domingo, 26 de janeiro de 2025

Saúde pública : TABABÁ E SABI-SABI, “REMÉDIOS CASEIROS” PARA PRAZER SEXUAL E FERTILIDADE EXPORTADO PARA A EUROPA




Os remédios caseiros cujas origens são desconhecidas (Tababá-tabaco moído) e Sabi-Sabi (Pedra Humme, uma espécie de pedrinhas de cinza ou sal) utilizadas pelas mulheres de diferentes idades em busca de prazer sexual e da fertilidade com o intuito de engravidar estão a ser comercializados e utilizados um pouco por todo o país pelas mulheres, não obstante estes representarem uma ameaça à saúde.

De acordo com as explicações das mulheres entrevistadas pela equipa de produção do Boletim Info Drogas do Observatório Guineense da Droga e da Toxicodependência e retomado por O Democrata, estes remédios são igualmente exportados clandestinamente para Portugal, dado que são solicitados por mulheres emigrantes guineenses para aquele país europeu.

O Tababá, de acordo com os médicos ginecologistas ouvidos, é um produto altamente prejudicial à saúde, porque provoca infeções generalizadas, queimaduras na parede da mucosa vaginal, vómitos, cãibras, desmaios, tonturas, abortos, parto prematuro, infeção vaginal com corrimento, infertilidade, aumenta a pressão arterial além de facilitar a contaminação de doenças sexualmente transmissíveis.

“MULHERES PRATICAM VIOLÊNCIA CONTRA O SEU PRÓPRIO CORPO EM BUSCA DO PRAZER SEXUAL”

Mussú Coió – uma usuária do Tababá de 45 anos de idade, moradora de Bairro de Cupelum, contou ao Boletim Informativo um breve historial sobre a origem do Tababá. Essa mulher revelou que a droga surgiu na aldeia de Candjino, setor de Farim, região de Oio, no norte da Guiné-Bissau, e que a finalidade visava resolver o problema da fertilidade das mulheres.

Este remédio tradicionalmente chamado em dialeto mandinga de “Tababá – numa tradução livre em português, significa, tabaco grande” era feito à base de diferentes raízes, depois preparado e entregue ao requerente. A usuária é instruída sobre a sua utilização. O remédio, de acordo com a explicação da usuária, era colocado na comida para a mulher comer, a fim de limpar o ventre, apenas uma pequena porção era colocada na vagina.

Este produto (Tababá) tinha o nome de “Candjino”, o nome da tabanca onde começou a sua produção para ajudar na fertilidade das mulheres com dificuldades de engravidar. Antigamente, não se colocava o tabaco moído nem cinzas como se faz hoje, mas sim um remédio caseiro preparado à base de raízes de plantas.

“Naquela época, quando uma mulher ia para a mata buscar essas raízes, não usava roupa no corpo. Ela ia de manhã muito cedo e ficava nua. Ninguém podia vê-la, sobretudo os homens”, contou a usuária Mussú Coió, entrevistada pela nossa equipa de reportagem.

A usuária do Tababá disse que acreditava que o Tababá que se vende agora era bom, mas quando o usou, não conseguiu levantar-se da cama, teve dores abdominais, dores de ventre, dor de cabeça, vômito, diarreia, cãibras nas pernas, como também aumentou a sua pressão arterial e que nem conseguia ter relação sexual com o marido à noite.

“Fiquei bêbada. Passei horas e horas a sentir dores de barriga”, relatou, afirmando que há um risco muito grande no uso do Tababá na vagina e que pode complicar a fertilidade da mulher.

“As mulheres, hoje em dia, estão a praticar violência contra o seu próprio corpo em busca do prazer sexual. O Tababá é um veneno que veio para acabar com as raparigas e mulheres na Guiné-Bissau. Tudo isso não passa de um mito na cabeça das raparigas e mulheres em idade fértil”, rematou.

Mussú Coió revelou que na busca de prazer sexual incessante, as mulheres não se limitam ao uso de tabaco moído, utilizam agora um produto “Pedro Humme ou Sabi-Sabi”, que é uma substância que ninguém conhece a sua origem, ainda assim as mulheres usam-na na vagina para obter o prazer sexual.

