Estudos do Governo guineense indicam que na aldeia de Nhinquin existe uma mina de areias pesadas, das quais, após extracção, serão aproveitadas o equivalente a 119 mil toneladas de minérios como ilmenite, zircão e rutilo. © Captura de ecrã google maps.
Em Varela, norte da Guiné-Bissau, as mulheres de uma comunidade onde existe um mina das areias pesadas queimaram as máquinas da empresa chinesa que explora aquele minério. 16 pessoas estão detidas pelas autoridades guineenses que condenam a acção das mulheres da aldeia de Nhinquin.
A população de Varela, concretamente da aldeia de Nhinquin, já se dizia cansada de promessas por cumprir e dificuldades criadas pela acção da empresa que explora as areias pesadas.
Dizem que a empresa chinesa prometeu construir escolas, estradas e um hospital na aldeia, mas nada disso aconteceu até hoje.
A comunidade reclama que o rio, as bolanhas (campos de cultivo do arroz), as fontes estão todos contaminados devido aos resíduos produzidos na mina de exploração das areias pesadas.
O mais grave ainda, diz a população de Nhinquin, é que no local onde foram instaladas as máquinas é um santuário da religião tradicional que se pratica naquela comunidade.
Cansadas de esperar por respostas, as mulheres fizeram uma manifestação pacífica no mês de Janeiro. Na altura a empresa GMG Mininig SARL parou a produção por alguns dias, agora decidiram passar das palavras aos atos, tocando fogo nas máquinas que ficaram completamente carbonizadas.
Estudos do Governo guineense indicam que na aldeia de Nhinquin existe uma mina de areias pesadas, das quais, após extracção, serão aproveitadas o equivalente a 119 mil toneladas de minérios como ilmenite, zircão e rutilo.
Esses minérios são usados nas indústrias metalúrgica e aeronáutica, assim como na indústria nuclear.
As forças de ordem prenderam 16 pessoas, na sua maioria mulheres, entre as quais uma empresária italiana, que explora um hotel em Varela.
A Guarda Nacional da Guiné-Bissau conduziu essas pessoas para a Ingoré, uma vila a 60 quilómetros de Varela, onde estão a ser interrogadas sobre as motivações da sua acção.
Desde o início da exploração das areias pesadas, nos meados do ano 2000, que as populações de Varela têm reivindicado a rejeição ao projecto, considerando o local de exploração de “zona sagrada”, onde fazem os rituais da aldeia de Nhinquin.
Por :Mussá Baldé
Conosaba/rfi.fr/pt/
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