Um grupo de dezenas de mulheres provenientes de diferentes aldeias situadas nas zonas de exploração de areias pesadas invadiu na manhã desta quinta-feira, 23 de janeiro de 2025, as instalações da empresa chinesa “GMG Internacional (FZC) SA”, que explora a mina de areias pesadas em Varela Yale, para protestar contra a exploração deste minério, que afirmam “estar a estragar as suas terras”.
Apesar da reunião mantida com os comités de diferentes tabancas das zonas da exploração de areias pesadas em Varela Yale, na presença de autoridades dos setores e regionais, que visa essencialmente informar a comunidade local sobre o início dos trabalhos da exploração deste minério, o representante governamental aproveitou a ocasião para exortar à empresa chinesa no sentido de cumprir os seus engajamentos que são a reabilitação das escolas e a melhoria do troço daquela zona para facilitar a circulação de viaturas.
A empresa “GMG INTERNACIONAL (FZC) SA” faz parte de um consórcio chinês que detém a licença de exploração de areias pesadas no bloco 12 situado em Nhiquim, em Varela, na Secção de Suzana, setor de São Domingos, região de Cacheu, no norte da Guiné-Bissau.
A Guiné-Bissau, de acordo com os estudos feitos, terá no bloco 12 em Nhiquim, mais de 80 mil toneladas de areias pesadas. Os derivados das areias pesadas como o Zircónio podem ser usados nas indústrias nuclear, química e eletrônica, bem como na construção civil.
Na manhã desta quinta-feira, cerca de cem mulheres invadiram a mina de exploração de areias pesadas em Varela Yale, exigindo a cessação de todos os trabalhos e a retirada imediata de todas as máquinas. As mulheres faziam rituais e cantavam no dialético fulepe, através dos quais exigiam o fim dos trabalhos que, segundo elas, estavam a estragar as suas terras.
As mesmas pessoas invadiram novamente a residência do pessoal da empresa chinesa em Varela, pedindo que os funcionários abandonem o local imediatamente.
A nossa reportagem tentou ouvir as mulheres que protestavam, mas recusaram prestar quaisquer declarações, aliás, nem sequer aceitaram ouvir as questões.
Perante esta situação, o diretor-geral da Administração Pública e Poder Local, Abdulai Indjai, pediu às forças de ordem no sentido de manter calma e gerir o assunto com serenidade.
“Estávamos a preparar o regresso a Bissau, porque nós nos reunimos ontem com os Comités e deixamos tudo claro. Fomos informados agora mesmo que as mulheres invadiram o local da exploração de areias e neste momento invadiram a residência do pessoal, manifestando-se contra a exploração de areias pesadas”, explicou este responsável, que também diz estar surpreendido com a atitude das mulheres.
Indjai assegurou que todo o cidadão tem o direito de protestar, mas sublinhou que ninguém tem o direito de agredir a autoridade ou estrangeiro devidamente autorizado pelas autoridades para trabalharem no país.
Lamentou a situação que se regista de momento, afirmando que vai reportar tudo aos seus superiores para que possam tomar diligências necessárias sobre o assunto e resolver o assunto.
Reconheceu, neste particular, que a empresa não tem condições de trabalhar com o ambiente de perturbação, acrescentando que o governo vai analisar a situação e tomar medidas necessárias para que a empresa possa avançar com a exploração, “porque tem uma licença que a permite explorar este recurso”.
Questionado sobre as causas que motivaram a reclamação das mulheres e uma vez que se reuniu ontem com o Comité e mostrando os seus engajamentos, respondeu que o comportamento das mulheres demonstra que a comunidade daquela zona não quer a exploração de areias pesadas, porque entendem que poderão ser removidas das suas comunidades.
Por: Carolina Djeme
Conosaba/odemocratagb
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