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“Sabi-Sabi é um produto pequeno de cor branca. Tem uma espécie de pedrinhas do sal. Essa substância é muito forte e está a fazer estragos nos corpos das mulheres. Por exemplo, quando a usei pela primeira vez corri logo para a casa de banho para lavar a vagina”, disse, lembrando que naquele dia foi um inferno terrível para ela. Não consegui sair de casa. Foi a pior coisa que fiz na vida, é uma experiência única, pois não vi nenhuma importância ou algo de útil naquilo. Estava a arder-me e deixou-me com fortes dores na vagina. Vomitei muito e resolvi usar a ventoinha para me refrescar e acabar com a dor na vagina”, contou, frisando que desde aquele dia nunca mais usou essa substância

“Essa substância parece-se com a cinza, um produto que se utiliza para preparar o tabaco moído e também o sabão natural (soda)”, especificou.

Confessou a nossa reportagem que desde aquele dia nunca mais voltou a usar o sabi-sabi, porque percebeu que é uma substância nociva e perigosa para a saúde das mulheres, sublinhado, neste particular, que muitas mulheres não têm conhecimento sobre os riscos e as consequências do uso do Tababá, Sabi-Sabi no órgão genital feminino.

Coió revelou que os rapazes também procuram Tababá para o prazer sexual, sem, no entanto, avançar com os pormenores como os homens usam este produto para se satisfazerem sexualmente.

“Na verdade, isso vai aumentar ainda mais os riscos e a propagação de doenças sexualmente transmissíveis na Guiné-Bissau. O Tababá é um problema de saúde muito sério que deve preocupar os governantes, que devem adotar medidas para proibir o seu uso na Guiné-Bissau”, alertou a antiga usuária deste remédio caseiro para a fertilidade e prazer sexual.

VENDEDEIRA: “TABABÁ VENDIDO EM BISSAU É UM VENENO QUE MATA SILENCIOSAMENTE”

Nhalim Baldé, uma idosa de 55 anos de idade que mora no Bairro Militar, vendedeira destes remédios caseiros (Tababá e sabi-sabi) para o prazer sexual e fertilidade, disse à nossa equipa de reportagem que vende estes remédios caseiros para ajudar na sobrevivência dos seus filhos. Reconheceu que tem consciência clara dos riscos e as consequências que estes têm para a saúde humana.

“Hoje em dia, algumas raparigas não sabem o que querem na vida. Acham que tudo o que ouvem dizer por aí e veem na internet é verdade”, referiu.

A vendedora disse que começou a vender estes produtos, quando vivia na região de Quinara, afirmando que a forma como era preparada naquela região é muito diferente de Bissau, porque “ o que se vende em Bissau é um veneno, devido às misturas que fazem”.

“Utilizam uma grande quantidade da cinza de tabaco e depois misturada com o tabaco tcharró (folhas de uma árvore cortada nas matas do país para transformar em tabaco moído). Para além desta mistura, utilizam cuco de canábis e piripiri seco”, revelou, afirmando que “o Tababá que vendiam na região de Quinara era um remédio que curava as infecções crônicas nas raparigas e nas mulheres”.

Baldé confessou que era usuária do Tababá e garantiu que este produto curou a sua infeção vaginal, mas frisou que o Tababá que usava era proveniente do Sul e feito à base de raízes e muito diferente do que se vende neste momento em Bissau. Acrescentou que decidiu parar de usar este remédio caseiro depois da morte da sua “amiga de coração”, que morreu por causa do uso do Tababá.

“A venda do Tababá e Sabi-Sabi dá-me muito dinheiro, porque tem pessoas que procuram o produto para enviar para os países vizinhos”, disse, afirmando, neste particular, que todos os meses envia uma quantidade destes produtos (Tababá e Sabi-Sabi) para Portugal.

In Boletim Info Drogas
Conosaba/odemocratagb.



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