sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

PAIGC acusa ministro das Finanças guineense de desinformar e manipular opinião pública


Bissau, 29 jan 2021 (Lusa) - O Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), na oposição na Guiné-Bissau, acusou hoje o ministro das Finanças de desinformação e manipulação da opinião pública sobre os pagamentos a "empresários-políticos".

Em comunicado de imprensa, o PAIGC, vencedor das últimas eleições legislativas, mas que se encontra na oposição, considerou que João Fadiá, em vez de prestar esclarecimentos sobre os pagamentos aos "empresários-políticos" atualmente no poder, "desvia atenção da opinião pública do essencial".

"O próprio Fadiá reconheceu efetuar o pagamento de mais de 3 mil milhões de francos CFA [cerca de 4,5 milhões de euros] ao Braima Camará e cerca de 300 milhões de CFA [cerca de 458 mil euros] ao Victor Mandinga", diz o comunicado, em que o PAIGC volta a exigir mais esclarecimentos sobre os pagamentos.

Braima Camará é deputado e líder do Movimento para a Alternância Democrática (Madem G-15) e Victor Mandinga também é deputado pelo mesmo partido.

Ambos são empresários e, segundo o ministro das Finanças, é naquela condição que estão a receber pagamentos pelas dívidas que o Estado guineense tem para com as suas empresas.

Sobre o pagamento a Braima Camará, dono de uma unidade hoteleira e de uma empresa do setor da castanha do caju, principal produto de exportação da Guiné-Bissau, o PAIGC considera que os valores são exorbitantes e que dariam "para pagar quase a totalidade dos salários da Administração Pública".

Em relação ao pagamento a Victor Mandinga, o partido liderado por Domingos Simões Pereira refere ser "estranho e duvidoso" por se referir a uma dívida de 1998 mas que o empresário tem recebido "sempre que integra o Governo".

O PAIGC sublinha que o governante deve uma explicação ao país sobre os pagamentos "aos empresários-políticos" e que tal diligência será feita na justiça, através de uma queixa-crime que, afirmou, irá mover contra o ministro.

O partido afirma ainda ser enganoso quando o ministro das Finanças apresenta o recente apoio ao país anunciado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) de 20,47 milhões de dólares (cerca de 16,86 milhões de euros) no âmbito do combate a covid-19, como algo resultante de uma boa gestão nas Finanças Públicas.

"É do conhecimento público que verbas do género foram alocadas a tantos outros países africanos no âmbito da estratégia de prevenção e de combate à pandemia da covid-19", refere o comunicado do PAIGC.

O partido acusa João Fadiá de ser responsável pela delapidação de fundos públicos "pelas suas duas sucessivas passagens" no Ministério das Finanças.

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