Presidente francês Emmanuel Macron e Chanceler alemão durante a sua comunicação conjunta no palácio do Eliseu, em Paris, neste dia 22 de Janeiro de 2025. © AFP
O Presidente francês Emmanuel Macron recebeu nesta quarta-feira no Palácio do Eliseu o chanceler alemão Olaf Scholz e em declarações conjuntas prometeram fazer tudo para que a Europa se mostre "unida e forte" perante as ameaças de Trump sobre possíveis aumentos de taxas aduaneiras sobre produtos europeus.
"O presidente Trump será, já está claro, um desafio a ser enfrentado", disse o líder alemão. "A Europa não vai se esconder, mas vai ser um parceiro construtivo e confiante", acrescentou Scholz para quem a visita de hoje poderia ser a última como chefe do executivo alemão, a poucas semanas de eleições legislativas, a 23 de Fevereiro, em que o líder da oposição, o democrata cristão Friedrich Merz, é o favorito.
O Presidente francês, quanto a si, tornou a preconizar uma maior autonomia para os 27, apelando ao reforço do motor franco-alemão a favor de uma Europa "unida, forte e soberana", que saiba "defender os seus interesses".
"A única resposta aos tempos em que entramos é mais unidade, mais ambição e ousadia e mais independência dos europeus. É isso que nos anima e é nesse sentido que continuaremos a agir", martelou Emmanuel Macron.
Estas declarações surgem numa altura em que o motor franco-alemão tem mostrado algumas fragilidades, Scholz e Macron não partilhando a mesma visão para a Europa, nomeadamente no tocante às ameaças proferidas por Donald Trump relativamente a um possível aumento das taxas aduaneiras para os produtos europeus.
Enquanto a Alemanha preconiza negociações conducentes ao estabelecimento de um acordo de livre-comércio, a França é mais favorável a medidas equivalentes contra os Estados Unidos no caso do novo inquilino da Casa Branca pôr em prática as suas ameaças.
Pouco depois de ser investido para um segundo mandato na segunda-feira, o líder republicano e magnata de 78 anos anunciou a aplicação de taxas aduaneiras de 25% para os produtos mexicanos e canadianos a partir do dia 1 de Fevereiro, Trump anunciando ontem também encarar a aplicação de taxas de 10% para os produtos chineses a partir da mesma data.
A China respondeu nesta quarta-feira afirmando que está "firmemente determinada" a "defender os seus interesses nacionais".
Contudo, na mesma senda, o chefe de Estado americano disse igualmente considerar adoptar uma atitude semelhante com os países da UE.
"A UE prejudica-nos muito. Trata-nos muito mal. Não compra os nossos carros ou produtos agrícolas. Na verdade, não compra muito", disse ontem o Presidente dos Estados Unidos ao considerar que o reforço das taxas alfandegárias sobre os produtos europeus é a "única forma" para os EUA "serem tratados correctamente", e restabelecer o equilíbrio nas trocas comerciais entre os Estados Unidos e o bloco europeu.
Segundo segundo dados do representante da Casa Branca para o Comércio (USTR), o défice comercial de Washington na sua relação com Bruxelas elevou-se a 131 bilhões de dólares em 2023.
Em declarações ontem no Fórum Económico Mundial em Davos, na Suíça, a Presidente da Comissão Europeia (CE), Ursula von der Leyen, garantiu que a Europa "está disposta a conversar com o executivo de Trump", ao recordar que Washington é um importante parceiro comercial.
Recorde-se que o Presidente americano já chegou a aplicar aumentos de taxas alfandegárias sobre o aço e o alumínio da UE para proteger a indústria americana, sob a alegação de o seu país estava a enfrentar uma concorrência desleal dos países asiáticos e europeus no sector da siderurgia.
Por: Liliana Henriques
Conosaba/rfi.fr/pt
Sem comentários:
Enviar um comentário