sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

Aldeia de Varela: GRUPO DE MULHERES “CONTRA” A EXPLORAÇÃO DE AREIAS PESADAS INVADE INSTALAÇÕES DA EMPRESA CHINESA


Um grupo de dezenas de mulheres provenientes de diferentes aldeias situadas nas zonas de exploração de areias pesadas invadiu na manhã desta quinta-feira, 23 de janeiro de 2025, as instalações da empresa chinesa “GMG Internacional (FZC) SA”, que explora a mina de areias pesadas em Varela Yale, para protestar contra a exploração deste minério, que afirmam “estar a estragar as suas terras”.

Apesar da reunião mantida com os comités de diferentes tabancas das zonas da exploração de areias pesadas em Varela Yale, na presença de autoridades dos setores e regionais, que visa essencialmente informar a comunidade local sobre o início dos trabalhos da exploração deste minério, o representante governamental aproveitou a ocasião para exortar à empresa chinesa no sentido de cumprir os seus engajamentos que são a reabilitação das escolas e a melhoria do troço daquela zona para facilitar a circulação de viaturas.

A empresa “GMG INTERNACIONAL (FZC) SA” faz parte de um consórcio chinês que detém a licença de exploração de areias pesadas no bloco 12 situado em Nhiquim, em Varela, na Secção de Suzana, setor de São Domingos, região de Cacheu, no norte da Guiné-Bissau.

A Guiné-Bissau, de acordo com os estudos feitos, terá no bloco 12 em Nhiquim, mais de 80 mil toneladas de areias pesadas. Os derivados das areias pesadas como o Zircónio podem ser usados nas indústrias nuclear, química e eletrônica, bem como na construção civil.

Na manhã desta quinta-feira, cerca de cem mulheres invadiram a mina de exploração de areias pesadas em Varela Yale, exigindo a cessação de todos os trabalhos e a retirada imediata de todas as máquinas. As mulheres faziam rituais e cantavam no dialético fulepe, através dos quais exigiam o fim dos trabalhos que, segundo elas, estavam a estragar as suas terras.

As mesmas pessoas invadiram novamente a residência do pessoal da empresa chinesa em Varela, pedindo que os funcionários abandonem o local imediatamente.

A nossa reportagem tentou ouvir as mulheres que protestavam, mas recusaram prestar quaisquer declarações, aliás, nem sequer aceitaram ouvir as questões.

Perante esta situação, o diretor-geral da Administração Pública e Poder Local, Abdulai Indjai, pediu às forças de ordem no sentido de manter calma e gerir o assunto com serenidade.

“Estávamos a preparar o regresso a Bissau, porque nós nos reunimos ontem com os Comités e deixamos tudo claro. Fomos informados agora mesmo que as mulheres invadiram o local da exploração de areias e neste momento invadiram a residência do pessoal, manifestando-se contra a exploração de areias pesadas”, explicou este responsável, que também diz estar surpreendido com a atitude das mulheres.

Indjai assegurou que todo o cidadão tem o direito de protestar, mas sublinhou que ninguém tem o direito de agredir a autoridade ou estrangeiro devidamente autorizado pelas autoridades para trabalharem no país.

Lamentou a situação que se regista de momento, afirmando que vai reportar tudo aos seus superiores para que possam tomar diligências necessárias sobre o assunto e resolver o assunto.

Reconheceu, neste particular, que a empresa não tem condições de trabalhar com o ambiente de perturbação, acrescentando que o governo vai analisar a situação e tomar medidas necessárias para que a empresa possa avançar com a exploração, “porque tem uma licença que a permite explorar este recurso”.

Questionado sobre as causas que motivaram a reclamação das mulheres e uma vez que se reuniu ontem com o Comité e mostrando os seus engajamentos, respondeu que o comportamento das mulheres demonstra que a comunidade daquela zona não quer a exploração de areias pesadas, porque entendem que poderão ser removidas das suas comunidades.

Por: Carolina Djeme
Conosaba/odemocratagb

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