e Mamadjam Mamadú Darame.
Conosaba/Lusa
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