quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Awinha no meu coração!

 


Por: yanick Aerton 

Hoje, 20 de Janeiro de 2021, na Guiné-Bissau, é o Dia dos Heróis Nacionais.

Nos Estados Unidos da América, país do “Tio Sam”, é o dia da investidura do presidente-eleito a 3 de Novembro de 2020 Joe Biden,

Dois países diferentes, situados em continentes diferentes, cujos povos elegeram dois presidentes de gerações diferentes, em termos etários e até ideológicos.

Em relação aos Estados Unidos, sabe-se que o presidente-eleito, em termos ideológicos, é do Centro, mas com propensão as políticas de esquerda, quanto as questões sociais.

Quanto a Guiné-Bissau, é difícil situar o posicionamento ideológico seu presidente, porque este país é um caso a parte, em que os partidos fundados na base nos princípios de defesa dos mais carenciados, se tornaram os piores exploradores do povo que todos os sacrifícios consentiu na esperança de ver a sua vida melhorada, sonho que foi sendo adiado até a data.

Muito resumidamente, queria falar sobre aquilo que considero de paralelismo:

Antes de embarcar no Air Force One, na base aérea de Andrews, na Virgínia, o ex-presidente Trump disse aos seus apoiantes, num gesto de despedida, na pequena cerimónia organizada para o efeito, de que “de uma forma ou de outra” iria voltar ao poder. Os analistas vêem nessa sua declaração a intenção de se candidatar nas próximas eleições presidenciais em 2024.

Na Guiné-Bissau, este tipo de declaração, segundo me contou uma vez o meu “cota”, foi feita pelo antepenúltimo primeiro-ministro do ex-Presidente José Mário Vaz, quando se despedia dos seus colaboradores próximos, no Palácio do Governo, e a sua profecia tornou-se realidade.

;; cota Joaquim balde falam badja;;

Este antigo primeiro-ministro disse nessa ocasião o seguinte, em Francês: on va se retrouver……

Se retrouver, où? Perguntavam alguns, a si mesmos, mas os mais atentos compreenderam imediatamente tratar-se de: se retrouver au palais presidentiel, bin sûr.

Esse primeiro-ministro tinha a forte convicção de que iria ganhar as eleições presidenciais, de forma limpa, eleições que todos os homens honestos, todas as organizações e a comunidade internacional consideraram das mais transparentes na história política da pátria de Cabral.

Com isso, não estou a prever que em relação ao Trump venha a acontecer o mesmo devido aos obstáculos que tem pela frente, 1) segundo impeachment, 2) processos crimes da invasão do Capitólio e outros crimes, mas simplesmente essa atitude do Trump trouxe á minha memória, a capacidade de previsão que o Todo-poderoso dotou em certos seres humanos que criou.

Outro especto que queria abordar neste espaço é a atitude do Trump que nunca reconheceu a vitória do rival, o presidente-eleito, Joe Biden, porque considerou as eleições como sendo fraudulentas, apesar de nunca ter apresentado provas para sustentar a sua tese, e o resultado foi a reacção das instancias judiciais aonde recorreu para reverter os resultados a seu favor.

Na Guiné-Bissau, foi exactamente o que se viveu e ainda se vive, em relação ao comportamento do candidato presidencial derrotado na segunda volta das eleições presidenciais de 29 de Dezembro de 2019, que, depois de minuciosamente ter analisado os dados de que dispunha a sua máquina eleitoral e felicitado em consequência o ganhador, deixou-se influenciar por elementos radicais a sua volta, e DEU O DITO POR NAO DITO.

Quem pensar que tanto o Trump quanto o candidato Guineense derrotado na segunda volta acima referida vai algum dia reconhecer a sua derrota, está redondamente enganado.

Mas é assim a democracia, esses maus perdedores estão nos seus direitos de não reconhecer, porque consagrados nas leis magnas dos seus países.

Por isso, que disso ninguém deve fazer um bicho-de-sete-cabeças, porque os órgãos competentes fizeram o seu trabalho e as instituições estão a funcionar em pleno e em obediência as leis.

Portanto, que ninguém se preocupe com a posição que assume um candidato derrotado, porque não é fácil assumir uma derrota depois de muitos esforços feitos para se conseguir a vitória, e nem todos têm a mesma capacidade de encaixe.

Deixemos a nossa democracia crescer e consolidar-se, sobretudo, respeitemos a posição de cada um desde que não afecte o normal funcionamento das instituições da república.

No que toca a Guiné-Bissau, a profecia do ex-PM, agora PR, se tornou realidade, mas em relação aos Estados Unidos, FIGA CANHOTA CRUZ!

Se optámos pela democracia, com a queda do artigo quarto da nossa Constituição em 1992, devemos respeitar a posição de cada um, não devemos colocar obstáculos ao livre exercício do direito de cidadania a nenhum cidadão.

Os presidentes dos Estados Unidos e da Guiné-Bissau estão confrontados com as mesmas realidades em relação às quais têm que concentrar todos os seus esforços para lhes dar a melhor a melhor terapia. Os povos dos dois países estão divididos, e a manter-se essa divisão a realização dos sonhos serão cada vez adiados.

É nesse campo que os líderes se distinguem, é na procura das soluções adequadas e conducentes a pacificação dos espíritos que os verdadeiros guias apontam os melhores caminhos.

Se na verdade mais de 70 milhões de americanos votaram no Trump, não é menos verdade que os mais de 40 por cento dos guineenses que votaram no candidato do PAIGC devem ser tidos em conta, como forma de encontrar soluções que satisfaçam ambas as partes, colocando-se os interesses do povo acima dessas clivagens.

No que ao nosso país se refere, esperam-se gigantescos esforços do Presidente da República, para unir os Guineenses, escolhendo os melhores, mais tecnicamente preparados, para as mais complexas tarefas da governação, e não se deixar refugiar nas considerações meramente político-partidárias.

A Guiné-Bissau tem de tudo para fazer deste país um Eldorado, mas tal começa pelo combate sério à corrupção, vírus que tem sido o factor impeditivo ao desenvolvimento tão almejado por este povo.

Viva a Democracia!

Deus abençoe a Guiné-Bissau!


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