sábado, 25 de abril de 2020

MUÇULMANOS GUINEENSES INICIAM PERÍODO DE JEJUM COM RESTRIÇÕES DEVIDO À PANDEMIA

A comunidade muçulmana da Guiné-Bissau iniciou hoje o período de jejum durante 30 dias, numa altura em que o país é confrontado com medidas restritivas em termos de circulação de pessoas devido à pandemia provocada pelo novo coronavírus

Este facto constitui a principal preocupação dos líderes muçulmanos do país que pedem às autoridades para “afrouxarem as medidas em relação ao cumprimento de deveres durante o mês do Ramadão”.

Bubabar Djaló, presidente da União Nacional dos Imames (líderes religiosos muçulmanos) da Guiné-Bissau, pediu ao Governo para permitir, por exemplo, que seja autorizado ao ‘muezim’, que anuncia em voz alta a hora da reza na mesquita, “alertar os fiéis para a hora de início e de rotura do jejum”.

Entre as restrições impostas pelas autoridades políticas guineenses para evitar a propagação do novo coronavírus, figura a proibição de frequência de locais de culto religioso.

Um outro imame, Alfucene Banjai, lembrou aos fiéis muçulmanos que podem continuar a fazer as suas orações diárias nas suas residências, sem se deslocarem às mesquitas, conforme determinaram as autoridades políticas.

O presidente dos imames guineenses, Bubacar Djaló, afirmou que o jejum pelo Ramadão deste ano será diferente dos outros anos, o que não poderá afetar o espírito dos muçulmanos.

“Devemos aumentar, intensificar as nossas orações neste período, apelando à misericórdia de Alá no combate desta doença que afeta a humanidade”, declarou Bubacar Djaló.

Parte da comunidade muçulmana guineense deve iniciar o jejum do Ramadão no sábado.

O imame Alfucene Banjai defendeu que não deve haver dúvidas quanto ao facto de hoje ser o primeiro dia do Ramadão na Guiné-Bissau.

“A lua foi vista na ‘tabanca’ (aldeia) de Banana, no sul, por um chefe muçulmano local, mas também foi vista em algumas localidades do Senegal e da Gâmbia daí que o Ramadão tem início hoje em todo o território da Guiné-Bissau”, sublinhou Banjai.

O também imame Ibraima Bodjan, chefe da mesquita central de Bissau, corroborou a tese de que o Ramadão começa hoje na Guiné-Bissau e orientou alguns fiéis a começarem o jejum.

A aparição da lua é o fator determinante para o início do Ramadão na Guiné-Bissau, onde persistem divergências entre as diferentes organizações representativas da comunidade muçulmana.

O calendário muçulmano é orientado pela lua. Tem 12 meses que podem variar entre 29 ou 30 dias ao longo de um ano.

O Ramadão é o nono mês do calendário muçulmano no qual os fiéis são obrigados a praticar o jejum, cumprindo assim o segundo dos cinco pilares da religião islâmica.

O jejum consiste em abstinência total de comer, beber, fumar, praticar sexo e praticar atividades lúdicas.

Durante o jejum, que vai do nascer ao pôr-do-sol, o fiel muçulmano deve rezar, visitar parentes, doentes, apoiar os necessitados, bem como ler de forma periódica o Corão.

A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 200 mil mortos e infetou mais de 2,7 milhões de pessoas em 193 países e territórios.

Conosaba/Lusa

Sem comentários:

Enviar um comentário