domingo, 19 de abril de 2020

O COMPLEXO DO COLONIZADO E A ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA GUINEENSE.

Se alguém dissesse a Amílcar Cabral que a organização que fundou para a luta contra o colonialismo português e não contra o povo português conforme sempre realçou, iria transformar-se num centro de desvalorização da cultura e outros valores nacionais, em prol da defesa de uma tentativa de implantação e difusão da cultura colonial, de certeza que ele teria mandado parar a luta da libertação nacional!

Se alguém dissesse a Amílcar Lopes Cabral, descendentes de Caboverdeanos, nascido em Bafatá, Guiné-Bissau, com estudos superiores de Engenharia Agrónomo feitos em pleno Estado novo em Portugal que, o seu partido seria liderado por um outro Engenheiro que, em plena democracia em Portugal e com o seu país independente, aceita a inscrição numa Academia da Cultura Portuguesa que lhe condiciona a defesa da cultura portuguesa em qualquer parte do mundo, inclusive no país onde ele quer ser Presidente da República, Amílcar Cabral teria desfeito o Partido que tinha criado!

Se alguém dissesse à Amílcar Lopes Cabral que um dia um dos seus substitutos na liderança do partido fundado por ele e alguns companheiros, faria o uso da comunicação social do país colonizador para fazer política contra os seus próprios irmãos e contra a sua própria pátria que foi levado à miséria pelo próprio partido e que, com os seus parcos recursos, tem de lutar contra a ameaça mundial de uma pandemia, teria automaticamente travado as atividades do partido!

Sou da geração que assistiu a independência da minha pátria ainda criança. Apesar de todo o heroísmo revolucionário dessa altura pós-independência, nunca absorvi com total passividade as mensagens desse partido que tinha acabado de assassinar o seu líder fundador e já queriam fazer-se de donos da terra, novos colonizadores, desfrutando dos louros da luta nas melhores casas deixadas pelo colonialismo, nos automóveis Volvo já na altura equipados com ar condicionado, muito deles deixando para trás a “Apili” para se deliciarem nas meninas mais vistosas da praça de Bissau! Para não falar da facilidade com que distribuíam bofetadas ou mandavam deter qualquer elemento do povinho que quisesse desfrutar também um pouco da liberdade pelo qual Amilcar Cabral e tantos outros tinham dado a vida... Ainda com os meus oito/nove anos, fui vítima da tentativa de doutrinação pelo PAIGC, com um convite quase forçado para fazer parte dos pioneiros do PAIGC! Ainda cheguei a levar a bonita farda engomada para a gaveta da minha Cómoda, mas de lá não saiu e tive de a devolver, depois de ter faltado por duas vezes o “juramento da bandeira”, que já em tenra idade assumia como um compromisso sério para a posteridade, que não devia assumir com gente estranha e com comportamento estranho, que não se encaixavam no meu imaginário de revolucionários libertadores de um povo oprimido... Gente que se diziam libertadores mas que exibiam luxos desproporcionais ao nível do povo e oprimiam o próprio povo com prisão e espancamentos fáceis! Que me lembro, esse pensamento ainda de uma criança , só foi verbalizado numa breve discussão com a minha mãe que me acordou no segundo ano que teria de ir “jurar a bandeira” e insistia que fizesse presença no evento para honrar o compromisso que tinha assumido a aceitar a farda! Como não cedo, obrigou-me a devolver a farda que procedi de imediato... Depois disso, o tempo foi me dando razão e ainda bem que nunca me identifiquei com esse partido que estava já nessa altura a assumir o caminho que o levaria à criminalidade de que está hoje emprenhado!

Em todo o caso, essa minha rejeição ao PAIGC, ainda criança, não me fazia prever nunca que chegaríamos ao estado actual das coisas, em que vejo total cumplicidade dos que controlam a organização criminosa e o poder em Portugal, para o completo desrespeito à Guiné-Bissau, as suas autoridades e exercendo um permanente jogo de manipulação da ignorância dos guineenses e de alguns portugueses que se interessam pela Guiné-Bissau e pelos guineenses, que muitas vezes, sabendo que sou guineense vêm interrogar-me sobre o estado em que está a Guiné-Bissau, mas já “emprenhados” de falsas notícias lançadas de forma estratégica nalguma comprometida, vendida, mentirosa e aldrabona comunicação social portuguesa! Lá perco o meu precioso tempo a desmanchar o nó que essas falsas notícias deram nessa mente até esclarecida, mas manipulada pelas falsas notícias que consome!

Nunca pensei viver para ver os órgãos da comunicação social portuguesa a difundir tanta mentira e aldrabice sobre a Guiné-Bissau e não existir nenhuma autoridade portuguesa que modere ou frene essa vergonhosa atividade, inclusive numa estação televisiva patrocinada pelo dinheiro dos contribuintes portugueses e os acordos de cooperação assinados com os PALOP’s! Ontem, num zapping, passei pela RTP África e estava a dar notícias da Guiné-Bissau. Parei para ouvir! Hoje já não falam do “auto-proclamado Preisdente da República”, porque já perceberam que esse rótulo não encaixa! Mas também não se referem a ele como o Presidente da República da Guiné-Bissau, mas sim apenas pelo nome completo ou “o Embaló”! Quando querem referir-se ao governo, dizem “As autoridades no poder na Guiné-Bissau” ou “o governo de Nuno Nabiam”, como se existisse outro governo na Guiné-Bissau! Mais uma vez cresceu o nojo que venho sentindo pela linha editorial dessa cadeia televisiva, que importa moderar o mais rapidamente possível!

O complexo do colonizado que domina o PAIGC fá-lo achar que não é possível fazer o controlo da pandemia por Coronavirus na Guiné-Bissau, utilizando uma das armas generalizada na Europa, que é o de isolamento domiciliário com a devida monitorização pelas autoridades sanitárias dos casos assintomáticos de infeção leve, como se para tal é preciso ter condições da Europa e o povo com o nível de alfabetização da Europa, para se executar uma medida básica, como transmitir-lhes a informação da importância de se confinarem a um quarto durante 15 dias, com acesso à uma casa de banho, de lá sair apenas para o essencial, de máscara e luvas e, ainda, ter alguém disponível para lhe garantir o sustento, se for preciso, com a ajuda do Estado! Como dizia alguém, se durante a guerra civil o fizeram, porque não nesta guerra contra o inimigo invisível!

Conforme dizia alguém, se a história de África for contada com o início na escravatura, tudo se torna evolução fornecida pelo colonizador. Quando a civilização africana é anterior à escravatura!

Jorge Herbert



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